30. A quase morte da gata selvagem

Começar do início
                                    

Assim que o vídeo acaba, ela encara Adora com os olhos coloridos quase suplicantes para começar a se explicar:

– Eu sei que eu e Sara estamos abraçadas de um jeito que eu mesma não gostaria de te ver com outra pessoa, e esse era meu medo de te mostrar exatamente esse vídeo.

Adora se prepara para responder, mas, Catra fica com medo da resposta e, mais uma vez a interrompe.

– Mas, não vi mais outra alternativa para te provar que não passou disso, Adora. Me desculpa, de verdade. Por favor.

Mal terminou a frase e viu os lábios da mais alta se moverem para começar a falar. Interrompeu de novo em um tom desesperado. Estava com medo de ouvir um fora, uma resposta confirmando o fim.

– E também, agora eu lembro um pouco mais dessa noite. – Ela colocou ambas as mãos nos joelhos de Adora em um gesto automático de buscar sua atenção enquanto não pausava a fala nem para respirar. – Antes disso também não aconteceu absolutamente nada. Tipo, uma pessoa tentou chegar em mim no bar, mas, eu me afastei logo e posso te garantir que-

– Catra, fecha essa boca um segundo, pelo amor de Deus! – A loira segurou seus ombros e a sacudiu levemente.

O tom de ordem não foi tão ameaçador, mas, fez com que a morena congelasse na hora.

Então era agora que iria ouvir o que não queria? Pela expressão meio perdida de sua noiva, tinha a sensação de que em breve, chamariam uma a outra de ex novamente.

Um nó se formou em sua garganta e respirar se tornou uma das atividades mais difíceis que precisara fazer pela sua vida.

E como se quisesse torturá-la, Adora manteve o silêncio e decidiu apenas prender o olhar no seu de um jeito indecifrável. Catra jurava que iria cuspir o coração para fora de tanto que ele parecia querer para sair pela sua boca.

– Adora, eu... Eu tô com muito medo de te perder... – Conseguiu balbuciar entre a respiração entrecortada e o rosto provavelmente sem cor. – Que merda de sensação...

A outra apenas respirou fundo e balançou a cabeça em negação devagar.

– Você sabe que eu deveria estar puta contigo agora, não sabe? – A loira disse sem nunca desviar o olhar.

– Eu sei... Sei que tô errada, mas-

– Eu conversei com a Sara, sabe? Já tomei minha decisão, antes mesmo de ver esse vídeo, e ela não mudou... – A interrupção serena de Adora a assustava e a acalmava ao mesmo tempo. – Na verdade, já entrei por essa porta totalmente certa do que eu tenho que fazer.

Pronto. Fodeu. Não fazia ideia se essa tal conversa ajudou ou atrapalhou sua causa.

Já começou a pensar em quais malas usaria para levar todas as suas roupas dali para a casa de Scorpia e Perfuma. Pensou em todos os encontros de amigos em comum com Adora teria que evitar nos primeiros meses até superar o fim. Seus olhos naturalmente lacrimejavam com cada uma dessas cenas passando em sua mente.

– Seria uma burrice sem tamanho da minha parte se eu não tivesse chegado à conclusão que cheguei. – A mais alta, agora, sorria. – Eu nunca poderia ter ignorado todas as vezes que você me provou, com todos os gestos possíveis, que me ama e me respeita.

Espera... Isso foi um elogio? É um término amigável, então?

Aliás, é um término mesmo?

Deixou que Adora terminasse de falar para ter mais insumos para a interpretação.

E com os olhos cianos mirando Catra da maneira mais carinhosa e compreensiva possível, a outra continuou:

– Essa situação pela qual passamos foi péssima, mas não posso tirar minha culpa dentro disso tudo também. Nós vamos resolver isso juntas, vamos nos perdoar eventualmente. Eu, por você não ter sido honesta comigo desde o início, e você, por eu não ter me tocado do quanto estava te abandonando por causa do meu trabalho. Temos que aprender a conversar também, não é? Deixar bem claro as coisas uma para outra. E o que eu quero deixar claro nesse momento é que eu te amo muito e não consigo me ver sem você, por isso prefiro mil vezes que a partir de agora nos esforcemos mais para não nos magoarmos.

O que te faria ficar?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora