Capitulo 21

900 85 9
                                    

Fui andando na frente ouvindo os berros dela atrás de mim, algumas pessoas  que já estavam ali olhavam espantados.

- Olha amiga, vamos para um lugar menos movimentado e você pode gritar o quanto quiser, okay? — ­­Disse indo para os fundos da escola arrastando-a pela bolsa.

- Ai bicha, vai com calma, vai estragar minha Prada. — Disse ela zoando.

Assim que chegamos joguei minha bolsa no canto e acenei para ela sentar.

- Vai bicha, conta o babado todo aí. — Falou ela mexendo em uma mecha de cabelos sua enquanto os flashs-back iam e viam em minha cabeça.

Ela fazia caras e bocas a cada coisa que eu falava, era hilário, mas quando eu contei a parte em que estávamos no banheiro o sinal para entrar em sala acaba interrompendo.

- Putz, eu termino de contar o resto depois. — Brinco pegando minha bolsa do chão.

- Quê? Como assim vai me contar pela metade, já tava pronta pra uma siririca aqui. — Falou ela rindo e abrindo o zíper da calça.

- Pelo amor de Deus Fernanda, se controla. — Ordenei.

- Não viado, aí que ódio desse sinal, ainda vou trolar ele. — Resmungou ela saindo na frente.

Fomos logo para a sala, mas antes paro em frente ao bebedouro pra abastecer minha garrafa de água.

- Buuh. — Gritou alguém atrás de mim.

- Puta que pariu, olha o que você fez. — Falei sem saber quem era e apenas tentando me desfazer do uniforme molhado.

- Opa, foi mal. — Se desculpou.

- Ah, achei que fosse outra pessoa, vou entrar, vai vir?. — Pergunto a Diogo que fica parado na beira da porta.

Me sento em uma cadeira um pouco ao fundo para tentar secar minha blusa no ventilador, mas tudo em vão quando o professor pede para que nos sentássemos. Diogo vinha em minha direção e se sentou ao meu lado, cumprimentando Fernanda que estava atrás de mim.

- Peço que deixem os trabalhos em minha mesa para que eu possa avaliar cada um,por favor. — Pediu o professor.

- Posso recolher?. — Me ofereço para poupar tempo.

- Ficarei grato se puder Gustavo, aliás aproveitem o tempo que estarei avaliando para ficarem livres na sala, sem nenhuma
algazarra. — Avisou voltando a sua mesa.

Recolhi todos os trabalhos incluindo o meu com Diogo logo deixando na mesa do professor, e voltando ao meu lugar.

- Ei, não vai me contar o resto da fofoca?. — Insistiu Fernanda.

- Não amiga, no intervalo eu conto, agora abaixa esse fogo. — Falo e vejo Diogo me fitando atentamente.

- Que fofoca é essa?. — Perguntou descaradamente.

- Até você? Não,não sei se  seria boa ideia, voltamos a nos falar depois de anos, e tem muita coisa ainda pra por em dia. — Falei com a voz pesada.

- Eu não tenho pressa nenhuma dessa vez. — Se pronunciou abruptamente.

- Assim espero. — Enfatizo logo pegando meu celular que apitava.

Mensagens não lidas:
Pai - Boa aula filhote, aproveite seu dia.
Felipe - Contando os minutos aqui...
Grupo da sala - 250 mensagens.

Apenas olhos sem responder e volto atenção na sala de aula, do meu lado Diogo estava dormindo sobre a mochila, e Fernanda como sempre fofocando com outras meninas da sala. Vasculho minha mochila e pego um livro que eu estava lendo e me desligo da sala dando atenção ao meu mundo de fantasias de leituras.
Um tempo havia se passado e notei uma certa tranquilidade na sala, olhei no celular o horário e devíamos estar no segundo horário, não tinha notado o toque, do meu lado Diogo babava o braço que estava apoiado com a cabeça.

- Ei, acorda e limpa isso aí. — Falei sarcasticamente vendo ele abrir os olhos.

- Limpar o quê?. — Perguntou ele olhando ao redor da sala.

- Essa sujeira aqui. — Falei apontando para o braço dele.

- Ah merda!. — Reclamou ele limpando-se com a própria blusa.

Volto minha atenção ao meu livro, mas percebo um olhar insinuante sobre mim, me deixando desconfortável.

- Que foi? Nunca viu alguém bonito na vida?. —  Pergunto rindo e olhando para seu rosto.

- Nam, já vi muitos por aí, mas é bom apreciar uma coisa diferente às vezes. — Me respondeu com um olhar áspero.

- Sei. — Falei dando-me por vencido e guardando meu livro de volta na mochila.

Ele se aproxima de mim deitando a cabeça perto da minha mochila, e fitando meu rosto com seus olhos profundos.

- Acho que você está escondendo alguma coisa de mim, e por algum motivo, não se sente confortável em me dizer, mas...bom essa nossa aproximação foi muito rápida. — Me confrontou ele.

- Por mais estranho que seja, eu preciso ganhar confiança pra poder falar isso. — Falei com pesar enquanto amaciava uma mecha de seu cabelo.

- Entendo, mas não vai ser por isso que vai deixar de falar comigo não é?. — Perguntou hesitante.

- Claro que não, é só uma questão de tempo, você vai ver. — Alego firmamente em minhas palavras.

- Aposto que sim. — Falou ele por fim e deixando os olhos semi-abertos enquanto eu mexia em seu cabelo.

Diferente de mim Where stories live. Discover now