Capítulo 30

554 75 8
                                    

Duas semanas depois

Vincent

Gregory foi condenado e acompanhamos o julgamento, mesmo que não fosse Natacha sendo a juíza. Mamãe quer ir visitá-lo, eu consegui enrolar por uma semana essa ida dela até a prisão, mas nada lhe fez mudar de ideia, então irei levá-la hoje. Vou acompanhar o tempo todo a sua conversa com ele, não confio em deixá-la sozinha na companhia daquele que já foi parte da minha família.

Gregory hoje parece um desconhecido, é como se a minha memória do passado tivesse sido apagada e eu só conheço esse homem do presente, o que dopou a minha mãe por anos, assediou a Hilary e ameaçou a minha esposa. Não existe mais a figura paterna, mesmo ele nunca demonstrando o afeto dele por mim eu pensava que pagando meus estudos era a forma de dizer que se importava, mas tudo isso que fez era com o dinheiro que recebia da Elaine e era parte do combinado me fazer estudar e ser alguém na vida. Meu pai disse que não devo ficar pensando nisso porque o dinheiro era dele e mesmo não sabendo pagou para eu ser o advogado que sou hoje e estudei como meus irmãos.

Fecho os dois botões da frente do paletó e saio do quarto, desço as escadas e coloco meu celular dentro da bolsa que deixei em cima do sofá da sala, da prisão eu volto em casa para deixar mamãe e depois já vou para a empresa, trabalhar na parte da tarde. Espero ela descer e vamos para o carro, me despeço da minha esposa e seguimos o caminho, em completo silêncio.
Eu sabia que mamãe estava nervosa porque seus dedos ficavam batucando uns nos outros sobre o colo, pego em sua mão e aperto, tentando tranquiliza-la. Estaciono e saímos, fazemos uma ficha de visitas e entramos depois de ser revistados e também passamos pelo detector de metais. Entramos em uma sala e mamãe se sentou na cadeira em frente à mesa separada com um vidro, fiquei parado mais para trás e um agente ficou no corredor caso aconteça algo.

— Se eu soubesse que era vocês eu não teria perdido o meu tempo vindo aqui — Gregory debocha, se sentando.

As algemas não foram tiradas dos seus pulsos. Seu olho esquerdo estava roxo e tinha machucados cicatrizados e outros recentes pelo rosto. Os presídios na França não são os melhores, sempre tem notícias de brigas e mortes passando nos jornais.

— Fui eu que insisti para vir — minha mãe fala — Quero lhe perdoar por tudo que me fez, por todos os anos que me humilhou e os remédios que me forçou a beber — uma lágrima escorre por sua bochecha, meu peito se aperta, odiava vê-la chorando.

— Que se foda o seu perdão, Ingrid, ele não me vale de nada.

— Não deveria falar assim comigo.

— Você nunca prestou como esposa, eu precisava procurar as vagabundas da rua para me satisfazer já que não servia para isso. E eu não quero saber dessas lamentações chatas, Ingrid, é irritante — bufa, entendido.

— Já chega, Gregory! Não vou deixar que fale mais dessa forma com a minha mãe! — esbravejo, me aproximando.

— Trouxe o filho querido para ele lhe proteger, Ingrid? — seus olhos frios se encontram com os meus.

— Não fale assim! Viu que a sua comparsa morreu?

— Elaine deve estar queimando no inferno agora, o que não é para menos, achou que ia se sair como vítima e tombou aquele carro de propósito para não cumprir a pena. É uma maldita que desgraçou a minha vida, igual a você, Ingrid. Já pensou que tudo isso é culpa sua? Se não tivesse inventado essa história de ser mãe, nada disso teria acontecido.

— Você fez tudo isso por dinheiro fácil, sempre odiou trabalhar, queria ganhar um salário dormindo e bebendo, era um vagabundo que dependia da mulher.

Vidas Cruzadas | Spin-off Trilogia AmoresWhere stories live. Discover now