Capítulo 14

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Segurando aquele aparelho celular em minha mão tremula eu ouvia, ou pelo menos fingia ouvir as palavras que Derick me pronunciava.

— Derick, eu já disse que estou ótima! Você sabe que eu não fico doente nunca. Não se preocupe, cuide das suas coisas que eu irei me cuidar! —  eu resmungava, enquanto encarava atentamente a cena do filme que se passava na tv em minha frente. Ouço Derick reclamar mais de algumas outras coisas.

— Olha, eu preciso ir, se cuida! —  Digo, enquanto desligava a chamada na cara do homem. Derick e Henry haviam saído da cidade, eles tinham uma audiência que não podiam faltar de forma alguma, onde o Juiz decidirá algo em relação à adoção de Aba. Eu estava péssima, havia acordado num estado deplorável, com frio, tosse e muita dor de cabeça. O que não me preocupava muito, já que como as poucas vezes que eu me encontrei nesse estado eu apenas ignorava o problema até ele passar a não existir. E sempre funcionou.

Enrolada em várias cobertas eu me tremia de frio, enquanto meus olhos estavam fixos nas legendas de cor amarela que passava rapidamente pela tela. Ouço a porta abrindo e se fechando rapidamente, e em seguida passos vindo em direção a sala. O homem carregava sua guitarra dentro da capa, que em poucos minutos se encontrava no chão, após ele largar delicadamente a mesma. Tirando sua jaqueta de couro e me encarado fixamente. Trocamos olhares por alguns segundos, mas logo meus olhos estavam grudados novamente na TV. 

Matt bufa, andando em passos rápidos para cozinha. Suspiro, ainda assistindo ao filme, choramingando assim que noto aquela maravilhosa cena passando diante de meus olhos. 

— Odeio quando me faz rir, mas muito mais quando me faz chorar... Odeio quando não está por perto, e o fato de não me ligar. Mas eu odeio principalmente não conseguir te odiar. Nem um pouco, nem mesmo por um segundo, nem mesmo só por te odiar. —  Eu pronunciava as palavras baixo, sincronicamente com a atriz, enquanto analisava aquele momento glorioso com toda a atenção que eu podia. Eu já havia assistido tanto aquela cena, que as falas já estavam todas impregnadas em minha mente, e eu me orgulhava exorbitantemente daquilo.

Matt aparece novamente na sala, dessa vez sem camisa e segurando uma bacia em suas mãos. Parando em minha frente e se agachando.

— O que está fazendo? — Indago olhando o homem com uma sobrancelha erguida. Que leva sua mão até minha testa.

— Você está queimando de febre! — Ele fala, pegando o pano que estava pendurado em seu ombro, molhando na água morna e levando o mesmo até minha testa.

— Não estou não! — Digo me erguendo um pouco.

— É mesmo? Me explica o motivo de você está derretendo enquanto bate o queixo de frio. —  Diz, sem me olhar, suspiro.

— Isso é só uma gripe idiota, Matt. — digo tirando o pano da minha testa. — Minha saúde é de ferro. Eu nunca fico doente. Isso é pra refutar que eu deveria ser doente apenas por minha alimentação ruim e falta de exercício físico. Não preciso de seus cuidados! — Digo, e o homem bufa, pegando o pano novamente e retornando a colocar em minha testa.

— Você não se importa consigo mesmo, Luna. Isso não significa que eu tenho que agir da mesma forma. — Diz, se levantando e andando até a cozinha novamente.

— Você não ia ter uma apresentação com sua banda hoje? — Pergunto, assim que ele aparece na porta com uma tigela com sopa fervente

— Cancelei! — Afirma, sentando em minha frente novamente — Pensei que você soubesse que minha prioridade é você!

— imaginei que as coisas tivessem mudado! —  Eu resmungo sorrateiramente, enquanto vejo o homem trazer uma colher de ensopado até minha boca.

Matt Mylles, minha deplorável perdição (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora