26. A vida tava boa. Fui tentar melhorar, piorou

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Autora falando:

E aí? Vamo reencontrar primeiro a Ana Catarina então?

POV dela nesse primeiro revival da fic.

Bom estar de volta, mesmo que bem rapidinho. Boa leitura <3  



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Quando se passa por um término mal resolvido seguido de um reencontro inesperado e dolorido, para finalmente chegar a uma reconciliação madura e verdadeira, não há mais nada do que se pedir na vida amorosa, certo?

Sim, mas... Não.

Nem sempre.

Evidentemente que estava vivendo o sonho em realidade ao lado de Adora. Por muitos anos, era o seu desejo mais latente ainda que reprimido. Já faz pouco mais de dois anos que escolhera ficar. E estes foram repletos de emoções, a maioria boa. Reclamar seria quase um crime, ainda que tenha começado a sentir os primeiros sinais da rotina de um relacionamento duradouro.

Diferente dos primeiros cinco ou seis anos que vivera com Adora no Brasil, esses de pós reconciliação tiveram um ponto negativo: acabou mais rápido a fase do amor quase diabético de tão doce e dos hormônios se aproveitando de qualquer desculpa para afirmar conotação sexual. Como uma dose de uma bebida bem forte, que te joga para o ápice e depois te derruba. O fogo deu uma abaixada.

E cair na rotina não era o que a incomodava. Pelo contrário. Uma das coisas que mais valorizava em estar com sua noiva era o quanto podia ser ela mesma. Tipo, 101% ela mesma. Sem esconder as manias bizarras, as opiniões polêmicas e principalmente sem ter medo de dizer não quando não se quer alguma coisa. Isso se chama intimidade. E Catra ama a intimidade que criou com Adora. Não só a que tinham antes do término, mas a que conquistaram nessa nova etapa.

Então por que reclamaria? Seria a vida profissional o problema?

Não é o caso.

Usou a nova bolsa do intercâmbio para completar o único semestre que faltava para o fim do mestrado. Formou-se com um diploma duplo, válido tanto no Brasil quanto no país em que terminou os estudos. Logo conseguiu um emprego de cargo inicial na biblioteca pública da cidade e intercalava com algumas aulas de línguas que dava no tempo livre. Estava ajudando mais nas despesas da casa, tinha períodos que até podia planejar jantares e viagens surpresa. Via futuro para sua carreira e se sentia no caminho certo. Ficar não fez bem só para seu coração, também fez bem para sua profissão e seu bolso.

Mas, de novo, nem tudo estava tão certo assim.

Era estranho e até meio tosco pensar nisso, ou sequer alimentar esse sentimento. O lance é que não era de seu controle. Sentia falta da Adora. Sim, sentia falta da pessoa que dormia e acordava do seu lado todos os dias e, ainda assim, parecia tão distante.

Sua noiva foi promovida tem poucos meses e seu novo cargo, apesar de pagar o dobro, exige, na mesma quantidade, a presença dela. Mal conseguia aproveitar o tempo em que finalmente estavam juntas.

Deitavam na cama e Adora caía no sono na mesma velocidade que um cachorro de rua rouba um espetinho de churrasco de bêbados desatentos. Chamava para sair e ela quase nunca tinha disposição. Quando tinha, não ficavam mais de duas horas no lugar porque ela reclamava de cansaço.

Catra tentava ser compreensiva, do fundo do coração. Sabia que era uma fase de adaptação, sabia que ela precisava desse espaço para começar a se habituar à nova função. Só que, mais uma vez, sentia falta dela. Sentia falta de coisas simples, como sentar no sofá para assistir algum programa inútil juntas. Nem isso estava rolando mais. Sexo, então... Ficava feliz quando mantinham a média de uma vez por semana. Dormir parecia uma ideia muito mais orgástica para Adora.

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