Capítulo 34. Medo

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Todos comemoraram de novo, altos como se o universo já fosse nosso para que não tivéssemos de temer seus segredos. Me rendi e tomei um longo gole da bebida, porque os contos de meu passado saiam mais fáceis com a bebida, até que deixei uma história escapar de mim:

– Uma vez eu fui parar em uma... "Ilha deserta". Nos primeiros noxdiems que passei lá eu apenas circulei o perímetro, procurando por alguma lembrança de civilização que me ajudasse a pelo menor saber onde eu estava. Mas eu não encontrei nada, por muitos e muitos noxdiems... Porque, ao meu redor, havia apenas areia, árvores e animais selvagens, que não me apontariam um caminho pelas estrelas por onde fugir... Ninguém que me ouviria gritar...

– Ninguém para te ouvir roncar! – Lupan implicou e então todos jogaram copos nele.

Quando o silêncio se fez novamente, eu continuei, acima apenas do crepitar do fogo:

– Mas então, uma noite, quando eu já estava acostumado com o silêncio e os ocasionais uivos na escuridão, eu acabei ouvindo um som diferente, que partia de dentro da mata fechada que eu via da praia... Era uma espécie de música, tão ritmada, etérea e misteriosa que só podia ter sido criada por alguém... Será que eu não tinha investigado a ilha o suficiente? Será que eu realmente não estava ? – Ergui os olhos do fogo e passei por aqueles que me estudavam: Lupan e Deinos tentando descobrir se a história era real ou não, Plumala se encolhendo com medo de tudo e Korrok e Doxy tentando descobrir o que eu escondia abaixo. Voltei os olhos para o fogo. – Mesmo quando eu dormia, aquela música estava na minha cabeça, tão constante quanto a minha respiração, tão persistente quanto as batidas do meu coração...

– Tão irritante quanto o seu ronco! – Lupan gritou e eu joguei meu sapato na cara dele. Eu nem roncava tanto assim!

Todos me encararam com um pedido para que eu continuasse, e eu o fiz:

– A cada noite a música ficava mais próxima... Mais alta... Mais real... E eu sentia que, se não descobrisse de onde vinha, em alguma manhã eu acordaria para me deparar com ela em cima de mim, entrando na minha cabeça como se nunca tivesse passado de um sonho... – Engoli em seco. – Em uma noite, a curiosidade de descobrir quem a estava criando não me deixou mais adormecer, então peguei minhas armas e me embrenhei na floresta. – Todos me encaravam cheios de expectativas. – Passei horas entrando naquela floresta. Quanto mais eu entrava, mais a escuridão me envolvia e mais o som aumentava... Até que eu me deparei com uma caverna de rochas vermelhas, de onde o som partia. – Enviei um olhar para Doxy, que estava prendendo a respiração. – Lentamente eu entrei na caverna e desci os degraus irregulares de pedra, até que, nas profundezas, as paredes pareceram começar a se mover embaixo da minha mão... E, a cada passo para o fundo, eu ouvia algo às minhas costas, me chamando para o lado de fora enquanto a música me atraia para a escuridão abaixo... – Os olhos ao redor me encaravam como se estivessem comigo dentro daquela caverna. – Eu continuei descendo e descendo até que me deparei com uma fenda... Por aquela brecha entre as paredes passava um vento, assobiando tão alto que era capaz de alcançar a praia de onde eu tinha vindo e formar aquela melodia que não tinha me deixado dormir direito por tanto tempo...

– A música veio de uma caverna, então? – Doxy sussurrou, ao meu lado. – E não da criação de algum outro ser inteligente? – Confirmei com a cabeça.

– Mas aquela fenda não era parada como rocha... – Continuei. – Ela se abria e fechava, orgânica, contraindo e expandindo, respirando... Porque não era uma caverna... Era uma gigantesca serpente! – As garras e dedos apertaram a grama do chão. – Eu saí rapidamente... E então eu finalmente entendi que ninguém tinha criado aquela música, como eu tanto tinha desejado... Porque eu estava verdadeiramente e completamente sozinho... – Todos me encararam por um instante, esperando por algo mais, mas eu apenas disse: – É isso, gente. Fim.

Endossimbiose | Versão Em PortuguêsTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang