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-Abre a boca de uma vez que eu quero ir embora. -Coloquei o cigarro entre meus lábios o acendendo com um isqueiro. Estávamos atrás de seu carro, no lago Han. Taehyung andava de um lado pro outro, apreensivo e parecia sentir medo. Eu por outro lado, pouco me importava. Só quero ir embora e tomar um bom banho. A conversa com Yeji me deixou nauseada, mesmo não tendo comido nada o dia inteiro. Sempre que engulo alguma comida sólida, cuspo sangue em seguida. Meu corpo está expulsando qualquer tipo de alimento que me faça bem. Cerveja desceu, sem sangue. Água e refrigerante também. Pelo visto, só não consigo mais ingerir macarrão instantâneo. 

Taehyung passou as mãos pelos fios castanhos mais uma vez. Já era a décima. Eu estava contando. Se aproximou de mim com um olhar mortal e o dedo apontado pela nona vez, e depois virou as costas, ainda não conseguindo falar. Ele estava me odiando agora, muito. Devia estar pensando no meu afogamento. Não vejo a hora em que ele tomar coragem e me matar. 

-Cuidado pra não cavar o chão. -Soltei um riso me encostando no porta-malas do carro. Estava uma noite fria, conforme eu soltava a fumaça do cigarro, ela se misturava com as que eu provocava com minha respiração. Trouxe somente um casaco e minha saia não era muito longa. Batia acima dos joelhos. Ele por outro lado, tinha trago até mesmo um sobretudo. Que inferno! Nem um pouco educado. Trazer uma dama indefesa pro meio do nada nesse frio. -É sério Taehyung! Se continuar com isso eu vou roubar seu carro! Estou com frio porra! 

-Calada Ryujin! -Ele praticamente rugiu. Que patético. Querer bancar o machão logo agora. Revirei os olhos. -Você fodeu com a minha vida! 

-Ela já tava bem fodida antes mesmo de eu entrar nela meu amor, você que se iludiu achando que seu castelo de cartas ficaria estável por muito tempo! 

Quer jogar a culpa em mim agora? Eu quem deveria culpá-lo. Fez do meus últimos anos um inferno. Me atormentando e me perseguindo por onde pudesse. Repeti o ano com tantas expulsões e ele? Ele riu, riu de mim todas as vezes, por dentro. Estava satisfeito com meu sofrimento. Satisfeito em tornar minha vida ainda mais ferrada; Só estou retribuindo o favor, só quero fazer com que ele sinta o que eu senti. Mas até nisso, eu sou ferrada. Sinto um tesão por esse homem que me deixa louca. Até mesmo agora. Tenho vontade de foder com ele até meu corpo se esquentar. 

-Ryujin! 

Seu grito me despertou. 

-Perdoe-me estava lembrando da sensação deliciosa de ter seu pau dentro de mim. 

Sua expressão foi hilária! Ficou mais pálido que um papel ao ouvir minhas palavras. Certamente ele não esperava por isso. Nem eu esperava. Pensei que tinha dito em meus pensamentos. Nunca em voz alta. Porém, já que saiu, não tem como enfiar de volta. 

O silêncio foi constrangedor. Pra ele. Eu estava me deliciando com o engolir de saliva em seco. Taehyung parecia finalmente relaxar, deixando sua postura ficar um pouco caída, menos rígida do que antes. Suas duas mãos entraram nos bolsos do casaco enorme. Olhei pro céu enquanto isso. Vazio, sem estrelas e sem uma lua bonita. Era uma noite fria e nublada, oca e sem significados. Como eu e minha vida medíocre. 

-As buscas começaram. Os filhos do Senhor Kang estão querendo descobrir o paradeiro do pai. Vamos ser pegos Ryujin. Vão nos achar, descobrir o que fizemos e seremos presos. -Ele disse com calma, uma calma falsa, ilusória. Por dentro, seu corpo estava em desespero, seu maior medo se tornando realidade. Ele seria exposto a todos, seus pecados seriam revelados e tudo que ele conquistou e escondeu, iria por água abaixo. 

E eu não me importo. Vou estar morta antes mesmo de darem minha sentença. Se Taehyung está preocupado com um assassinato, imagine o que faria se descobrisse todos os meus crimes. Esse é apenas mais um em uma lista gigante. E eu me lembro de cada um deles. Faço questão de comemorar cada um. 

Yes, TeacherWhere stories live. Discover now