Capítulo 31. Olhos

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Não sei de onde tirei coragem para perguntar:

– Onde ela está?

Korrok abriu um sorriso afiado e todas as criaturas ao redor riram de algo que eu não sabia, até que o vorrampe se abaixou à altura do meu rosto e rosnou:

– Embaixo da pele dele...

O espanto nos meus olhos fez todos gargalharem como hienas.

– Como eu... – Arfei. – Por que não "convencer" o anfitrião a nos dar a chave? – Me voltei para o metriona, desesperada por uma migalha de piedade que não era nele onde eu iria encontrar.

– Eu prefiro que os seres sejam convencidos aos seus termos... Porque eles continuam achando que tem poder; continuam acreditando que se renderam porque escolheram; e acabam sendo os mais obedientes...

Será que ele estava falando de mim?

– E porque queremos ver se você está pronta para se juntar à revolução. – Korrok acrescentou. – Não fazemos um teste desses desde Phaga...

– Que não deveria ajudá-la, por sinal. – Lupan pulou, implicando, ou tentando facilitar a minha morte. – Ele mal provou a lealdade dele.

– Ela tem mais chance de sobreviver se tiver a minha ajuda.

– Se ela precisa de ajuda, então não merece viver. – Deinos retrucou.

E eu estava quase gritando que me deixassem morrer em paz quando Korrok ordenou, com sua voz se sobressaindo sobre todas as demais:

– Phaga vai. – E ninguém ousou discordar. O vorrampe então se voltou para Kadi, mirando nele com a ponta da sua garra. – Você vai ser nossos olhos... Para observar a todo e cada movimento dela... E nos mostrar o quanto ela está disposta a ser leal à nossa revolução.

Eu preferia ter ido sozinha.

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Depois da minha sentença, os líderes se dispersaram.

Kadi fez um movimento de cabeça e eu o segui até um corredor estreito entre as paredes de rocha, fracamente iluminado pelas lâmpadas nas paredes.

– Você pode simplesmente ir embora, Doxy... – Ele sussurrou, com medo de que as pedras pudessem nos ouvir. – Não tem que provar nada para ninguém.

– Não posso descobrir em um dia que os Áulicos mataram minha mãe e simplesmente virar as costas no outro. – Retruquei. – Eu não aguentaria voltar sem ter feito nada. – Muito menos depois de prometer tanto.

Kadi cruzou os braços.

– Se quiser lutar com a revolução porque acha que isso é o certo, então lute. – Ergui uma sobrancelha. – Mas não faça isso por ódio.

– Por quê?

– Porque é corrosivo. – Um suspiro exausto escapou do seu corpo, como se ele tivesse sentido aquilo na pele. – E nunca se fica satisfeito. – Diante da fachada no meu rosto, ele se virou para ir embora, mas, como se tivesse se esquecido de um detalhe, parou. – É melhor você se preparar... Os testes de lealdade são só uma desculpa para se livrar daqueles que eles não querem.

E então Kadi desapareceu pelos corredores de pedra.

Antes que eu pudesse processar aquilo, Plumala se aproximou de mim com o bater de suas asas suaves e me resgatou dos meus questionamentos. Eu a segui para um cômodo na rocha negra, tão diferente das adoráveis construções de Avória que ela provavelmente estava acostumada.

– Não queremos que você morra. – Ela disse e eu agradeci em silêncio. Era mais do que eu podia esperar das outras criaturas de Venerna. – E, para sobreviver, você vai precisar de uma ajudinha.

Ela apontou para um vestido e eu me aproximei da peça, deslizando os dedos pelo tecido esvoaçante. O vestido tinha um busto estruturado com delicadas correntes douradas, seguindo até uma saia esvoaçante de tecido azul marinho coberta de cristais e esferas peroladas que me lembravam das penas de um pavão.

– É lindo...

– E perigoso. – Enviei um olhar confuso para a columba. – Ele é feito de olhos de metrionas. – Soltei o tecido e me afastei. – Você já percebeu que não pode olhar nos olhos deles, não é? Eles são como espelhos, porque refletem as emoções daqueles que os encaram e mostram o que se quer ver... – Exatamente como eu tinha me sentido quando encarei o metriona; como se eu pudesse ser entendida e, mesmo quando ele estava contra mim, como se eu pudesse confiar. – Esse vestido será sua primeira armadura. – E eu esperava que fosse a última.

– Não sei como agradecer...

– Fique viva. E leve essa guerra ao fim.

Será que ela queria que, ao final, a rebelião vencesse ou perdesse? Talvez a resposta não importasse para as columbas...

Mas importava para mim.

– É o que planejo. 

Endossimbiose | Versão Em PortuguêsOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz