Capítulo 7- Entre fogo e gelo

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Olá, pessoal. Mais capítulos postado. Espero que o apreciem e me deixem seus comentários. Beijos.



ANNE E GILBERT

Era mais uma manhã fria quando Anne despertou naquele dia de janeiro, porém diferente do seu tempo no convento, quando acordava às sete da manhã animada para mais algumas horas de estudo, e depois se reunia com as amigas no refeitório ou em seus quartos para compartilharem seus pensamentos juvenis, ela não sentia nenhuma vontade de se levantar.

Seu corpo doía, e sua cabeça também, por isso, ela tinha quase certeza de que o seu mergulho no lago não resultara em nada positivo. Por culpa do Conde, com certeza tinha apanhado um resfriado, e aquele período rigoroso de inverno apenas tendia a piorar seu estado febril, e a sensação de frio que as várias camadas de cobertores não conseguiam levar embora.

Tinha nevado na noite anterior, por isso, uma pequena quantidade branca de neve cobria o parapeito da janela, assim como os vidros que pareciam tão congelados que mal se via o mundo lá fora. Sua vontade era não sair do quarto, porém, o Conde tinha deixado bem claro no primeiro dia em que chegaram ali que esperava tê-la como companhia em todas as refeições, então, não duvidava nada que ele fosse capaz de entrar em seu quarto e arrastá-la para a mesa do café da manhã no estilo bem homem das cavernas que ele parecia encarnar em determinadas ocasiões.

Ainda assim, ela se permitiu ficar mais um pouco entre as abençoadas cobertas de lã, que a mantinham aquecida, e lhe proporcionavam um sono gostoso, fazendo-a cochilar em vários momentos, e quando deu por si estava trinta minutos atrasada. Assim, ela saiu da cama resmungando, enquanto tremia de frio ao abandonar o conforto de seu colchão macio para enfrentar o ar gelado daquela manhã em seus pés desnudos ao caminhar para o chuveiro sentindo seu corpo pesar. Assim que a água quente caiu sobre ela, a ruivinha respirou aliviada. No convento, os banhos eram sempre rápidos, e não tinham todo aquele conforto que o casarão do Conde dispunha sem remorso, e cada interna tinha seu tempo cronometrado, pois a água era escassa, e se não houve um controle rígido das freiras sobre suas pupilas, uma ou várias delas poderiam simplesmente ter que ir para cama sem se banhar, e tal ato era inadmissível, pois o asseio com o próprio corpo era visto como uma virtude, a qual era extremamente valorizada.

Ela saiu do banho e se vestiu com a roupa mais confortável que encontrou. A cabeça ainda doía e a temperatura de seu corpo estava muito quente, porém, Anne tentou ignorar esse fato, pois teria que descer e encarar Gilbert depois da noite anterior, e isso a abalava profundamente. Ela se deixara levar pelo tom sincero de desculpas da voz dele e baixara sua guarda sem perceber. O desabafo sobre seu pai e mais o clima de intimidade que se criou, culminara com o beijo que trocaram, e por fim ele a deixara sozinha, fazendo-a se sentir uma idiota por achar que ele gostava dela pelo menos um pouquinho.

Que absurdo, pensara! Anne disse a si mesma. Quem disse que queria que ele gostasse dela? Tinha que se manter o mais longe possível dele, pois se envolver com aquele homem era dar a ele exatamente o que o Conde queria. Não ia ceder e nem se rebaixar a sentir algo por alguém que só queria usá-la para conseguir se vingar, e não seria um joguete em suas mãos, mesmo que seus beijos enlouquecedores lhe tirassem a razão ou lhe fizessem desejar saber o que haveria mais depois deles.

Ela se forçou a sair do quarto e a descer as escadas. Quando chegou na sala onde o café normalmente era servido, Anne encontrou surpresa o Conde conversando animadamente com Cole.

- Está atrasada.- ele disse ignorando-a totalmente.

- Desculpe-me.- ela disse, sentindo-se sem jeito pela maneira como ele claramente fazia o possível para sequer encará-la, tratando-a com uma frieza desconcertante.

Passion and Desire- Anne with an eМесто, где живут истории. Откройте их для себя