Capítulo 22

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                 (MINE CAP)

 Esticada naquela cama eu encarava atentamente o teto. Com fones de ouvido no volume máximo, que, por sua vez tocava a música “Stuck with me” da banda The Neighbourhood. Eu suspirava de segundo a segundo. Enquanto cantarolava, ou melhor, sussurrava a música maravilhosa que soava em meus ouvidos.

Pulo de susto quando, de canto de olho, avisto a porta abrindo lentamente. Já deviam se passar das 2:00 da manhã. Viro-me bruscamente fitando a porta, e então vejo Mylles passando por ela, adentrando o quarto. Ergo minha sobrancelha, tirando os fones de ouvido e o encarando curiosa.

— Eu bati, mas ninguém respondeu. Ai eu entrei... — Se explica rapidamente. Me olhando cismado.

— E o que você quer? — Indago, num tom completamente rude. Ele suspira

— Dormir... — Diz, como uma súplica

— E o que eu tenho a ver com isso?— Rebato rapidamente, ainda mais arrogante.

— Sabe que eu só consigo dormir com você. — Diz breve, me fazendo gargalhar irônica — Por favor, Luna. Não prego os olhos faz quase uma semana! — Me encarava com aqueles olhos verdes que se encontravam com uma aparência completamente cansada. Respiro fundo, o olhando em silêncio por alguns segundos.

— Se você ficar com gracinhas eu juro que te expulso daqui! — Afirmo ríspida

— Não vou tentar nada, eu juro! Eu só quero dormir, Lu... Estou cansado.

— Tudo bem, então... Fecha a porta! — Digo, vendo o homem esboçar um sorriso vitorioso de orelha a orelha.

Ele encosta a porta e anda vagarosamente em direção a cama, sentando gentilmente sobre ela e me fitando. Devolvo a ação dele instantaneamente. E então, por alguns segundos ficamos ali, sentados, nos encarando como dois idiotas. Seus olhos caem sobre minha boca, e ele engole em seco.

— Você não vai deitar? — Indaga, me fazendo sair do transe em que me encontrava. Respiro fundo, me virando de costas para Matt e me deitando. Minha respiração estava lenta. Sinto o coxão afundar quando o rapaz se moveu sobre ele. Pego meu celular, desconectando os fones de ouvido. Permitindo que a música soasse por todo o cômodo. 

Alguns segundos se passaram até eu poder sentir uma das mãos de Matt se enrolando em minha cintura. E então, ele leva a sua outra até meu pescoço, tirando de lá os fios de cabelo que estavam espalhados. Sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiando com a sua ação. E espremendo os olhos,  sentindo meu coração cada vez batendo mais acelerado. Então, finalmente o rosto do homem estava afundado no meu pescoço. Ele suspirou fundo, assim que seu nariz tocou minha pele. Me fazendo arfar com a sensação prazerosa que aquela ação me proporciono. 

O rapaz me apertou mais contra si, quase que como pra se certificar de que eu não fugiria dele em momento algum. Seus dedos alisavam gentilmente a pele da minha cintura. 

— Eu senti tanta saudade do teu cheiro... — Ele resmunga breve, me fazendo prender o ar por alguns segundos. Espremo ainda mais os olhos, sentindo a respiração dele batendo contra minha pele. 

— Eu senti sua falta por inteiro. — Balbucio, ainda de olhos fechados. E me contorço simetricamente quando sinto os lábios de Mylles tocar meu pescoço com um beijo.

— Eu queria poder te proteger de mim, pequena... Sinto muito por não se sentir segura comigo.

— Eu me sinto. — Protesto rapidamente — Mas eu sei que essa minha falsa sensação securitária é apenas uma idealização... Queria poder confiar nos meus sentimentos, mas eu não posso. Eu sei o quanto você pode me fazer mal, Mylles. Mesmo sem intenção... O que torna ainda mais irônico eu me senti tão segura com você. — Ele se cala, intacto por alguns segundos. E então suspira, enterrando novamente seu rosto da pele do meu pescoço.

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Poucas pessoas ainda haviam entrado na sala. Eu permanecia sentada, enquanto encarava atentamente o homem em minha frente, que, com aquele sorriso malicioso e irônico devolvia sem a maior descrição a ação. Ergo uma sobrancelha, mordendo a parte interior de minha bochecha. E então suspirando.

Victor, sentado em sua cadeira, batia repetidamente a caneta em suas mãos contra a mesa. Enquanto, de longe, ainda me fitava fixamente, analisando cada detalhe do meu rosto.

De repente a porta de entrada se abre, revelando Matt que passeia com seus olhos por toda a sala, até parar em mim. E andar lentamente em minha direção. Carregava em suas mãos uma sacola cor branca. Vestia sua velha jaqueta de couro preta, e seus cabelos jogados desleixadamente pra trás. Ele coloca o embrulho sobre minha mesa delicadamente assim que me alcança, o olho curiosa.

— Você não tomou café e odeia a comida da cantina. Te trouxe algo pra comer! — Diz sereno, esboço um pequeno sorriso fitando os olhos verdes de Mylles que me encaravam genuinamente. 

— Obrigada! — Balbucio, engolindo em seco. Ainda hipnotizada por aqueles olhos.

— Matt Mylles e sua jaqueta de couro! — Victor berra debochado, enquanto caminhava lentamente até onde estávamos. Matt bufa entediado revirando os olhos antes de se virar pro homem.

— Eu mesmo! — Diz breve, fazendo o sorriso de Victor crescer ainda mais.

— Não pode ficar na sala se não estuda aqui, bonitão! — Afirma, com um ar totalmente maléfico.

— Tudo bem, eu já estava de saída. Só trouxe algo pra ela comer! — Rebate breve, enfiando as mãos no bolso.

— Olha, você é tão gentil!

— Só estou cuidando do que é meu! — Matt diz, abrindo um sorriso convencido enquanto o de Victor definhava lentamente.

— Bom... Então deixa que eu toco daqui pra frente! — Provoca, encarando ainda mais furioso. Eu podia sentir o cheiro de testosterona pairando no ar.

— Tudo bem... Mais vai ter que se esforçar um pouco mais. Talvez assim você seja lembrado da próxima vez! — Matt esboça um sorriso de orelha a orelha. Enquanto Victor lançava um olhar assassino pra ele. – Bem... De qualquer forma eu já estou indo. Até mais... Como era mesmo? — Ironiza ainda mais, fingindo se esquecer do nome do Rapaz. —David? 

— Victor... — Responde breve.

— Isso! Victor! — Ele estava se deliciando com aquilo se forma tão exorbitante, que ao menos se deu conta que eu estava ali analisando cada parte da conversa. Seus olhos caem sobre mim e ele pisca sedutor. — Até mais tarde, pequena. Se cuida! — É tudo que diz antes de andar lentamente até a porta, sumindo por ela.

Matt Mylles, minha deplorável perdição (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora