IX - Início de missão

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"Os soldados rebeldes correram para os postos de vigia quando as sereias de alarme lançaram o seu gemido através dos túneis de gelo."

In O Império Contra-Ataca,GLUT, Donald F., Publicações Europa-América


O hangar principal do Templo de Massassi agitava-se num frenesim típico de prenúncio de mais uma batalha aguerrida que oporia a Aliança ao Império. Androides girando de lá para cá, entre caças e o cargueiro ligeiro de Corellia, carros pequenos a transportar cargas diversas, desde munições e armas a mantimentos e agasalhos, pessoal da manutenção a conferir listas de verificação, outro pessoal a proceder ao necessário abastecimento de combustível, luzes intermitentes, vozes pelos altifalantes a coordenar as operações técnicas.

Luke Skywalker analisava a prancheta eletrónica, relendo o documento mais uma vez, pousando os olhos cuidadosamente em cada entrada daquele relatório conciso sobre meios humanos e materiais disponibilizados para a missão identificada por um código alfanumérico anónimo, classificada como secreta, essencial e crucial para os objetivos da Aliança. Aprovou o conteúdo da lista exaustiva colocando a sua assinatura eletrónica, seguida de duas impressões digitais. Já a sabia de cor, praticamente, depois de a ter compilado e de a ter validado nos dias anteriores. Se no início lhe parecia uma simples listagem com nomes e material, agora sentia-a como algo concreto, palpável, com o mesmo peso da sua arma ou do punho do sabre de luz que carregava no seu cinto. Não se constituía simplesmente por letras e números, traduzia por palavras exatas gente e coisas que o iriam acompanhar.

Respirou fundo, cruzando os braços. Não se lhe podia apontar que estava inquieto, mas uma ligeira preocupação nascia-lhe no espírito. Ele era o líder da missão e, portanto, era responsável. Não duvidava que iriam ter sucesso, mas havia as habituais probabilidades de falhas, de erros ou de outros imponderáveis que entravam para o cálculo matemático de qualquer androide programado para esse tipo de análise mais factual e direta, resultado devolvido em forma de probabilidade estatística. Quando Luke olhava em seu redor, não via a lista que tinha acabado de reler e de conferir. Via rostos e vidas, pessoas que confiavam nele, algumas eram seus amigos e ele importava-se. Via também material indispensável à Rebelião, caro e fundamental que não podia, nem devia, ser desperdiçado em aventuras.

Estava a deixar-se influenciar pelos números de Threepio, refletiu forçando um sorriso ligeiro. Continuava a não apreciar os esquemas burocráticos que tivera de seguir para chegar até àquele dia de ação, mas compreendia como foram necessários para conseguir converter a sua ideia inicial em algo prático, mensurável e concretizável. Tivera a ajuda de Threepio, o androide protocolar estava mais do que habituado a movimentar-se em toda a confusão administrativa que existia por detrás de qualquer iniciativa rebelde e ajudara-o bastante, o que resultou no tal relatório conciso sobre meios humanos e materiais e um agradecimento impressionado do general Dodonna, que o felicitou por ter conseguido cumprir a tarefa que lhe tinha sido atribuída e dentro do prazo estipulado.

O que queria dizer que poderiam partir para Dantooine.

Fora ainda Threepio que lhe dissera que as hipóteses de sucesso da missão que ele liderava eram de sessenta e três porcento, após um dos seus fundamentais cálculos. Pela primeira vez apeteceu-lhe mandar calar o autómato dourado e de sentenciar a ordem de silêncio com o que Han costumava pedir, agastado – que nunca lhe falassem de números.

Rodou a cabeça para a direita e notou o cargueiro ligeiro corelliano YT-3000 estacionado no hangar, Chewbacca a esbracejar atarefado num alçapão aberto de onde pingava óleo. Não era um bom prenúncio, mas não se podia deixar levar pelas aparências quando se tratava da Millenium Falcon. Continuava a achar a nave uma verdadeira sucata, fora essa aliás a classificação que lhe dera quando se deparara pela primeira vez com o cargueiro no espaçoporto de Mos Eisley em Tatooine, mas desde essa ocasião que não podia negar que lhe tinha salvado a vida diversas vezes, a última e mais importante das quais durante a Batalha de Yavin. Podia ter fugas de óleo, sacolejar doidamente durante o voo, emitir alarmes estranhos e irritantes, cheirar pessimamente a circuitos queimados, mas era uma nave fiável e, arriscava mesmo, imprescindível em qualquer empresa arriscada. De qualquer modo, confiava em Han Solo e de que o amigo se tinha esforçado para apresentar a Millenium Falcon nas melhores condições.

Um Horizonte MaiorWhere stories live. Discover now