Inside The Walls

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Capítulo com 13404 palavras 





Se o local pudesse ser descrito com uma única palavra, essa palavra seria silêncio.

Não importa qual direção se tornasse alvo da audição altamente sensível e evoluída de cada Classe S ali, até mesmo dos Classes Comuns, o silêncio parecia ser tudo o que poderia ser absorvido. Como se a terra tivesse parado de girar a algum tempo, o vento deixado de soprar com toda sua fúria e desejo vicioso de reduzir a vida daqueles que certamente deveriam perecer ao frio. Até mesmo a poeira, tão conhecida e comum aos olhos e demais sentidos, parecia ter desejo de vagar sem rumo pelo ar ao redor deles.

As nuvens escuras pareciam cautelosas em moverem-se centímetros após centímetros entre espaços longos de tempo. A lua parecia receosa sobre a luz forte que se permitia esbanjar, banhando a terra, ou o que havia restado dela, pálida sob camadas e camadas de neve, não fazendo mais do que tornar o cenário visivelmente mais morto do que parecia aos ouvidos e olhos de quem prestava atenção.

Vez ou outra, a respiração de alguém escondido na escuridão podia ser ouvida, mais raramente o som de passos se fazia notável aqui ou ali, antes de sumir atrás da penumbra da floresta de neve.

Talvez, por estar tão silencioso e quieto assim, que os olhos amarelados de Zayn foram tão rápidos quanto sua audição quando um único chiado ecoou mais ao alto, levando-o a erguer o olhar e sessar completamente os movimentos imperceptíveis que fazia seu corpo realizar.

Ele não saberia dizer quanto tempo levou olhando para cima, mas não se arrependeu de nenhum segundo perdido. Sobre um tronco de árvore parcialmente coberto de neve, a criatura nunca antes vista por ele esticou as garras, esfregando-as no tronco três vezes antes de agitar as asas da mesma exata cor que a neve por todo o local. O bico lustroso e de aparência forte sendo usado para coçar e repuxar uma porção das penas ao lado direito do peito e então, finalmente, os grandes olhos redondos e de um tom amarelado vivo se fixaram nos seus.

Um som foi emitido pelo animal, algo que soou como um " Kou-kou " " Uuh- Uuh" e Zayn nunca havia ouvido algo assim. Ou visto algo assim.

Uma ave.

Era sua primeira vez vendo uma ave. A partir de seus conhecimentos limitados sobre animais ainda existentes, aves não fazia parte da lista pequena dos pobres infelizes que tiveram que aprender a viver em meio a poeira. Zayn não saberia dizer que animal era este, por sorte, um novo som veio saudar a noite morta em que estava, os passos sendo ouvidos por ele sem dificuldade antes que a silhueta mais baixa se pusesse ao seu lado.

A pessoa que se aproximou também estava olhando para cima, o S de pantera não precisando de muito para saber que ambos estavam encarando a mesma criatura magnífica e inédita.

- Coruja.

A voz de Yaser encheu seus ouvidos, não de forma agressiva ou ruim, mas macia e despreocupada, ainda que pudesse ser facilmente classificada com resquícios de uma emoção que, ao olhar para a ave, Zayn imaginou talvez também possuir.

- Ela é linda.

- Se está viva, então existem mais. – Yaser voltou a falar, a fumaça expelida por sua boca parecendo dançar em frente ao seu rosto antes de se dissipar através do ar frio. – Nada pode surgir do nada. Ela deve ter vindo de um ovo colocado por outra de sua espécie.

- Você já tinha visto uma ave antes?

- A primeira e última vez que eu vi uma ave, foi exatamente uma coruja. – Yaser respondeu, não virando-se para olhar em direção ao maior, apenas continuando a encarar o animal que, de maneira despreocupada como se fosse infinitamente superior a ambos os alphas sobre o solo, lhes encarava de volta. – Era uma coruja muito parecida com essa. Nós vimos juntos, sua mãe e eu, quando ela estava grávida de você.

S ClassWhere stories live. Discover now