Destino | Karlena

CATORZE

Com a cabeça apoiada sobre os braços, Kara observava a bela irlandesa dormindo. Com os cabelos negros caídos sobre o rosto, e a respiração calma. Luthor parecia um anjo dormindo, suas mãos juntas debaixo do travesseiro branco.

Kara sorriu passando os dedos delicadamente sobre a face da morena. Lena abriu os olhos preguiçosos, e foi impossível não sorrir com as órbitas azuis lhe observando.

- Não me olhe assim, eu fico com vergonha. -Lena cobriu o rosto com as mãos soltando uma risadinha.

- Que namorada fofa que eu fui arrumar.-a loira tirou as mãos do rosto da morena, e começou a brincar com os seus dedos, depois de deixar um beijo nos nós

- Eu não me lembro de ser pedida em namoro.-brincou Lena fingindo pensar — É, eu realmente não fui pedida em namoro.

- Não seja por isso.

Danvers se sentou na cama, e Lena fez o mesmo. A loira coçou a garganta, e colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha respirou fundo.

- Eu queria fazer algo especial, pois é o que uma pessoa como você merece. Mas a minha não oficial namorada, é uma irlandesa sexy e gostosa apressadinha que eu amo.

Lena soltou uma risadinha. Seus verdes estavam com um brilho diferente naquela manhã.

- Eu tenho um plano bem simples. Te peço para namorar comigo e você diz sim. Que tal?

- Um excelente plano, oficial namorada. — A advogada sorriu.

Kara segurou os rosto da mais velha entre as mãos, selando os seus lábios em um demorado selinho. A loira pediu passagem com a língua, e não tendo passagem afastou o rosto olhando para a namorada.

- Eu não escovei os dentes ainda.

- Quem liga. Você liga? - Lena negou com a cabeça. -então apenas enfie essa língua dentro da minha boca.

- Pedindo assim com jeitinho, como negar. -as duas riram conectando os seus lábios.

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O relógio marcava exatamente 6:25 da manhã, a casa estava em um completo silêncio. Por ser domingo a família acordava um pouco mais tarde. Lena procurava alguma coisa na cozinha para comerem, e com a ajuda de Esmeralda fez uma bandeja repleta de comida.

- Nessa bandeja tem comida pra dois. Sua amiga passou a noite aqui? - perguntou Esmeralda curiosa.

- Sim. -suas bochechas coraram ao ter os olhos da governanta atendo aos seus. - Isso fica entre a gente Esmeralda.

A mulher sorriu passando os dedos sobre os lábios em linha reta. A anos que não via sua menina tão feliz assim, mas temia o que poderia acontecer caso Dona Lilian descobrisse.

Lena abriu a porta com cuidado, e Kara falava ao celular com a amiga

- "Me desculpe por não ter avisado que ia dormir fora, Alex... Ela dormiu bem?... Que bom, imaginei que ela iria dormir direto, ela brincou tanto ontem.

Lena deixou a bandeja no centro da cama, e se arrastou até a loira depositando beijos em seu pescoço. Kara descansou a mão na bochecha da irlandesa, enquanto escutava a amiga do outro lado da linha.

- Pare de ser curiosa. -a loira riu quando a amiga perguntou se ela estava com Lena. - Eu não demoro a ir pra casa. Tchau, Alex.

Kara encerrou a chamada, jogando o celular em cima da cama. Lena subiu os beijos até chegar ao lábios da namorada.

-Eu trouxe o nosso café. -a morena encerrou o beijo. - Luna está bem?

- Sim. Alex, só estava preocupada por eu não ter dormido em casa. -a loira colocou a franja da morena para trás. - a senhorita não acha que tem comida demais, aqui não?

Lena piscou os olhos mais vezes que o necessário. Seus olhos estavam atentos no busto nu da outra. Kara estava apenas com o seu sutiã clarinho, suas pele exposta, com alguns leves arranhões deixado por Lena na noite passada.

- Meus olhos estão aqui em cima. -segurou em seu queixo, fazendo a morena olhá-la nos olhos.

- Desculpas, é que você assim é tentação demais pra mim.

As duas trocaram mais alguns beijos, e logo começaram a comer a grande quantidade de comida levada pela morena.

- Posso te fazer uma pergunta? -Kara passava geleia na torrada.

- Até duas.

As duas estavam sentadas uma de frente para a outra. Suas pernas estavam dobradas, enquanto carinhos sempre eram trocados, com mãos bobas nas pernas, e trocas de selinhos.

- Qual é a história dessa cicatriz? 

Lena respirou fundo, pois sabia que a qualquer momento a loira iria pergunta.

- Bom,  quando eu estava no sétimo mês de gestação sentia muita contração, e minha barriga pesava muito. Eu fui internada, por ser uma gestação de gêmeos e de risco, minha médica achou melhor me manter em observação...

Danvers piscou surpresa ao ouvir gestação de gêmeos. E se perguntava cadê a outra criança?

- Ao longo da internação, eu fui obrigada a comer deitada, o que causava muita azia. Além disso, eu só podia levantar para ir ao banheiro ou tomar banho se não estivesse sentindo muitas contrações. Em um dos momentos em que fui autorizada a tomar banho, comecei a sentir queimações no peito, eu pensei que estivesse com azia que vinha sentido. No entanto, as dores se tornaram mais fortes e comecei a vomitar. Era diferente de qualquer vômito que eu já tive. Isso foi uma pista de que algo estava realmente errado. Liguei para uma enfermeira me ajudar.

Lena sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Lembrar daqueles minutos de desespero, aquela sensação de morte, era angustiante. Kara entrelaçou os seus dedos, fazendo um carinho nas costas de sua mão.

- No entanto, 11 minutos após acionar a enfermeira, o meu coração parou. Depois de ser diagnosticada com dissecção espontânea, a equipe optou por uma cesariana emergencial antes de realizar uma cirurgia cardíaca. Eu estava saudável, e não tinha histórico familiar na família, foi uma surpresa para todos. Meus bebês vieram ao mundo, e eu fui levada a sala de cirurgia, e acabei tendo outra parada. Meu coração ficou fraco, e eu fiquei ligada a máquinas por três meses, e quando acordei, pedi para ver meus bebês, e minha menininha não tinha aguentado, ela era tão pequena. E eu não estava ao lado dela, quando ela mais precisou de mim.

Lena já não segurava mais as lágrimas. Desde daquele dia não tinha falado sobre o assunto, e era bom se abrir com a mulher que tanto ama, sentia que precisava compartilhar com ela.

Kara envolveu os braços em volta dos ombros da namorada. Nunca passou por sua cabeça que a morena tinha passado por tudo aquilo, e apenas queria abraçá-la, mesmo que aquilo não pudesse mudar o seu passado.

- Eu sinto muito, que tenha passado por tudo isso, amor. -Kara beijou sua cabeça. As duas se afastaram e com os polegares secou as lágrimas da amada.

As duas conversaram mais um pouco. Em uma tentativa de animar novamente a namorada, Kara começou a fazer gracinhas arrancando risadas da morena.

Depois de se vestir, e chamar um uber, Kara saiu da casa acompanhada da namorada. Lena insistiu para levar a loira até em casa, mas a mesma recusou, alegando não precisar.

- Foi a minha melhor noite. -disse Lena abraçando a loira em frente ao portão.

-A minha também. Meu Uber chegou. -a secretaria apontou para o carro do outro lado da rua.

- Quando chegar me mande uma mensagem. Te amo!

- Pode deixar. Também amo você. -as duas trocaram um beijo rápido, que foi encerrado por vários selinhos. Ato que não passou desapercebido por uma pessoa que olhava pela janela. Apesar da distância dava-se para ver claramente o beijo, entre as duas mulheres.