ONZE

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O chão era gélido

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O chão era gélido. Minhas pernas doíam de ficar tanto tempo na mesma posição. Sentia-me fraca, ao mesmo tempo que sabia que podia aguentar muito mais do que esperava.

— Você parece quente.

Virei o rosto para o lado, expondo um pouco mais do meu pescoço. O médico estava passando uma toalha úmida por minha pele. Não perguntei o porquê. Talvez, por como ele disse, eu estivesse quente demais. Ou por que eu estava suja, não importa. Só que aquilo era bom.

Ainda estávamos no seu consultório. No chão do seu consultório. Sem agulhas a vista, comprimidos, máquinas hospitalares. Pura ironia. O que eu estaria fazendo no consultório se não fosse algo relacionado a minha saúde? O que mais poderíamos fazer aqui?

— Sua mão está fria.

— O quê? – ele perguntou, piscando rápido.

Ele estava distraído?

— Sua mão. Normalmente ela está quente, macia. Agora é fria.

— Você gosta de quando ela está quente?

— Gosto. É tão bom.

Ele sorriu. Observei sua covinha. Seu rosto, seu corpo... por que ele era tão bonito assim?

— Qual é o seu nome?

— O quê?

Foi minha vez de sorrir. Me virei para ele. Sua mão ainda segurava meu rosto e a outra com a toalha úmida ficou erguida no ar.

— Você nunca me disse. Você também não anda com seu crachá de identificação.

Em geral, procuro não me lembrar dos nomes dos meus médicos ou enfermeiros, mas ele é especial.

— Meu nome é Kyle.

— Oh.

Eu já tinha ouvido aquele nome antes. Me lembro daquele dia em que ele me deixou passar por toda a crise sem auxílio de injeções. Eu nunca tinha ido tão longe em uma crise e nunca tinha dito aquele nome antes. Isso me agitou um pouco, ainda que eu estivesse naquele efeito anestesiada, com a mente em branco, leve. Talvez eu tenha gritado o seu nome por já tê-lo ouvido antes, afinal ele trabalha no castelo, alguém deve tê-lo sussurrado uma vez ou outra na minha frente.

Esses pensamentos foram tudo o que eu me pus a ter. Tentar revirar minha própria cabeça era me fazer lembrar de tudo o que sentia no meu pior momento. Era transformar dor em prazer.

— E o baile? Você ainda quer fazer?

— Sim – arrisquei – Faz muito tempo que não temos um aqui.

Kyle prosseguiu ao que fazia. Ele segurou meu queixo e se focou no meu maxilar.

— Como era um baile antigamente?

𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐝𝐚 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐔𝐦Where stories live. Discover now