• medication, patient zero •

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 × Jimin ×

- Eu não consigo entender. - Diz o médico enquanto olha de novo a tela de seu computador. - Enfermeira Kang, e os ratos?

- As cobaias ainda apresentam comportamento agressivo, doutor.

- Hm...

Já se passaram quatro, quase cinco horas que estávamos aqui: uma salinha pequena e mal iluminada no último andar de um prédio velho qualquer em um bairro esquecido da cidade. Estava quente, tão quente que sentia o suor umedecer os cabelos loiros em minha nuca, mas aquilo não me incomodava agora.

Depois da decisão que tomei ao sair do bar, comprei um mapa da cidade em uma banca de rua qualquer a fim de achar o endereço que JK deixou no bilhete para mim. Na verdade, foi para Hope, mas ele não estava disponível, então terá que se contentar comigo mesmo.

Nunca achei que agradeceria as aulas de cartografia que temos no ensino médio, mas foi graças a elas que não demorei toda uma eternidade para chegar aonde deveria ir. A parte de ser madrugada e de estar sozinho em uma cidade que não conheço, ainda mais naquela parte da cidade, com certeza me ajudou a apertar o passo também.

Dizer que não estava com medo seria uma mentira, mas eu nunca estive tão decido sobre algo em minha vida toda. Eu podia fugir, sim, dar as costas, voltar para o hotel e embarcar no próximo voo de volta para meu país e usar tudo isso para uma matéria que seria muito bem recompensada.

Mas eu não queria. Pela primeira vez, eu faria o que realmente quero e não o que esperam de mim, porque já estou cansado de carregar esse fardo de decepções alheias.

Quando entrei pela porta da salinha minúscula que estava agora, um pouco ofegante por ter corrido escada acima, um homem de jaleco e sentado na cadeira em frente a um computador me recebeu com uma faca apontada em minha direção.

Um diferente tipo de hospitalidade, eu diria.

Logo de cara usei a carta "JK me mandou aqui" para evitar maiores complicações e prováveis perfurações, então ele abaixou a arma e apenas se apresentou como doutor Francis antes de voltar a sua atenção para a tela de novo. Para ser sincero, eu não esperava nem que ele dissesse seu nome, então estava de bom tamanho. A enfermeira, que depois eu descobriria chamar Kang, saiu detrás de uma cortina que dava para algum lugar escuro assim que fechei a porta de entrada.

Não foi difícil ver que ali era um laboratório improvisado, havia fotos de coisas microscópicas nas paredes, frascos com amostras de sangue no balcão e muitos livros de medicina por todo o chão. Um caos total.

Só quando li o título em letras pequenas no computador que consegui ter algum palpite sobre a última parte do bilhete de Jungkook, escrito em um canto com letras menores, como se não pudesse ser encontrado. Ou melhor, como se não devesse ser encontrado.

Higanbana...

Talvez fosse um vírus, uma bactéria, ou quem sabe uma substância.

Não, não era isso... uma droga.

A palavra saiu de minha boca sem perceber e o médico me encarou longos segundos antes de decidir se falaria ou não, se era digno de sua confiança para ouvir o que ele sabe.

Então, antes de exigir qualquer explicação sua, contei tudo o que passei para chegar até ali, desde meu primeiro passo dentro do bar até a prisão de JK. Afinal de contas, os filmes de máfia super educativos para esse tipo de situação deixam bem claro: só se tem uma informação se você trocar por outra.

O médico, mesmo sem expressar uma reação sequer, ouviu tudo cuidadosamente até que eu terminasse. Depois, sem fazer nenhum comentário sobre os acontecimentos, começou a explicar tudo o que Higanbana significava, mas a verdade é que era muito difícil entender porque ainda não se conhecia o todo.

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⏰ Last updated: Jun 24, 2021 ⏰

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higanbana | jikook |Where stories live. Discover now