14 - Dias insuportaveis

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[NVS] Capitulo - 14 - Dias insuportaveis

Respirei fundo, tão fundo que já não tinha mais ar para respirar, pisquei várias vezes, estava sentada no chão da sala de aula, com todas as folhas dos meus cadernos e livros rasgados, picotados, em cima de mim, jogados no chão, não tinha mais ninguém na sala e nem na escola, hoje era terça-feira e eu teria que ir no meu primeiro dia na aula de reforço, olhei ao redor assustada e com medo, hoje novamente Alex não veio para a escola, a última aula foi substituta, que mais ficava fora da sala do que dentro, então outros alunos entraram e fizeram isso, senti o gosto amargo e ruim do papel que estava na minha boca e cuspi, devo ter mastigado umas três folhas inteiras, porque dois garotos enfiaram na minha boca. Me acertaram também uma pedra, do tamanho de uma bola de gude no meu queijo, acho que estava sangrando, eu estava cansada disso, como as pessoas podem ser cruéis com outro ser humano? E eu não fiz nada para eles.

Minha bochecha estava marcada com caneta permanente, algo sobre bruxaria, não consegui ler, suspirei e me levantei, peguei minhas coisas guardando a maioria das folhas rasgadas na mochila e fui no banheiro, lavar meu rosto e meu machucado, joguei água e esfreguei, para poder sair aquela tinta, quando quase não dava para ver, eu sequei e desci as escadas, sai do portão e dei de cara com aquele jardim bonito e florido da escola. Como tudo em volta é tão bonito e lá dentro é como se fosse as trevas, te consumindo e te deixando pior?

- Oi, nossa, como você demorou! - Olhei para o lado e Marcos estava encostado na parede, mexendo no celular, ele me olhou e abriu os olhos assustado. - O que aconteceu com seu olho? E seu queixo?

- E-eu… - Olhei para o lado, com vergonha demais para contar a verdade, o que será que ele faria? Brigaria com as pessoas, como o Alex faz? Não falaria mais comigo como o Matheus faz? - Eu cai, bati o olho na maçaneta da porta da sala de aula. - Ops, a sala nem tinha maçaneta que nem portas de casas, eram como puxadores de ferros na horizontal, ele vai me chamar de ridícula mentirosa.

- Caramba, tá feio, hein. - Ele chegou perto para ver. - Você bateu também o queixo? - Ele me olhou, ainda meio agachado para poder ver o machucado melhor. - Que isso no seu rosto, parece que tem escrito algo, tá anotando a lição no rosto? - Ele deu uma risada, mas eu não consegui rir, sei que ele não estava fazendo de propósito, mas me senti triste, acho que ninguém é tão desastrado assim para se machucar nesta magnitude, ele não estava desconfiado de nada?

- É… - Dei uma risadinha, só queria ir embora, desci as escadas da entrada e ele me seguiu.

- Vai fazer o que hoje? Vamos sair? - Ele estava atrás de mim andando, ouvia os sons dele mexendo no celular.

- Eu vou para a minha aula de reforço. Até mais. - Marchei para meu caminho, até o ponto ponto de ônibus, olhei para o caminho da escola, dando uma espiadinha se Marcos estava atrás, mas eu estava sozinha na rua, o ônibus não demorou muito, paguei o cobrador e sentei em um lugar, não demorou muito para chegar no ponto de ônibus da casa da professora, eu desci, como tinha uma farmácia na esquina eu entrei para comprar band-aid, colocando um no queixo e segui para a casa. A professora me apresentou os alunos, vi Iris acenar pra mim feliz, mas quando viu meus machucados ela fez uma expressão assustada, mas como a professora queria me passar as coisas das aulas primeiro, Iris não teve tempo de falar comigo. Mas quando a professora deu o horário do lanche, ela correu até do lado da minha cadeira, como eu tinha a mania de não descer na hora do intervalo, eu fiquei na minha cadeira, com algumas folhas que a professora tinha me dado, já que eu menti que não tinha trago folhas, a professora também me emprestou lápis, canetas, porque quebraram todas as minhas. Enquanto Iris se aproximava eu desenhava no canto da folha, ela sentou do meu lado, em uma cadeira onde um garoto estava sentado, mas tinha se levantado para ir comer.

A Nova vida de SamWhere stories live. Discover now