Capítulo 49. Coração

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Os vorrampes tinha amadurecido nos princípios das injustiças e se fortalecido antes que fosse tarde demais, uma das espécies com a maior longevidade do Império. Por isso a revolução estava ali, forte até mesmo quando perdia.

– Nós queremos o mesmo fim. – Sussurrei e Korrok me enviou um sorriso afiado, perigoso e, estranhamente, reconfortante... Como o sorriso de um amigo.

– E finalmente os mesmos meios, pelo visto.

Confirmei com a cabeça.

– Vamos recuperar o nosso Império.

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Em algum momento eu e Kadi fomos deixados sozinhos, com apenas alguns metros de piso nos separando. Seus olhos caíram nos meus como se eu fosse uma novidade e ele passou a mão pelos cabelos, se aproximando devagar com um sorriso preparado para me conquistar.

– Você vem sempre aqui? – Kadi ronronou.

– De vez em quando. – Meneei com a cabeça. – E quanto a você?

– Algumas. Mas toda vez que pisei aqui achei que fosse um erro... Até agora.

– Minha presença causou tanto impacto assim?

– O suficiente para me fazer atravessar o salão. E talvez uma galáxia... – Baixei os olhos timidamente. – Mas agora eu acho que vou dormir...

– A festa não está à altura para você?

– Não consigo ver motivos para comemorar...

– Então vou dormir também, para não o deixar com inveja do quanto estou me divertindo.

Kadi riu suavemente.

– Não se prive por mim, Doxy. Aproveite a festa.

– Como aproveitar se a festa acaba quando você vai embora? – Ele me encarou. – Mas nós temos um motivo para comemorar, Kadi: nós ainda estamos vivos! – E eu estava cansada de me sentir miserável. – Os Áulicos tentaram com todas as forças e ainda assim não conseguiram nos derrotar. Essa é a prova de que podemos vencer a guerra, Kadi, mesmo que tome milênios, mil batalhões, mil Venernas... Nós sempre nos reergueremos.

Um sorriso suave tomou seu rosto.

– Você deveria ajudar Korrok nos discursos motivacionais.

– Isso significa que consegui motivá-lo a ficar?

– Não, Doxy. Eu ainda vou voltar para a minha nave... Mas você pode se juntar à minha festa se quiser.

Ergui uma sobrancelha.

– Sem comida, bebidas ou música... O que teria lá?

Kadi se aproximou devagar, me arrepiando só com seu olhar.

– Eu.

Tentador... Mas eu não sabia se devia querer o que me podia tão facilmente ser tomado.

– Não acho que você queira estar só... – Ele especulou, chegando perigosamente perto da verdade. – E eu não vou afastá-la de novo. – Seus dedos escorreram até os meus. – Minhas portas estão abertas para você.

– E o que planeja fazer comigo se eu entrar?

– Eu sou um improvisador... – Ele deu de ombros e se inclinou para sussurrar ao meu ouvido: – Mas já sei que dormir não está nos planos... – Arfei e ouvi as palavras escaparem pela curva lasciva dos seus lábios: – Venha conhecer meus sonhos, Doxy... E estar ao meu lado na manhã seguinte.

Endossimbiose | Versão Em PortuguêsWhere stories live. Discover now