Capítulo 35

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__ Como isso é possível?

— Eu acho que não estamos dentro de um buraco qualquer. — Felipe falou atrás de mim.

— O quê? — Me virei para ele e, ao olhar ao redor, quase desmaiei. O lugar onde estávamos era, sem  dúvidas, um reino, ou o que sobrou dele. Todos mantinham o mesmo ar de surpresa que eu.

— Acho que não é por acaso que estamos aqui. — Disse Lucian.

— Foi de propósito. — Falamos juntos.

— Resta saber, o porquê...

Romeu não precisou terminar de falar, pois rosnados começaram a surgir de todas as partes da floresta. Agora sei do que era o mau cheiro e por que fomos puxados pra cá; nosso fim estava se aproximando, mas não me entregaria assim tão fácil.

— O que é aquilo?

De dentro da floresta, os mesmos monstros que eu vi em visão caminhavam até nós. O cheiro deles era terrível, caminhavam tortos, de suas bocas um líquido verde escorria e seus corpos eram consumidos por várias feridas. De suas mãos saíam grandes garras, que eles balançavam como se estivessem dilacerando alguém, talvez fosse apenas uma amostra do que pretendiam fazer conosco.

— Não tenho a mínima ideia.

Ouvi estalos de ossos, não olhei para trás, pois eu sabia bem que meus amigos já haviam voltado a se transformar. Mas lutar como lobos não me pareceu ser uma boa ideia dessa vez. Uma sombra negra me cobriu, demorei para perceber que se tratava de Lucian. Eu não poderia deixar ele se arriscar assim, foi aí que me surgiu uma ideia, uma que usei somente uma vez, mas não lembro onde.

— PARA ATRÁS! — Gritei.

Os lobos me olharam confusos, mas Lídia pareceu entender o que eu iria fazer.

— Lídia, faça uma parede de magia em nossa frente.

Ela não questionou; não havia tempo para isso. Imediatamente, uma parede invisível feita por magia foi posta em nossa frente.

Aquelas coisas estavam se aproximando cada vez mais. Quando chegaram na parede, começaram a se debater para atravessar; a parede começava a criar ondas com o impacto de seus corpos.

— Eu vou sair, e ninguém sai daqui.

De forma nenhuma. — Disse Lucian.

— Confia em mim.

Olhei em seus olhos vermelhos e brilhantes. Não esperei por sua resposta e saí dali o mais rápido possível.

Atravessei aquelas aberrações, que gritavam como se estivessem sentindo muita dor. A multidão fazia um barulho que parecia sair das profundezas do inferno.

— EI! — Gritei quando peguei uma certa distância; os monstros se viraram para mim e começaram a vir em minha direção.

— Isso.

Com a adrenalina que corria sobre minhas veias e com magia, fiz um exército inteiro de soldados segurando lanças e montados em cavalos. Alguns deles seguravam um chicote com pontas afiadas, suas cores eram azuis, com linhas brancas. Os cavalos relinchavam e levantavam as patas da frente; em suas costas, havia grandes asas.

— AGORA! — Fechei a mão, e todo o exército foi em direção àqueles monstros. Os gritos horripilantes ecoaram por todo o lugar; alguns deles voltavam para a floresta, sangue voava para toda a parte, ouvia a carne deles se dilacerando. O barulho do enfiar das lanças os destruindo ia ficando mais intenso.

— AURORA, CUIDADO!

"Conheço essa voz."

Olhei para o lado e mal podia acreditar em quem eu via ali.

Lobos- Encontro De Almas| Livro 01| Concluído| Livro Físico Em BreveWhere stories live. Discover now