• Capítulo 23 •

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(Leiam o aviso no final por favor! Boa leitura❤)

Eu devia estar sonhando com alguma coisa aleatória, sei lá um unicórnio laranja comendo hambúrguer comigo na sorveteria e usando uma camiseta escrito: "i hate horses" (eu odeio cavalos).

Mas ouço alguém batendo na porta. Pego meu celular para ver que horas são, 3h15. Ok quem seria em plena madrugada? .

Passo a mãos nos meus olhos. Me levanto e abro a porta.

Mário.

— Oi? — falo imersa em dúvidas.

Ele estava com os olhos vermelhos, rosto inchado, ele havia chorado. Seu cabelo estava bagunçado.

— Entra, pode entrar — abro espaço e ele entra, fecho a porta em seguida — Aconteceu alguma coisa? Posso fazer algo por você? — digo e ele se deita na cama ainda em silêncio.

— Vem aqui. Por favor. — ele sussurra, sua voz quase não sai. Me deito ao seu lado e me viro, ficamos cara a cara e poxa, seus olhos são lindos.

— O que houve? — sussurro.

— Eu tive um pesadelo, mais parecia muito real. Eu precisava provar pra mim mesmo que eram só pensamentos idiotas. — ele começa a chorar baixo, aquilo cortou meu coração.

Viro o seu corpo e faço um conchinha. Eu sou a concha maior, espero que isso lhe passe segurança.

— Eu sei que o meu tio te contou sobre tudo — ele volta a sussurrar — Eu ia te chamar para o jantar e acabei ouvindo.

— Eu... — começo a falar mais ele me interrompe.

— Não, não tem problema. Eu tenho medo de ele voltar e... Estragar as nossas vidas de novo — ele chorava ainda mais, senti meus olhos lacrimejarem — Antonella ele me fazia muito mal. Me batia e falava pra eu ser "homem de verdade", me obrigou a jogar futebol quando eu só queria o meu skate. Ele raspava o meu cabelo e quando eu falava que o queria comprido ele falava que isso era coisa de menina e que ele não queria um filho "viadinho" — eu já estava morrendo de chorar, só tentava disfarçar e ficar em silêncio — Ele batia tanto na minha mãe, eu só conseguia ouvir ela chorar de noite e no outro dia — ele solta um risinho nasalado — Ela estava sorrindo e me convencendo de que estava tudo bem e que a gente era uma família feliz. Eu só queria que aquele monstro sumisse e quando ele sumiu eu fiquei aliviado. Depois de um tempo eu fiquei igual a ele. Eu bebia e saia batendo em qualquer um que eu via por ai. E mesmo que não fossem mulheres eu sinto vergonha hoje. Minha mãe tentava mudar meus pensamentos, mas eu nem ligava para o que ela dizia. Ela pagava todas as multas que eu levava e os prejuízos de hospitais das pessoas que eu batia. Ela não sabia o que fazer então só me dava mais e mais dinheiro. Que eu gastava bebendo e usando drogas. Era a minha válvula de escape, eu conseguia fugir dos meus problemas. Eu tentava me afastar de tudo mas não conseguia. Sempre voltava. Depois eu fui pro intercâmbio e consegui mudar. Aproveitei a oportunidade e criei o novo Mário, ninguém conheceria o antigo Mário lá. Mais no final de tudo talvez eu seja igual a ele mesmo e seja um mostro também. Só faço mal as pessoas e só penso em mim mesmo.

Me separo dele, viro seu corpo bruscamente e seguro seu rosto.

— Nunca mais fale isso! Você é você e ele é ele. Vocês não são iguais. Mário você é incrível e faz muito bem pra muita gente. Você mudou. Aquele Mário não existe mais! Como você mesmo disse. Me desculpa por ter falado aquilo de você, é que eu não tenho mais noção de nada que acontece e acabo descontando em quem não merece ouvir as baboseiras que eu falo.

Ele sorri. Aproveito para secar suas lágrimas com meu polegar.

— Obrigado — ele sussurra — Você me fez enxergar muita coisa que eu não conseguiria antes.

Uma Completa Confusão [PAUSADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora