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  Demorei mais tempo do que devia para conseguir abrir meus malditos olhos doloridos. Ou melhor colocando, meu maldito corpo dolorido. Não consigo me lembrar dos detalhes de nada, muito menos ter noção das minhas atuais condições, eu só sei que algo está errado. Minha última memória nítido é de quando meu professor de música estava trocando os curativos de minha coxa, pela dor na barriga e no rosto, acredito que também foram cuidados recentemente. Não faço ideia de quanto tempo fiquei desacordada. A questão é que algo dentro de mim, estava bem pior. O câncer vai me matar antes do que estava previsto. Se tiver sorte, duas ou três semanas.

Fiz uma loucura indo atrás daquele homem e me desgastando tanto. Contudo, não consigo me arrepender dos meus atos e se fosse possível, faia tudo novamente. A questão é que meu professor foi envolvido nisso, a única pessoa que eu ansiava para se afastar de mim, foi a única que ficou.

Por esse motivo, sinto algo que nunca pensei que sentiria. Culpa e medo. Culpa por ele, medo por ele. Culpa por ter feito de sua vida um completo inferno sem volta, e medo das consequências que Taehyung terá de enfrentar sozinho. Eu o avisei que vou morrer, como ele ousa se envolver desse jeito? O único prejudicado, no final das contas, será ele e somente ele. Estarei bem longe em pouco tempo.

-Ryujin? Ryujin? Está acordada! -Taehyung abriu seu mais belo sorriso e se prontou ao meu lado. Minha visão estava um pouco turva, a noção de espaço e a intensidade da luz se distinguiam, mas eu sabia muito bem que os olhos de Taehyung estavam lacrimejados, não precisava ver de fato, conseguia ouvir em seu tom de voz e na forma como pronunciou meu nome. Alivio, muito alívio estava presente. - Não se mexa muito, não sei se os pontos podem abrir. Graças a Deus, pensei...eu pensei que, que... tinha te perdido.

Me perdido? O que merda estava acontecendo com ele?

-Desde quando você é sentimental? -Forcei um sorriso, na verdade um riso forçado, do tipo que você dá quando está nervosa demais e quer evitar falar algo além. Isso nunca me aconteceu, essa forma que estou agindo, não é meu normal e me assusta.

Taehyung me ajudou a sentar, com bastante cuidado e dor. Mesmo segundo ele, aplicando remédio para dor em minha véia, não a nada que possa ser feito, a facada que recebi foi funda e segundo ele, se tivesse sido um pouco mais pra direita perfuraria algum órgão. Tive sorte, ele disse. Só não sei que sorte ele está falando.

-Onde estamos? -Perguntei enquanto o mesmo se movimentava de um cômodo para outro, buscando água, canja, sal, remédios e curativos novos.

-Bisan-Dong, distrito de Dongan, cidade de Anyang, Província de Gyeonggi, -Não me lembro de ter vindo por esses lados. Acho que não sai muito de Seul e suas redondezas. -É onde nasci, onde morei com meus avós por um tempo.

Senti um pouco de tristeza em sua voz ao dizer isso. Seus avós estavam mortos. Quando se perde alguém, alguém de quem ama, é desse jeito que sua voz fica quando se fala deles. Bem, é o que dizem e pelo visto é verdade.

-Porque você está aqui?

Juntei todas as minhas forças. Eu não o queria aqui, ele não podia estar aqui. A vida de Taehyung foi completamente destruída. Por mim. Pela fodona da Ryujin. A esperta que nunca se preocupou com nada nem ninguém. Aquela que matou várias pessoas sem dó, nem piedade. A mesma Ryujin que agora, quer chorar em pensar que Taehyung estará atrás das grades se for pego. Sim, chorar. É patético não? Eu sou patética.

-O que quer dizer?

Ele sabia o que eu queria dizer.

Olhei ao redor analisando pela primeira vez de fato onde estavámos. Era uma espécie de quarto improvisado. A cama colada na parede com janela, onde eu estava. Uma poltrona estava perto da cama com lençóis enrolados na mesma. Deve ter sido onde Taehyung dormiu, eu presumo. Porque? Porque ele ficou aqui? Do meu lado?

Yes, TeacherWhere stories live. Discover now