XXXII - O aprendiz e o mestre

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"Vader ajoelhou-se diante do Imperador Galáctico, que passou a mão por cima do seu obediente servo."

In O Império Contra-Ataca, GLUT, Donald F., Publicações Europa-América


O capacete de durasteel foi novamente aplicado sobre o seu crânio calvo pejado de cicatrizes. Retirava-o de vez em quando para aliviar a pele macerada que exigia respirar, fora da liga metálica da máscara apertada.

Novamente o seu maldito corpo perecível a pedir demasiado. Odiava-se por ser fisicamente quebradiço e dependente, mas recuperava a empáfia quando os cientistas lhe garantiam atualizações do seu fato mecânico que lhe aligeiravam os padecimentos descartáveis derivados desse corpo mutilado. Quase que o asseguravam de uma imortalidade programada e possível, confiando que desse modo podia seguir adiante com os seus planos de ordenamento galáctico sem constrangimentos despiciendos. Embora ele soubesse que essa eternidade, de facto, não existia.

Darth Vader abandonou a sua sala particular de meditação.

Ajoelhou-se servilmente na plataforma negra circular que permitia a transmissão holográfica, obedecendo ao alerta que o avisara, na cápsula isoladora que usava para exercitar a mente sempre turbulenta, inesgotável, imparável, de que o Imperador, seu senhor absoluto e dono das suas vontades, por mais desvairadas e ambiciosas que fossem, queria falar-lhe.

Antecipava uma conversa longa, orientadora, dissecadora dos momentos presentes, que incluíam as suas reclusões em meditação, os exercícios militares e os recentes ataques inimigos. E que invariavelmente incluiria o piloto rebelde que ele buscava incessantemente através dos trilhos insondáveis da galáxia.

Não era um tema confortável para ele. Despertava na sua alma negra uma ambição inédita, um potente instinto assassino. Ódio tão escaldante como a lava de Mustafar. Uma captura que tinha absolutamente de realizar, só assim se permitiria descansar e preocupar-se com outras questões. Focava-se nesse objetivo raivosamente, nada mais importava, nada mais merecia a sua atenção. Primeiro Luke Skywalker, depois a Aliança para a Restauração da República. Capturando um elemento, enfraqueceria o conjunto. Era uma estratégia genial.

A caça ao piloto rebelde excitava-o. O Imperador conhecia essa sua fraqueza, as suas variações de humor, a imperiosa necessidade de meditar para orientar as suas prioridades, não esmorecer a sua concentração. Só se tinha sentido transtornado dessa forma tão radical quando, no início do Império Galáctico, caçara e abatera os Jedi.

O prazer fora físico e autêntico. Permitia-se saborear cada gota do sofrimento que provocava, preenchendo com as vidas que retirava de forma atroz, os pedaços mortos do seu corpo disfarçado na armadura mecânica. O seu sangue fervia e arrefecia.

Ele apreciava o acrescento de poder, pressentia a mudança que não tinha retorno. Sabia que podia alcançar a eternidade, essa promessa vã dos cientistas trementes de medo, apoiado na Força tenebrosa, com o sacrifício dos seus opositores.

E o Imperador também tinha esse conhecimento.

Ajoelhado, proferiu:

- Qual é o vosso comando, meu mestre?

Uma saudação que representava toda a sua obediência e absoluta lealdade.

Diante da plataforma, que reproduzia a sua imagem subjugada no palácio em Coruscant, Vader viu surgir a figura velada de Palpatine sentado no seu trono, rosto onde somente se vislumbrava a boca descaída e rodeada de pregas enrugadas de carne, numa segunda plataforma que transmitia o holograma azulado.

Um Horizonte MaiorWhere stories live. Discover now