Capítulo 39 - O que nós somos agora?

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Marianne estava servindo o jantar de Henry quando fui visitá-lo pela primeira vez, depois do acidente. A sala tinha nova decoração: uma cama articulada, com um daqueles colchões chiques com controle remoto, de frente para a tevê, no lugar do sofá, que tinha sido colocado no canto da parede. Quem atendeu à porta foi um rapaz, que imaginei ser o enfermeiro, levando em conta seu uniforme.

- Olá! Sou Amber, namor--, amiga do Henry. Você é?

- Ralph. Prazer, sou cuidador do Sr. Cavill.

- Muito prazer, Ralph.

Quando entrei na sala e fui anunciada, Henry parou de protestar com sua mãe sobre fazer a refeição na cama ou na mesa e os dois me olharam surpresos.

- Amber! - Marianne se levantou e veio em minha direção para me cumprimentar com um abraço.

Henry apenas observou aquela interação por um momento.

- Oi, Ambs. - Suas linhas de expressão e o sorriso que se esforçou para mostravam cansaço.

- Henry!

Por que minha voz resolveu falhar logo naquela hora? Talvez porque eu não estava acostumada a vê-lo dependendo da ajuda de outras pessoas para as mínimas coisas. Ficar emotiva em sua frente não ia fazê-lo sentir melhor.

- Bem, agora que você tem companhia, vou me deitar. - falou com Henry. - Amber, por favor, fique à vontade. Fiz canja.

Henry meneou a cabeça, como se debochasse de sua mãe e ela percebeu.

- Não dê ouvidos a ele. A canja está ótima! Bem melhor do que aquela comida de hospital.

- Eu sei, mãe. É brincadeira. - Que saudade daquele sorriso.

- Tudo bem, Marianne. Obrigada. Não vou demorar.

Ela entrou no quarto de hóspedes que ficava no primeiro andar da casa e fechou a porta. Quando Ralph também se despediu, já sem uniforme e com uma mochila nas costas, ficamos sozinhos.

- Até amanhã, Sr. Cavill. Prazer em conhecê-la, senhorita Amber.

- Obrigado, Ralph, até amanhã. - disse Henry.

Estava claro que não sabíamos como agir depois de tudo o que aconteceu, mas o objetivo da visita não era discutir sobre nosso relacionamento e sim, saber sobre o acidente e sua recuperação.

- Então, o que você aprontou? - perguntei, tirando dele um sorriso.

- Meu cavalo se assustou com uma nuvem de poeira e empinou para trás. Caí e me machuquei.

- Nossa, que susto! Você pensou que poderia ser sério, a ponto de precisar de cirurgia? - Olha só, Amber conseguindo ter uma conversa apropriada!

- Não. Eu senti muita dor depois da queda, mas achei que tinha sido pelo impacto. Não percebi que estava todo quebrado. - Henry disse, com um leve sorriso.

- Eu soube pela tevê, quando minha mãe ainda estava no hospital. Fiquei muito preocupada sem notícias suas. Lauren tentou me manter atualizada, mas nada como estar perto pra saber que está tudo bem.

Henry se mexe sobre a cama, tentando alcançar o controle. Ele queria erguer um pouco as costas do colchão e aquele simples movimento pareceu lhe causar dor, mas não reclamou. Faz apenas uma expressão de incômodo ao se sentar, sem pedir auxílio.

- Ei, você precisa de ajuda? Me diga o que devo fazer. - Me aproximei para deixá-lo confortável com um travesseiro extra nas costas.

Sua expressão suavizou, enquanto ele se acomodava.

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