9| REENCONTRO

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Nina abriu os olhos e logo os fechou. A luz de onde quer que estava a cegou e levou um tempo até que sua visão se acostumasse à claridade. Estava deitada sobre uma cama hospitalar e coberta por um lençol branco que não a aquecia do frio intenso do ar condicionado ligado na sala. Ainda vestia a mesma roupa da noite anterior a não ser pelos sapatos que se encontravam em uma cadeira ao lado da cama, em cima de uma troca de roupa idêntica a de Orquídea.

Olhou ao redor. O quarto era imensa e não levou muito tempo para Nina perceber que estava numa enfermaria. Havia uma porta cinzenta no canto oposto da sala pintada inteiramente de branco e mais 3 camas iguais a dela vazias, postas lado a lado com uma distância de aproximadamente dois passos entre elas. Na parede da porta havia uma comprida janela de vidro, alta demais para que ela pudesse escalar e ao lado de cada cama encontravam-se monitores que ela imediatamente reconheceu como de multiparâmetro de sinais vitais. Apenas o dela estava ligado e produzia um constante e irritante som que até então ela não havia notado. Pi, pi, pi, pi.

Ela também percebeu uma enorme pia embutida na parede à frente dela sustentada por uma enorme bancada que, visto de longe, parecia ser feita de quartzo. Duas embalagens repousavam ali, uma com luvas descartáveis de látex e outra com um pedaço de lenço saindo de sua abertura. Na mesma direção, Nina via um armário cheio de pequenos frascos cujos os nomes ela não era capaz de ler. Imaginou que deviam ser remédios e logo checou os dois braços para se certificar de que não haviam cicatrizes de agulhas em sua pele.

Ao puxar os braços das cobertas notou que não haviam marcas em pelo menos um deles. O outro apresentava uma faixa branca enrolada por todo seu pulso, escondendo a ela sua a pele. Ela tentou arrancar a faixa, mas assim que os dedos a tocaram uma pontada de dor a atingiu. A pulseira, lembrou a si mesma, queimou você. Imediatamente lembrou de Isaac a prensando contra a parede pelo pescoço e ordenando a Jordan que a trouxesse para a enfermaria. Também se lembrou das últimas palavras que ele proferiu a ela. Disse que veria Emily.

Seu coração se apertou por um momento e involuntariamente o braço enfaixado moveu-se até seu o peito, a mão fechada em punho sentindo o órgão bater, circulando sangue por seu corpo. Emily... Teria ele falado a verdade? Será que finalmente havia chegado a hora de reencontrá-la?

Não pôde responder à pergunta. A porta foi aberta e White passou andando por ela. O terno usual foi trocado por um jaleco de mesma cor enquanto o restante da vestimenta — calças e sapatos — continuassem parecendo os mesmos. Carregava uma prancheta transparente e uma caneta em mãos.

Atrás dele vinham dois outros guardas e suas armas nas costas. Devido aos capacetes e as viseiras negras, Nina ainda não via seus rostos e supunha que não faria diferença se visse. Pelo contrário, o fato de não ser capaz de olhar em seus olhos a causava mais medo, por algum motivo.

— Ah, vejo que está acordada, senhorita Maldonado — falou White, com um enorme sorriso no rosto.

— Infelizmente — Nina se ouviu murmurar em resposta.

— Tenho que lhe fazer algumas perguntas — disse Jordan, parecendo não tê-la ouvido. — Apenas por rotina. Como foi seu sono?

Nina o encarou, certa de que havia um olhar de completa confusão em seu rosto.

Como foi meu sono? Está brincando comigo? Onde está minha irmã? Isaac disse...

— Então se lembra do que o Homem lhe disse! — ele a cortou, anotando a informação. — Isto é ótimo.

— Sim, eu me lembro de tudo. Inclusive me lembro de que sua pequena invenção não funciona — ela provocou e aquilo pareceu atrair o olhar do homem.

REDENÇÃO | PARTE 1 |Where stories live. Discover now