Capitulo 68

1.5K 138 11
                                    

Henrique Mendonça

No total ouvi oito disparos, talvez nove, tentei chegar a Vitória o mais rápido possível, mas as pessoas se fecharam no caminho, a pausa entre os tiros, foi o suficiente para um pouco de esperança se acender em meu peito.

Quando os tiros voltaram a ecoar pelo salão, agora silencioso, todos olharam para a porta por onde Vitória tinha passado minutos antes, e por onde Morgan passou depois que eu pedi para que ela não deixasse Vitória.

Quando Morgan falou que morreria por Vitória, não achei que isso aconteceria, quando finalmente consegui chegar a porta, eu parei, simplesmente parei tentando entender o que poderia ter a seguir, o que existiria atrás daquela simples porta de madeira.

Assim que a abri, me deparei com três corpos, reconheceria o vestido prata de longe, corri até Vitória, que estava com os olhos fechados, ela abriu levemente quando eu a abracei.

- Morgan, salve-a - ela falou, ela apertou minha mão, apoiei a cabeça da Vitória encima do meu paletó e corri para ver a Morgan.

Júlio entrou no banheiro parecendo assustado.

- leva ela para o hospital, garanta que ela fique bem - falei para Júlio, que prontamente pegou Morgan no colo, o braço dela ficou caído, mostrando que ela estava sem consciência.

Voltei para Vitória, pegando-a no colo, ela apoiou a mão no meu pescoço enquanto andávamos, cheguei ao carro em questão de segundos, todos na festa nos olhavam, mas ninguém que não fosse da minha família, se mexeu para ajudar.

Daniele estava morta, Daniele estava morta.

Matheo tentou me impedir de dirigir, mas eu não o dei opção, coloquei Vitória no banco do passageiro, tudo que eu via era o corpo inerte coberto de sangue, minha mente não conseguia pensar em nada além da nossa família.

Em um momento eu tinha tudo, no outro eu não tenho mais nada.

- vai ficar tudo bem - prometi, sem ter essa certeza.

A única certeza que eu tinha, era que Júlio faria de tudo para honrar a sua promessa, isso se confirmou mais ainda quando eu vi o Audi R8 passando ao meu lado.

Aproveitei para seguir, furamos os quatro primeiros semáforos, Vitória estava com os olhos fechados, paramos em um único semáforo aonde tinham uns guardas, olhei para Júlio que tinha parado o carro ao lado do meu, olhei para Morgan, vendo ela com os olhos fechado e a respiração mais escassa que a da Vitória.

O sinal abriu, não pensei duas vezes em acelerar, foda-se as multas, nenhuma multa vai me impedir de salvar a minha mulher, eu preciso dela.

Júlio parou o carro tão rápido ao meu lado, que faltou pouco para nós batermos, nunca me senti tão desesperado como agora, cada segundo que passava, era um a menos para que os médicos pudessem fazer alguma coisa.

Uma equipe de médicos veio até nós.

- o senhor Matheo Mendonça ligou avisando a situação - um homem falou pegando Vitória no colo e colocando na maca, ela foi levada rapidamente para dentro.

- vai com ela cara - Júlio falou empurrando o meu ombro - eu fico com a Morgan.

Corri para Vitória pegando a mão dela, ela estava gelada.

- senhor... você só pode ir até aqui - a mulher falou fechando a porta quando a levaram para dentro.

- ela está grávida - falei para o médico que passou por mim.

- vamos fazer tudo - o médico falou.

Comecei a andar de um lado para o outro, Júlio apareceu com as mãos suadas de sangue, olhei para as minhas mãos e percebi que também estavam sujas.

Acaso perigoso - livro 1 da série: Os MendonçaWhere stories live. Discover now