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Diagnostico errado. 

Foi o que aquele médico amigo de Taehyung disse ao me examinar. 

Que meu diagnostico, de câncer terminal estava errado. 

Existe uma chance de sobreviver. Existe uma pequena chance, de que eu consiga e possa sobreviver. Mas porque sinto como se isso não fosse possível? Nem em um milhão de anos? Me acostumei tanto a ideia de que já nasci para morrer que outra possibilidade não consegue mudar minha cabecinha. 

Eu nasci assim. Um monstro. E me tornei um monstro. Para evitar sentir, amar, evitar a dor e o sofrimento. Desde meus cinco anos, desde aquele afogamento, me tornei outra pessoa, alguém fria e que só pensa em si mesma. Quando descobri que morreria, não fiquei surpresa. No fundo, eu sempre senti que eu não era desse mundo, não me encaixava nesse lugar. Mesmo não entendendo como deveria, sei que algo em mim, que existe algo em mim que não é humano. Algo que me dá força suficiente para acabar com um homem adulto com o dobro do meu tamanho. Que faz possível com que eu esquarteje o corpo dele em diversos pedaços. 

Nunca descobri de onde vinha essa sede por sangue, por fazer o mal e causá-lo. Só sei que não é normal, que eu não deveria sentir isso. Tudo mudou quando assumi meus sentimentos por Taehyung. Me senti mais fraca, mais vulnerável, como se algo estivesse mudando em mim. Depois, acordei em uma casa velha a quilometros de distância de Seul, com ele, com ele cuidando de mim e agradecendo por eu ter acordado. E agora isso? Não, não posso acreditar. 

Meu cabelo está caindo cada vez mais rápido, eu expulso quase todo o alimento que entra em mim, vomito sangue e estou demorando a me curar. Estou doente, isso é um fato. Ele não consegue ver em meu rosto? O câncer já me matou por dentro, todos os meus órgãos devem estar contaminados e doentes. É uma questão pequena de tempo até que eu de fato, morra. E estou esperando por isso, estou mesmo. 

Esperança não existe pra mim. Não agora. Não mais. A esperança deveria ter vindo anos atrás, não agora. Não quando eu já aceitei essa ideia e é a mais plausível pra mim. Se eu puder sobreviver, o que será de mim? Todas as coisas que fiz, todas as pessoas que matei, que fiz mal, e que torturei, todas as drogas vendidas, as vidas destruídas. Isso tudo será culpa minha, tudo consequência de meus atos. Preciso morrer. A sede não vai parar, essa sede pelo caos e por destruição. Ela pode diminuir, ficar adormecida por um tempo. Mas no final de tudo, ela irá retornar. Talvez até mais forte. EU preciso morrer. 

-Por favor, coma só mais um pouco. -A voz de meu professor ecoava ao longe em minha mente. Ele já estava aqui a um bom tempo, me alimentando com essa canja esquisita mas deliciosa. Não sinto vontade de comer nada, sei que vou colocar tudo no vaso depois. De que serve então? Me forçar a comer? Porém, ele insiste como um bom pai. Se senta na poltrona, segura o prato nas mãos, enche uma boa quantidade do conteúdo na colher e o coloca em minha direção com uma expressão esperançosa. Ele quer cuidar de mim. Então eu me forço a engolir uma ou duas colheres, pois sinto que devo isso a ele. -Muito bom, boa garota. 

-Não fale comigo como se eu fosse um cachorro. -Me sentei na cama de forma correta. Mais alguns dias haviam se passado. Meu corpo estava se recuperando de forma lenta, mas já conseguia me levantar apoiando nas coisas e tomar um banho sentada. Meu cabelo estava desastroso. O azul já havia desbotado. 

-Se for comparar o comportamento dos dois...

-Calado! Se começar com essas piadinhas, pode vazar! -Ele está fazendo muito disso ultimamente. Sorrindo, se comunicando, fazendo as coisas feliz. Como se estivesse bem sendo um foragido da justiça, procurado por assassinato e cúmplice de assassinato. Descobriram todos os meus crimes anteriores, até os mais simples como furto a alguma loja. Patético. 

Yes, TeacherМесто, где живут истории. Откройте их для себя