Capítulo 38 - Assumindo riscos

Começar do início
                                    

Chuck só permite que Angie faça a cena de perseguição por ter domínio do animal e conseguir provar isso nos treinos, pois ele já tinha solicitado uma dublê. Também tenta me convencer de usar um dublê, principalmente vendo a diferença entre o desempenho de Angie e o meu.

- Vamos de novo nesse assunto de dublê? Você sabe que eu vou fazer as cenas, como todas as outras. - digo, enquanto monto no cavalo.

- Eu sei que você é perfeitamente capaz, Henry. Mas estou prezando pela segurança do meu protagonista. Preciso de você inteiro até o final das filmagens. E você... - ele retesa e para de falar.

- Eu o quê? - pergunto sério, já sabendo porque parou de falar. - Você não disse que estou trabalhando bem?

- Sim, você está! Mas cavalgar é uma habilidade com a qual você não está acostumado. Estou falando como seu diretor e seu amigo.

Chuck dá um sinal quase imperceptível com a cabeça para Cameron dar um tempo para nós.

- Você não precisa provar nada para ninguém. Eu sei que você pode fazer essas cenas, só não quero que se esforce desnecessariamente para isso. Sei que você está tentando deixar os fatores externos de fora, mas você não está totalmente bem.

- Eu sei fazer o meu trabalho, Chuck. Nesse momento, isso é tudo o que eu tenho. Então, por favor, me deixe fazer isso.

Chuck, que segura a rédea do cavalo, me entrega e se afasta, pois sabe que não vou ficar ali parado. Em seguida, saio cavalgando em disparada.

Não nos falamos mais até o dia seguinte, em que temos uma noite de folga, a primeira deste a volta das filmagens. A van da produção nos leva a um pub há uns 20 minutos do hotel. Estamos todos cansados das gravações, ainda assim, ninguém quer perder a oportunidade de beber uma boa cerveja em um pub alemão. Assim que chegamos, começam as rodadas de cerveja e em instantes , esquecemos o cansaço do longo dia. Os bocejos dão lugar às risadas e o volume e animação das vozes só aumenta. Com todo o barulho dentro do pub, saio para atender uma breve ligação de Lauren. Após desligar, aproveito para terminar minha cerveja em silêncio, apesar do frio que faz do lado de fora.

- Dando um tempo do falatório? Esse povo decididamente sabe beber! - Chuck brinca ao acender um cigarro.

- Não posso culpá-los. ­- Mostro a caneca quase no fim.

Chuck sorri, mas em seguida fica sério.

- Henry, sobre ontem...

- Está tudo bem, Chuck. Você só estava preocupado comigo. - ele assente com a cabeça.

- O que aconteceu na sua volta para casa?

Dou o último gole na cerveja. Preciso dele.

- Acabou. Amber e eu. - digo de uma vez, apoiando a caneca no batente da janela, enfio as mãos no bolso do casaco.

- Você tinha dito que ela pediu um tempo.

- E nesse tempo, ela conheceu um cara no trabalho, viajaram juntos, ele, pelo visto, se apaixonou por ela. - resumo.

- E ela? O que ela disse? Eu vi vocês dois juntos, cara. O que vocês têm é real.

- Foi real, mas não sei se foi suficiente. Talvez uma relação com um cara sem tabloides, rumores ou paparazzis andando atrás seja o que ela quer. Será que posso culpá-la por isso, Chuck? - ele me olha, mas não responde. - Porque eu já tentei. Tentei culpá-la, detestá-la por fazer com que eu me sinta destroçado desse jeito. Mas não consigo. Minha vida é difícil. Sei o quanto ela teve dificuldade em se adaptar.

- Você não respondeu se conversaram ou não. Foi ela mesma que usou essas palavras?

- Não foi preciso, cara. Eu tentei conversar, estava nervoso e não consegui me expressar como gostaria. Achei que poderíamos ter outra oportunidade, para que ela me contasse que diabos aconteceu enquanto eu estava fora. Estava disposto a perdoar o que quer que tivesse acontecido, caso ela quisesse tentar de novo. Mas parece que Amber simplesmente preferiu deixar as coisas como estão. Depois de ter ido à casa dela e ter encontrado o cara saindo de lá, a vi com o ele no bar mais uma vez.

Thanks, KalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora