5| O HOMEM POR TRÁS DO CHIP

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— REBECCA! — a voz de Eric era transformada em ecos, de modo que quem passasse do lado de fora da enorme sala onde estavam poderia jurar que havia vários rapazes de dezoito anos gritando o nome ao mesmo tempo e na mesma altura.

O grito desesperado foi interrompido por mais um soco. O terno anteriormente branco como a neve mudara de cor, manchado agora de sangue e suor. Nina olhava mais cortes se abrirem no rosto de Eric.

— REBECCA! ME RESPONDA! — ele berrava, tentando com toda a força se libertar da cadeira da qual estava amarrado.

— Minha nossa, você é realmente resistente — disse White. — Escolhi o homem certo. Sabe, você realmente daria um bom guarda.

— White...por favor...eu imploro... — exclamava Nina. Os soluços cortavam suas frases sem que ela pudesse evitar. Já perdera a conta de quantas vezes assistira Eric apanhar até atingir a inconsciência.

— Você sabe o que precisa ser feito, senhorita Maldonado — disse ele, encarando-a com o mesmo olhar sádico de sempre. — Eric é estúpido, mas não creio a senhorita também o seja.

— Não ouça ele, Nina — disse Oliver, respirando descontrolado. — Não o deixe entrar em sua mente.

— Sabe o que eu desejo saber, senhorita Maldonado. Sabe o que precisa me revelar para ter Eric ao seu lado.

— Nós nunca vamos lhe contar! — gritou o menino loiro, com a fúria explodindo por trás de seus olhos.

Nina não conseguia mais falar. Todas as palavras fugiram dela como se fossem líquido enquanto ela as tentava capturar com a mão. O desespero tomava conta de seu corpo e ela percebeu pelo tilintar metálico das correntes que tremia.

Desde que chegaram aquele lugar, ela não se lembrava do que White havia feito com ela e com seus amigos. Todos os flahses que brilhavam em seus olhos a mostravam três pessoas fracas e dopadas por fortes remédios que garantiam que eles permanecessem naquele estado. Depois, tudo o que se lembrava era do homem de branco arrastando Eric até o meio daquele lugar e iniciando sua sessão de espancamento.

Ela daria tudo para saber onde estavam. Não conseguia enxergar nada em suas costas, tampouco virar a cabeça para tentar. Tudo o que via era uma grande sacada que ia de um canto da parede a outro, de onde descia uma escadaria colorida com uma mistura de cinza e branco. Lá em cima, havia um portal sem porta na parede vazia que com certeza resultava em um longo corredor repleto de escuridão. O chão era coberto de azulejos brancos e impecavelmente limpos e o teto, tão alto quanto o de uma catedral, exibia as longas lâmpadas brilhantes que iluminavam tudo.

White retornou a bater em Eric que ainda gritava o nome de Rebecca com todo o ar restante em seu pulmão. Não parecia sentir dor, pois quanto mais murros o punho do homem desferia em seu rosto, mais sua voz tornava-se alta e desesperadora. A cada golpe, o chão enchia-se de sangue, que brilhava escarlate puro em meio a todo a claridade do ambiente.

Nina estava perdendo a esperança toda a esperança. Ali, naquele momento, seu corpo havia desistido de lutar e sua mente, desistido de tudo. Mesmo que saísse dali, estava fraca demais para resistir. Não havia escapatória a não ser entregar a White exatamente o que ele queria.

Nina levantou o olhar e viu o homem repetindo os mesmos movimentos de uma hora atrás. Ela não ouvia mais nada, tudo parecia ter perdido a cor e se transformado em um filme em preto e branco que se reproduzia lentamente.

— CHEGA! — sua voz foi arrancada de sua garganta a força e as lágrimas começaram a rolar por seu rosto. — Pare! Pare! Por favor, pare!

— Esta será a última vez que eu falarei isto —

REDENÇÃO | PARTE 1 |Onde histórias criam vida. Descubra agora