SEIS

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— O que você tem, Angelina, é algo muito mais simples do que pensa

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— O que você tem, Angelina, é algo muito mais simples do que pensa. A cicatriz...

O médico foi interrompido por um estrondo que perpetuou pelos corredores vazios até balançar a porta do meu quarto. Nós dois nos levantamos rapidamente da cama. Ele foi até a janela. Levantou levemente a cortina e espiou lá fora. Fiquei parada no meio do quarto com as mãos tremendo.

— Merda – o médico disse rispidamente.

Levei as mãos à minha barriga. A cicatriz doía pelo movimento brusco que fizera, mas o barulho alto me fez lembrar da outra noite. De quando as estrelas explodiram. Da guerra que nos cercava de todos os lados. O sangue que manchou a roupa de papai, o sangue que pingou das luvas de mamãe naquela sala de luz cegante.

— Sua mãe está aqui.

Meu estômago afundou. Tive que recuar até a parede para me sustentar. Era bom ela está aqui. Poderia acompanhar em primeira mão o tratamento funcionar. Iria tirar essa ideia louca do médico de me levar lá fora. De tirar os meus remédios. Ela vai gostar de saber que mais tempo acordada.

Sorri com este pensamento.

— Tome aqui – o médico se aproximou.

Ele tirou um frasco transparente do bolso. Não havia nenhum rótulo nele, era totalmente transparente. Ele o abriu, retirou um lencinho branco. Desdobrou na palma da sua mão e o remédio rosa surgiu de lá. Eu o agarrei e engoli sem hesitar.

Observei ele guardar o vestido cuidadosamente. Escondeu, no fundo da gaveta o pé de cabra. Ajeitou minha cama, pegou a bandeja de comida e saiu pela porta. Minutos depois ele voltou e foi em minha direção. Parou à minha frente.

Olhou dentro dos meus olhos. Delicado como uma pluma, o médico escovou meus cabelos com as próprias mãos. Depois, passou o paninho do frasco de remédios pelo meu rosto. Ele estava úmido, mas limpou todo o meu rosto. Quando acabou, o médico colocou seus óculos e segurou meus ombros.

— Eles têm que gostar de você agora, Angelina. Você é muito mais do parece ser.

Segurando afavelmente meu braço, saímos do meu quarto. Me mantive calada. Não era como se eu tivesse algo a dizer. Meu coração batia tão forte contra meu externo que tive medo dele estourar como um balão. Meu cérebro estava completamente anestesiado; não como ficava depois das injeções que os enfermeiros me davam. Era mais como se ele não fosse mais um órgão dominante e principal. As preocupações, medos e terror de antes que sobrevoaram meus pensamentos sumiram. Podia me concentrar na minha própria respiração. Podia enxergar as machas marrons na minha camisola branca. Perceber as grades nas janelas dos corredores.

— Depois de tanto tempo eles não conseguiram nada. Nenhuma novidade, nenhum segredo. Eu o amaldiçoo, Theodor Massie, por toda a merda que você causou.

Pisquei meus olhos, observando o médico de perfil.

— Tem muita sorte de já está morto, seu filha da puta desgraçado.

𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐝𝐚 - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝐔𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora