Destinados A Reinar

Capítulo Seis: Descendentes

Hyuga Hinata

Fazem exatamente dois minutos que estou deitada sobre o manto de grãos pegajosos desta praia, sei disso porque estou contando os segundos. Eu não sei com exatidão o que houve, apenas estou ciente de que me afoguei e quando acordei vi Sasuke dar um longo suspiro de alívio.
Seria estranho ele estar preocupado comigo, nem sequer nos conhecemos direito. Tudo o que sei e descobri nos últimos dias sobre ele é que não gosta de conversar, está sempre sério, não mostra suas emoções e me observa muito. Eu não o culpo por me olhar de soslaio as vezes porque também faço isso, mas parece que agora seus olhos duram alguns segundos a mais sobre mim, o que me deixa completamente envergonhada. Em momentos raros quando nossos olhares se cruzam, fico ainda mais nervosa, as mãos suam o corpo congela e queima, meu coração bombeia o sangue mais rápido, os pelos da minha pele se arrepiam e minhas bochechas ruborizam. As sensações que ele causa em mim me assustam, me deixam com medo e estranhamente bem.
Não sinto isso a muito anos, não fico nervosa ou tímida na presença de alguém a muito tempo. Desde que me apaixonei e fui descartada fora nunca mais me permiti sentir isso, nunca mais quis sentir isso. Por medo de tudo se repetir. Porém, eu havia esquecido o quanto é bom e incrível e hipnotizante sentir esses sentimentos. Tinha esquecido que talvez possa existir outra chance de se apaixonar, de se perder no labirinto do coroação de alguém e experimentar os melhores momentos, as melhores sensações e pensamentos e sonhos. É como estar completamente drogado por isso. Pensar o dia todo em só uma pessoa. Desejar tanto o toque dela que leva você aos delírios. Pensar irracionalmente quando se trata de quem queremos. Fazer atos toscos só para agradar e deixar feliz a quem tanto pensamos, queremos, desejamos.

Não posso permitir que algo do passado tenha controle sobre o restante da minha vida. Presenciei hoje o que a morte é. Não quero passar o resto dos meus anos se lamentando por algo que não há volta, ficar imaginando coisas que nunca acontecerão. Tenho que aproveitar ao máximo os momentos, todos os segundos e minutos e horas e anos. Não posso ficar parada no tempo enquanto todos seguem em frente, não posso paralisar a ampulheta que conta nossos dias.
Tenho que fazer valer a pena a minha existência, tenho que me tornar uma mulher mais forte, confiante e mais determinada, não quero mais ser a sensível garotinha que chora pelos cantos. Vou fazer com que cada pessoa de todas as dimensões conheça meu nome.

Hyuga Hinata.

Aquela que se levantou do mar de lágrimas que foi seu coração e subiu ao topo da lua para todos a verem e a temerem.

- Hyuga!? Você não desmaiou, não é? - Sua voz me assusta. Está rouca e fria, com certeza vai pegar um resfriado assim como eu. Eu perdi a conta de quantos minutos fiquei em silêncio, mas pareceram séculos.

Eu viro meu rosto e encaro aqueles olhos que me deixam tão nervosa.

Poderia me perder na escuridão deles.

- Não. - Eu suspiro e encontro as palavras certas. - Obrigada por salvar minha vida, não sei o que faria sem você aqui. - Ele parece surpreso, franze a testa e fica em silêncio pelo que parecem anos. Apenas fixa seus olhos em meu rosto e me observa... Sinto que ele possa descobrir todos os meus segredos me encarando tão profundamente.

Ele demora um segundo a mais em meus lábios antes de olhar diretamente para mim. - Só fiz o necessário. - Ele volta a me encarar com seus olhos intensos.

Eu olho ele dessa vez também. Seus cabelos ficam irritantemente lindos molhados e caídos em seu rosto, aquela feição séria e fria que me deixa tão quente e nervosa e seus lábios vermelhos e entreabertos. Quando me deparo, já estou encarando seus lábios por tempo demais. Eu não tenho noção do tempo quando estou com ele, perco até mesmo a noção de quem sou.