XII - Uma frota renovada

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"O gigantesco torpedeiro estelar ocupava uma posição cimeira e temível na frota do imperador."

In O Império Contra-Ataca,GLUT, Donald F., Publicações Europa-América


O super star destroyer da classe Dreadnought designado Executor era uma nave imponente e grandiosa, que deslizava elegante pela vastidão do espaço com uma majestade inigualável. Apesar dos seus treze propulsores laborarem incansavelmente para fazerem mover aquela massa bruta de metal, maquinaria e passageiros, aquela era a maior nave alguma vez construída pelo Império Galáctico, os seus motores não faziam praticamente nenhum ruído, transformando a viagem a bordo numa experiência que se podia classificar de pacífica.

A calma da sua deslocação era impressionante e, ao mesmo tempo, avassaladora. A emulação perfeita de um predador de grande porte a esgueirar-se furtivamente no seu ambiente natural, farejando as presas, escolhendo as que iria abater daquelas que iria poupar, ignorando os fracos, subjugando os fortes, destruindo os descartáveis.

O casco media dezanove quilómetros, tinha a forma da ponta de uma seta e estava coberto por uma estrutura similar à silhueta de uma cidade, com edifícios altaneiros onde brilhavam luzes aos milhares. À ré situava-se a torre de comando, coroada por duas cúpulas destinadas às comunicações geodésicas e que orientavam os escudos defletores. No fundo do casco alinhavam-se os propulsores, sobre os quais se erguiam os vários sistemas de engenharia que permitiam que aquele colosso voasse.

A nave equipava-se com mais de cinco mil turbolasers e canhões de iões, o que fazia daquele um veículo de assalto imbatível e ameaçador, que dissuadia qualquer veleidade de um ataque direto. Para além do armamento próprio, possuía nos seus porões veículos terrestres de assalto e transportava tropas em número suficiente para assegurar a conquista de qualquer sistema que decidisse atacar. Era uma joia bélica que Darth Vader comandava e não lhe fora difícil aceitá-lo, conforme sugestão do Imperador, como o seu novo navio-bandeira, quando o tinha ido reclamar, ainda a ordens desse governante, aos estaleiros do sistema de Kuat onde fora construído.

O lorde negro observava a vastidão do vácuo espacial desde as enormes janelas panorâmicas da ponte, estendendo os seus dotes únicos de perceção através das estrelas, procurando leituras invulgares da Força, mas nada lhe era comunicado, revelado ou sequer escamoteado. Tudo estava anormalmente tranquilo naquele setor da galáxia o que, consequentemente, deixava-o mais suscetível ao mundo extrassensorial. Aprendera a dominar os seus sentimentos, ansiedades, humores e outras falhas de carácter tipicamente humanas para poder renascer no lado sombrio em completa comunhão com esse estado supremo de poder e de domínio, o que não significava, porém, que as suas ações seriam isentas. Tudo o que ele fazia podia classificar-se como malévolo, pernicioso, cruel ou insensível. Não se orgulhava de infundir terror aos que o rodeavam ou que trabalhavam sob as suas ordens, mas também não fazia por mudar essa sua característica, pois ao ser temido servia perfeitamente os seus objetivos. Procurava sempre o estoicismo à ostentação e quem o visse na ponte, de costas, corpo artificial coberto por uma longa capa pregueada e preta, diria que ele se distraía, quando ele procurava por aquele singular distúrbio na Força que só ele conseguiria identificar, pois já o tinha sentido antes.

Nada. Ainda nada... Continuava a fugir-lhe, elusivo, inocente, o jovem piloto.

Outro canto da sua mente pensava no que fazer ao almirante Harish Muitel que liderava a frota onde se incluía aquela nave-bandeira. Começava seriamente a fartar-se do homem e sabia que, naquela questão, tinha toda a liberdade para agir conforme lhe aprouvesse. Não se dava o caso de Muitel ter feito uma asneira de tal magnitude que o tinha desagradado na mesma proporção, no pouco tempo que conviviam na escada hierárquica da marinha imperial. O almirante era de facto competente, isento, meticuloso, escrupuloso, com um tato especial para tratar os seus subordinados e um faro infalível para detetar os elementos que estragavam o conjunto. Mas sucedia que ele e Muitel partilhavam um segredo melindroso e o lorde negro sentia a necessidade de continuar a alimentar a sua personalidade desumana. Talvez não passasse de um simples capricho ou a imperiosa vontade de obedecer ao seu mestre que lhe ordenara que fosse implacável.

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