Com a minha ótima memória, me esqueci que Mário não iria ir pra escola por conta da suspensão e acabei me atrasando.
Como a primeira aula já deve estar no meio, vou para o banheiro e me tranco em uma das cabines. Engraçado que a "Antonella exemplar" não está tão exemplar assim.
Ouço algumas vozes finas e gritinhos irritantes entrando no banheiro. Devem ser as patricinhas da escola. Ergo um poucos meus pés para que elas não vejam que estou aqui.
— Ai amiga ele é tão lindo...— uma das garotas dizia — E aquele cabelo ruivo meu Deus, dá vontade de agarra-lo e nunca mais parar de beijar.
Só havia um garoto ruivo em nossa escola. Gustavo. E tem uma grande chance de ela estar falando sobre ele agora. Sinto uma pontada de ciúme, o que me estimula a prestar mais atenção na conversa.
— Ele não está namorando com aquela nerd? — outra voz dizia, possivelmente se referindo a mim.
— Eu não ligo! Ele é muita areia pro caminhãozinho dela, obviamente deve ser só uma aposta ou uma brincadeira sei lá. Apesar que ontem quando eu cheguei com ele ela saiu toda bravinha - é claro que estavam falando de mim - Ele foi atrás mas é claro que só deve estar fingindo.
— É mesmo, uma boa parte das garotas daqui já ficaram com o Gustavo, ele tem uma boa fama viu! Não é de uma garota só.
— Ele vai ser só meu. Loira e ruivo. Como será que vão ser nossos filhos?
Agora eu sei quem está falando. A garota que estava agarrada com o Gustavo na entrada do refeitório. Ela é patética.
— Ai Jess você viaja mesmo.
Jess é o nome dela. O nome do meu mais novo pesadelo.
— É claro que ele vai preferir uma gostosa como eu do que uma nerd magricela que nem aquela garota. — elas riem e logo saem do banheiro.
Sinto uma vontade imensa de chorar. Eu odeio o meu corpo, mais odeio muito mais que falem dele. E mesmo que eu não dê a mínima para a opinião delas, ouvir pessoas falando coisas tão ruins sobre mim, sem dó nem piedade, foi horrível e tudo que eu tenho agora é vontade de sumir.
Eu luto todo dia para conseguir me aceitar como sou. Ai vem alguém e me estraçalha como se eu não fosse nada. É como se você passasse horas montando uma torre de cartas e em menos de um minuto, alguém chega e estraga tudo.
Um sentimento ruim bate forte no meu peito. Não consigo conter minhas lágrimas.
Ouço o sinal tocar. Seco minhas lágrimas rapidamente, respiro fundo e saio da cabine. Me olho no espelho e minha cara está péssima. Lavo o rosto, dou uma leve secada e saio do banheiro.
Corro até a sala e Eliza me olha preocupada.
— Bom dia, aonde você estava? — ela pergunta.
Me sento ao seu lado, na carteira de sempre.
— Bom dia, perdi hora e fiquei no banheiro. - tento sorrir para disfarçar a cara de choro.
— Ella o que foi? Você não tá bem. Pode contar o que aconteceu...
Gostei do apelido.
— Ouvi comentários desagradáveis sobre o meu corpo. Mais tá tudo bem eu juro.
— Olha não liga para o que dizem. Você é linda do seu jeitinho ok? Você é perfeita, maravilhosa, patroa, queen de tudo. — ela diz animada.
Eu sorrio, me levanto um pouco e a abraço forte. É bom ter um ombro amigo nessas horas.
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Uma Completa Confusão [PAUSADA]
Teen FictionAntonella é uma garota comum de 17 anos, não é muito boa na arte de fazer amigos, se dedica muito nos estudos, não curte muito festas ou as famosas "sociais" como os outros adolescentes de sua idade. Tudo muda no dia em que ela está voltando da cas...