Capítulo XIII

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Santiago parecia desfrutar da visão sangrenta a sua frente, enquanto uma grande maioria buscava desviar o olhar, ele se deleitava com o castigo aplicado e ansiava por apresentar ao traidor a forma que os Pérez lidavam com situações como aquela. Enquanto Dionísio havia arrancado sangue do traidor por meio de sucessivos golpes e o aterrorizado com inúmeras ameaças contra sua família, que Jairo sabia que não se concretizariam, Santiago dobrava as mangas da camisa se preparando para as atrocidades que realizaria, e ainda que Dionísio fosse um dos prejudicados e ele mesmo tivesse tomado seu tempo em busca de justiça, sabendo o que se seguiria, nem com toda a frieza que possuía poderia ignorar o arrepio que subiu por sua coluna, os que ali estavam presentes já tinham a cena como grotesca, mas o que havia acontecido não estava nem perto do que estava por vir, Dionísio tinha presenciado algo como isso na Venezuela e a imagem nunca mais deixou sua mente, e por isso chamou Jairo para longe daquela concentração de pessoas.

– Jairo, acho que é melhor tu ir pra casa...

– Eu não quero ir Dionísio, ainda to me batendo de raiva daquele merda... Isso que ele fez afetou tudo que fazemos aqui. – Disse apontando em volta. – Mas pra mim... foi muito além, isso ficou pessoal, ele me traiu, eu confiava nele...

– Eu sei... – Concordou Dionísio, levando a mão para apertar a nuca de Jairo. – Mas apesar de tudo que tu tá sentindo agora, não vai querer ver o que ainda vão fazer.

– Eu não me importo. – Jairo afirmou com raiva, mas não sabia o que realmente se passaria, e Dionísio com seu conhecimento, reconhecia que Jairo não suportaria, mesmo que seu primo o tivesse ferido com a traição, ainda era família, e Dionísio já tinha convivido o bastante com Jairo para saber que não conseguiria ignorar.

– Talvez não agora... mas tu tá com muita raiva ainda, eu sei exatamente o que fazem, não é nada bonito, e tu não vai se controlar... vai pra casa.

– Eu vou ficar.

– Ele vai morrer da pior forma Jairo. – Exclamou Dionísio, e não lhe passou despercebido o cintilar de ressentimento combinado com culpa que passou pelos olhos de Jairo, mas se manteve em silêncio e fitou Dionísio sério, como se quisesse certifica-lo de que aguentaria o que viria.

– Essa merda que tá rolando aqui é pra evitar algo pior... eu não preciso de mais problemas cara, e eu te conheço Jairo... e é por isso que to te mandando pra casa. – Jairo fez menção de retrucar, mas Dionísio foi rápido e incisivo em silencia-lo. – Eu não pedi. – Falou ríspido, não deixando outra alternativa a Jairo, a menos que quisesse enfrentá-lo, e isso era algo que Dionísio sabia que ele não ousaria.

Contrariado, Jairo foi embora e Dionísio retornou para o círculo.

– O que ele vai fazer Dionísio? – Perguntou Vitor, vendo um dos seguranças de Santiago lhe entregar um pequeno objeto de metal, com duas hastes que ao se cruzarem formavam um círculo perfeito com micro lâminas.

– Vai cortar os dedos dele. – Mencionou olhando para além da cena a sua frente, com intuito de mascarar a aversão que sentia.

– Porra! Vão torturar mais ainda o cara, não foi suficiente o que tu fez? Por que simplesmente não metem uma bala na cabeça dele? E o Jairo? Tá vendo tudo isso? – Com olhos injetados pela surpresa, Vitor exclamou, procurando o amigo entre os que assistiam.

– Antes fosse uma bala... – Divagou. – Mandei o Jairo pra casa.

– E o que mais eles pretendem fazer?

Dionísio voltou seu olhar para o centro do pátio por uns poucos segundos e em meio a súplicas ininteligíveis, viu o primeiro dedo ser cortado. – Não vai parar por aí, com o Cartel é assim... é a merda de uma carnificina...

Destinado a vocêWhere stories live. Discover now