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Muita coisa ocorreu durante o período de uma semana. A começar, que meu professor de música começou a me liberar de suas aulas, a mando meu, obviamente, e parou de estragar minha diversão. Agora posso fumar livremente no vestiário feminino e transar com qualquer um sem ser interrompida e expulsa. Outra coisa, é que o ombro dele já está melhorando e infelizmente, lamento dizer, não infecionou e ele precisou amputar. A única coisa boa disso, é que eu percebi que sou uma ótima enfermeira. Quem sabe esse não fosse meu emprego se eu vivesse até a faculdade. 

Jungkook vai mesmo se casar, no mês que vem. Eu recebi seu convite mas não faço muita questão de ir sei que apenas o recebi por que sua noiva sente pena de mim e quer manter nos dois próximos. Meu irmão não aguentou a barra de me criar depois do acidente. Era mais fácil só me proteger dos meus pais, do que me proteger de mim mesma. Nunca fui de dar satisfações, me dedicar na escola ou voltar cedo pra casa. E isso incomodava meu irmão já que ele era formado em medicina e já em seu primeiro ano atuando na área, se destacou com pesquisas excelentes. 

   Como somos diferentes, ele não conseguiu se adaptar a mim em tempo integral e meteu o pé. Pelo menos ele me deu o apartamento, e paga minha mensalidade. Quando preciso de dinheiro e ligo pra ele, o que acontece muito raramente, ele sempre me atende com um carinho forçado e não prolonga a conversa, nem questiona o que ando fazendo ou como estou. Deve ser por que ele não quer ouvir as respostas ou por que não se importa. Nem eu me importo na verdade. 

   Nada me importa mais. 

   Na escola, eu costumo passar meus intervalos nas arquibancadas, com minhas únicas duas pessoas que posso chamar de amigas. O restante, me odeia por eu ainda não ter caído fora depois de todo o caos que eu causo ano após ano. Conheci Lia e Yeji no segundo ano. Elas estavam no primeiro e por serem primas, viviam coladas. Nos primeiros dias, elas roubaram meu lugar, que hoje se tornou o nosso. Não me importei com a presença delas no íncio, mas com o passar dos dias, elas começaram a puxar conversa e aqui estamos. 

   São totalmente diferentes de mim. Na aparência e no jeito. Lia é mais meiga, calma e vive com um sorriso fofo no rosto. Ela não costuma me julgar pelas coisas que faço, e  sempre apoia minhas decisões, já Yeji, é mais extravagante e popular. Ela costuma dar as melhores festas do colégio e todos querem ser seus amigos. Bonita, e boa em praticamente todos os esportes conhecidos, ela usa isso pra conquistar os garotos. Diferente de Lia, ela sempre me diz quando eu erro e me dá o maior sermão como se fosse minha mãe. Não estou reclamando. Sou grata por ela fazer isso. Quando estou passando muito dos limites, ela quem puxa os freios.

    Neste exato momento, estamos fazendo o que fazemos de melhor. Ou seja, nada. Apenas fofocando sobre a vida alheia dos outros estudantes e atualizando os novos escândalos. Lia nos disse que ontem, Jackson Wang terminou com a Mina depois de quase cinco anos juntos. E o motivo foi surreal. Só porque ela não quis ir com ele pra uma festinha que ia rolar na casa de algum delinquente amigo dele.

    -Tenho pena dela sabe, a coitada passou todos os dias da vida dela, durante todo esse tempo se dedicando a esse namoro pra no fim, terminarem por um motivo idiota. -Lia só teve um relacionamento sua vida inteira. Pela internet. E mesmo assim, durou só dois dias porque ela não queria mais receber os nudes do cara. Então, ela não tem argumento nenhum que seja válido nessa discussão.

-Na real ela tem que superar logo. Ela não precisa de homem nenhum, pode se virar sozinha. É claro que vai doer agora já que é recente, mas que se foda! Ela vai superar em uma semana. -Disse Yeji, a mesma Yeji que ficou três meses chorando, direto sem parar, depois que terminou o namoro. Com um cara irritante e sem educação. Que no nosso primeiro jantar com todo mundo junto, comeu igual um dragão e não quis ajudar a pagar. Ela é ótima em dar conselhos, mas nunca os segue.

-Bom, não é problema meu, então eu não me importo.

E essa, sou eu. Que não se importa com a vida e o namoro de ninguém e que também não pode opinar.

-Acha que devemos falar com ela? Dar um apoio moral?

Definitivamente, não. Mina sempre foi uma vaca metida. Foi aluna representante por três anos seguidos e fazia questão, de achar isso um máximo. Quem em sã consciência quer saber de comandar uma turma de adolescentes? Bem, eu não faço questão nenhuma de exercer esse papel, e se eu fosse obrigada, mandaria matar os responsáveis. Ou, já que aprendi como sou boa nisso, mataria eu mesma.

  Por lembrar disso, tenho que ir perturbar Taehyung. Pelo visto, não vou conseguir carregá-lo até umas lojas e fazer umas comprinhas. Vou ter que pegar o cartão diretamente com ele. E nem lugar, nem horário melhor que fazer isso justo na escola. Onde ele me implorou pra não criar suspeitas indecentes e enganosas. Ou melhor dizendo, para que ninguém ache que estou transando com ele por nota.

   Minhas notas são péssimas. Não por eu não ser inteligente, mas sim por eu não querer mostrar isso. Prefiro continuar cumprindo meu papel de nota mais baixa da turma. Quem sabe um dia, eu atinja meu objetivo de ter e nota mais baixa do colégio todo. Esse sim, é um feito e tanto. Posso até pedir um prêmio, afinal, bancar a sonsa e lerda não é muito fácil. 

   -Você pode fazer o que quiser Lia, só não me envolva nisso. - Peguei minha mochila a pendurando em minhas costas e me levantei esticando o corpo. Ficar sentada sem fazer nada é cansativo. Faltam alguns minutos até retornarmos para as salas. Infelizmente, as duas não estudam comigo. Faço parte do Terceiro ano A, e elas, do Terceiro ano D. Nunca temos aulas conjuntas, passeios ou trabalhos. Geralmente, A se junta com B, e C com D. Então, os únicos momentos que temos juntas, são nos intervalos. Ou quando decidimos matar aulas juntas. -Tenho que ir. Preciso falar com o filho da puta do Taehyung. Ele disse que tenho que fazer algum tipo de trabalho idiota por conta das minhas expulsões. 

   Revirei os olhos enquanto as duas me encaravam. Não direi nada á elas em relação ao que descobri de nosso professor. Elas não sabem guardar um segredo como esse. Imaginem se soubesse que em um único dia, eu me meti em prostituição e assassinato. Yeji sabe algumas coisas podres sobre mim. Sabe que eu já dormi com o antigo professor de história, que já dei umas visitinhas pra professora Joohyun depois das aulas e que emprestei uns cigarros pro orientador. Ela sempre me julga por isso e demonstra não concordar com nada disso. Imagina se eu falasse algo bem pior que sexo casual e contrabando. 

   Já estava praticamente de costas quando algo me chamou atenção. A saia de Lia não estava tampando muita coisa, e me dava uma boa visão da sua região próxima a virilha. Um roxo, estava bem estampado naquele local, parecia uma mordida que foi feita com mais força do que deveria, com muita mais força do que deveria. Lia percebeu meu olhar e fechou as pernas me privando da visão. Se eu bem me lembro, ela não está com ninguém. E se estivesse, nos contaria, ela não consegue esconder essas coisas por muito tempo. Algo parecia estranho, um pouco errado. 

   No entanto, ela não me questiona quando apareço com uns desses as vezes. Nem sequer faz perguntas. É nossa maneira de se comunicar. Não preciso falar sobre isso com ela, e pelo visto, ela também não precisa falar comigo. Acenei levemente e comecei a caminhar até a sala de música. Nunca fui do tipo que defende as amigas, que entra em brigas por elas e encobrem suas merdas dos pais. Porém, aquela marca em Lia, não é algo tão fácil de se esquecer, nem mesmo pra mim, que faço isso muito bem. É como se, algo estivesse acontecendo e eu precisasse entender. Talvez, ela esteja precisando de ajuda? 

   Afinal, uma mulher, está sempre correndo perigo. 

Yes, TeacherOnde as histórias ganham vida. Descobre agora