XV - Regresso à base

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"Ela caiu-lhe nos braços e abraçou-o com força enquanto Luke a balançava no ar."

In A Guerra das Estrelas, LUCAS, George, Publicações Europa-América


O abraço de Leia Organa foi como um bálsamo com as propriedades mágicas para curar qualquer ferimento, maleita ou indisposição. Se pudesse teria continuado nos braços dela para todo o sempre, naquela tepidez maravilhosa, a aspirar aquele perfume suave, num mundo isolado onde apenas escutava o seu coração a bater entusiasmado com aquelas dádivas simples da vida. De olhos fechados sentiu-se longe de todos os seus problemas.

- Estava tão preocupada com vocês! – murmurou ela junto à sua orelha.

O plural nessa frase foi descartado. Uma simples formalidade ditada pela cortesia. As princesas eram educadas para serem atenciosas e amáveis, graciosas em qualquer momento. Embora fosse uma mulher de ação, que não hesitava em lutar na linha de frente em prol de valores elevados que rimavam com liberdade, também tinha esse traço pessoal ditado pelo seu crescimento entre a realeza. Falara no plural, mas na realidade quisera dizer que estava preocupada com ele. Só com ele. Nos braços dele, juntando o seu corpo pequeno ao dele, estava preocupada apenas com ele.

Quando se separaram, ou melhor, foi ela que se afastou esticando os braços, olhando-o nos seus olhos azuis que deviam estar a brilhar, refletindo as luzes do hangar do Templo de Massassi, em Yavin Quatro, as pestanas húmidas da emoção por ter sido recebido por ela daquele modo íntimo, Luke experimentou um ligeiro resfriamento, uma reminiscência do vento gelado do planeta não cartografado onde Jeiz Becka se escondia. Queria outro abraço, queria ficar abraçado para sempre à princesa, rodopiando sem parar, como se não existisse mais ninguém à sua volta.

Aos poucos a fantasia diluiu-se e ele percebeu que estava a desejar demasiado.

Não estavam sozinhos. Pelo contrário, estavam bastante acompanhados, por pessoal de manutenção que verificava os caças da frota rebelde ajudados por androides astromec, diverso pessoal técnico que supervisionava a chegada de dois cargueiros que transportavam mantimentos para a Base Um, alguns pilotos que se reuniam junto a Wedge Antilles, Han Solo e Chewbacca que saíam da Millenium Falcon a debater o último alarme que havia disparado e que avisava sobre outra avaria naquela nave que continuava a ser a bendita de uma sucata voadora, por Threepio e Artoo que desciam a rampa do cargueiro corelliano numa das suas habituais discussões estéreis.

Tinham conseguido chegar a Yavin Quatro e haviam feito como Han tinha sugerido. Diretamente, sem qualquer desvio, controlando os vetores de voo para evitar outra surpresa desagradável pelo caminho – naves imperiais de busca, um campo de asteroides, outro planeta deserto sem nome.

- Estamos bem, Leia – sossegou Luke. – Não nos iriam conseguir apanhar com essa facilidade. O Han luta até ao fim.

- Não duvido – disse ela a sorrir, espreitando o corelliano que assobiava ostensivamente para chamar a atenção de um dos técnicos de manutenção. Apagou a expressão risonha do rosto corado. – A missão foi um sucesso. Todos os objetivos foram cumpridos. A base de Dantooine foi eliminada, o Império distrai-se à procura do bando de rebeldes que ousou fazer esse ataque. No Alto Comando estão todos muito contentes contigo, Luke. Mostraste que és um excelente líder e vão recomendar que sejas promovido dentro em breve. Julgo que estão a pensar entregar-te a criação de uma esquadrilha especial de caças da Aliança, que irás comandar.

Ele não partilhava do entusiasmo da princesa. Os percalços no planeta deserto tinham-no distraído momentaneamente da missão que chefiara, dos acontecimentos de Dantooine, mas depois da anestesia do abraço quente ter passado em definitivo, não podia voltar a enganar-se a si próprio e fazer de conta de que não tinha acontecido. Meneou a cabeça, abatido e triste.

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