Capítulo 38

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Natacha

Me sento no sofá, sentindo minha cabeça arder, mas não vou tomar remédio. Ouço a porta da frente se abrindo e vejo Margot, ela abre um sorriso, mas eu não retribuo. Vincent levou Lohan para escola, Olívia me afastou do trabalho alegando que não estou bem, mas eu não consigo entender porque estão me tratando como uma doente, não tem nenhum sentindo porque eu estou me sentindo ótima, só tenho alguns momentos difíceis de vez em quando. Margot volta para a sala com uma bandeja, onde tem salada de frutas e suco de laranja, ela me entrega o copo.

— Quer conversar? Você está muito calada, Natacha — se senta ao meu lado.

— Eu estou bem, Margot — bebo um gole do suco.

— Sinto que tem algo perturbando essa cabecinha, diz pra mim o que está lhe deixando assim — passa a mão nos meus cabelos.

— Vincent está me traindo! — uma lágrima solitária escorre por minha bochecha.

— Isso não é possível, Natacha, ele a ama! — me olha.

— Vincent quer um filho, como não posso dar um à ele, foi procurar outra mulher que pode engravidar.

— Por que você acha que está sendo traída?

— Nos últimos dias Vincent tem chegado mais tarde do trabalho, eu sei os horários dele e até de cabelo molhado ele já chegou em casa.

— Ele não corre de tarde? Ou vai na academia?

— Vincent comprou os aparelhos para se exercitar em casa mesmo e quando corre passa em casa primeiro para trocar de roupa.

— Na minha opinião você deveria conversar com ele e não tirar conclusões precipitadas, pensar em traição está lhe deixando pior, Natacha.

— Você também acha que estou louca, Margot? — coloco o copo na mesinha de centro.

— Louca não, mas você precisa de ajuda, só que é necessário se dar conta disso primeiro porque não podemos obriga-la a fazer nada — aperta a minha mão.

Por que dizem que preciso de ajuda sendo que me sinto bem? Tenho sido uma mãe meio chata para Lohan, mas é porque ele está muito bagunceiro, então preciso dar educação à ele e chamar a atenção quando faz algo de errado. Sem trabalho minha rotina é sem graça, só fico em casa à toa, antes quando estava de licença maternidade eu tinha meu filho porque ele não estudava ainda, mas agora sou só eu nesse lugar gigante.
Pego minha bolsa e um cartão cai dela, é da Yohanna, ela voltou a dar aulas de pole dance porque estava sentindo falta e aproveitar o tempo livre porque os filhos passam o dia todo na escolinha. Será que eu devo ir até lá e assistir uma aula? Minha cunhada já me convidou várias vezes, mas sempre invento uma desculpa, mas hoje vou sair um pouco para me distrair. Troco minha roupa e aviso Margot, ela pede uma carona e a deixo no centro, paro meu carro em uma vaga e entro no prédio onde Yohanna alugou uma sala para dar as aulas, tem várias alunas.
Me aproximo da porta e a vejo pelo vidro pequeno, ela estava na barra mostrando alguns movimentos para as mulheres, entro na sala e me sento em uma cadeira do fundo, não quero chamar atenção.

— Como eu expliquei, meninas, com cuidado e calma — sorriu para as alunas e seu sorriso amentou assim que me viu, me levanto quando se aproxima — Que bom lhe ver aqui, Natacha! — me abraçou, bem apertado.

— O seu cartão caiu da minha bolsa e eu resolvi vir apreciar a aula.

— Isso é um sinal para deixar as desculpas de lado e fazer uma aula experimental.

— Não tenho coordenação motora para isso, eu vim só olhar mesmo.

— E acha que eu nasci sabendo? Cai muitas vezes, mas me levantei em todas elas — pegou minha bolsa e colocou na cadeira — Eu vou lhe emprestar uma roupa confortável, já estou terminando essa aula e vou dar total atenção à você, vai ser divertido — sorriu de lado.

Vidas Cruzadas | Spin-off Trilogia AmoresWhere stories live. Discover now