XXIX - Um grupo unido

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"Era um aparelho relativamente pequeno, de frente achatada, com vidros escuros na carlinga e armas laser apontadas para cada lado. O carro voador dos Rebeldes estava fortemente blindado e fora concebido para combate a rasar a superfície do planeta."

In O Império Contra-Ataca, GLUT, Donald F., Publicações Europa-América


- Bem-vindos... à Esquadra Rogue!

O anúncio de Luke gerou pouco ou nenhum entusiasmo. Os rostos dos sete pilotos voltavam-se para ele em expressões rígidas e controladas. Não estavam alinhados formalmente em sentido, como num batalhão, mas escutavam-no com a atenção e a polidez que eles, enquanto soldados, deviam ao seu comandante. Formavam uma meia-lua que rodeava a rocha lisa onde Luke estava de pé a fazer o seu discurso inaugural, que começara por uma saudação, seguida de uma apresentação do novo nome do grupo. Ele dera ênfase a essa primeira frase, os outros mantiveram a sua postura serena, equipados nos seus fatos de voo laranja, com os capacetes debaixo do braço. Nos olhos havia expetativa e curiosidade, porque aquela era a sua primeira reunião. Luke teria preferido que se tivessem manifestado com um sorriso de orgulho após aquela revelação, de que eles pertenciam, a partir daquele dia, à Esquadra Rogue, um brilho qualquer que apagasse a sombra que se lhes colava à cara, que aligeirasse um pouco a pose, que diluísse o peso que assentava nos ombros de cada um. Afinal, Luke acabara de lhes anunciar como se iria chamar a esquadra que ele iria comandar.

A Esquadra Rogue.

Tinha passado a noite toda a inventar nomes que fossem os mais adequados, sem soarem pomposos, superficiais ou aborrecidos. Quando estava quase a adormecer, cansado pela sua falta de imaginação e desencorajado pela sua inabilidade, lembrou-se de que era um rebelde. Transviado do caminho. Solitário. A operar fora do sistema.

Ninguém se descontraiu. Luke pensou em sorrir mas tinha os cantos da boca presos. Também ele estava subtilmente nervoso. Liderava uma segunda missão sensível e daquela vez sem o apoio de Han. Encontrava-se totalmente entregue a si próprio. Ele sabia do que era capaz, confiava nas suas capacidades e estava sempre ansioso por demonstrar que podiam contar com ele, em qualquer tipo de incumbência, mais simples ou mais complicada, mais arriscada ou mais ligeira. No entanto, ver-se naquela posição sem ter obtido a reação que esperava daqueles que interpelava, alguma empatia ou algum desanuviamento, lançava sinais de alerta que lhe diziam que deveria ir com cuidado para conduzir o seu discurso que faria a introdução ao longo período que iriam passar juntos e em completa dependência uns dos outros.

Não se devia acanhar, não lidava com estranhos. Forçou-se a prosseguir com a alegria que via faltar nos companheiros. Esta existia, ele sabia-o. Conhecia-lhes momentos menos formais, tantas vezes que se tinham cruzado nas cantinas da Home One, mas ali estavam todos sob camadas de rígida obediência militar. Queria motivá-los, estimulá-los. Queria que se sentissem confortáveis para extrair o melhor deles. Queria ser um orientador, não um chefe. Próximo, confiável, leal.

Olhou-os um por um.

O primeiro era Wedge Antilles, quem ele definira como o seu asa e o seu principal conselheiro. Tinha mais experiência do que ele, era um piloto dotado, produto da Academia do Império, com uma bagagem invejável em termos técnicos, ainda que em termos de pilotagem Luke se considerasse mais habilidoso e mais inventivo. Antilles era um excelente elemento, sensato e com uma aptidão inata para a resistência e o sacrifício, suportando calado qualquer pena.

Ao lado de Wedge estava Dak Ralter, o rapaz idealista que era filho de presos políticos e que desejava provar o seu valor, exibir-se na maior montra possível, agir segundo os instintos apurados de sobrevivente. Poderia tornar-se arrojado e imprudente, perigar os objetivos maiores do grupo. Mas o outro que estava ao pé do jovem Ralter e que se convertera numa espécie de seu tutor, acompanhando-o em permanência, que o ensinava e o orientava, aplacaria qualquer ação mais arriscada.

Um Horizonte MaiorWhere stories live. Discover now