— Bem-vindos ao bordel! — Kari falou, sarcástica, revirando os olhos.

— Bordel? — Náidius estranhou, mas conseguindo entender a repulsa de Kari sobre o lugar.

— Sim, um bordel no meio do nada — Diego explicou. — Mas não julguem o lugar, eles servem bebidas, a comida é ótima e os quartos são bem confortáveis.

— Imagino que deve fazer bom proveito do lugar — Inarê falou com um tom de sarcasmo ao mesmo tempo compartilhando a repulsa de Kari.

Diego ficou calado por um tempo sem demostrar emoção. Parecia estar pensativo, porém, ele suspirou no final.

— É apenas um lugar para passar a noite.

Inarê observava todos caminhando para lá. Ele ponderou um pouco. Observava o lugar, para alguns cavalos em frente e o som de música ao vivo. Ele hesitou. A presença de um elfo ao redor de muita gente não terminava bem.

— Parece estar bem agitado para essa hora do dia e nesse lugar... — Ele falou.

Diego olhou para ele.

— Geralmente é assim todos os dias. Estamos em uma estrada, você sabe. Bordeis no meio do nada é um atrativo, não somente pelas mulheres, mas também pelos dormitórios.

Inarê arquejou.

— Geralmente evito estradas e lugares movimentados.

— Você tem medo de viver!

— Eu tenho medo de morrer por mãos ignorantes. — Ele replicou, puxando de suas coisas um lenço grosso e comprido de tricô, tingido com cores vibrantes entre vermelho e azul.

Náidius observava o elfo enrolar o lenço na cabeça como se fosse um turbante, ocultando perfeitamente as orelhas.

— Por que disso? — ele perguntou, franzindo o cenho.

— Evitar conflitos.

Kari se mantinha calada, não se sentia confortável em frequentar bordéis. O ambiente, os homens, as mulheres seminuas vendendo os seus corpos era um gatilho para si. Ela se lembrava de um certo período de tempo, isso a amargurava.

Como previsto, a música era alta, ambiente com muitas mesas e tinha muita gente. A maioria dos homens estavam bêbados, se divertindo com as mulheres vestidas provocantemente, geralmente com cores quentes em vermelho e com muitos decotes. Havia garrafas de bebidas por toda parte, as fumaças dos cigarros eram intoxicantes, também deixando a vista turva no salão com nenhuma janela e luzes amarelas de lampiões. O assoalho de madeira rangia, na verdade tudo era de madeira, o balcão de onde servia as bebidas, as mesas redondas e o palco onde mais garotas dançavam e se insinuavam para os seus clientes.

Diego estava sentado ao redor do balcão, contanto as moedas de todos seus colegas de viagem para alugar um quarto, sem falar no celeiro que também precisaram para incluir os dois cavalos naquela noite.

— Bem, acho que só temos o suficiente para dois quartos. — Diego falou com a voz ofuscada pela música alta.

Náidius estava ao seu lado, notando que ele tinha mais dinheiro guardado nos bolsos de seu casaco.

— Por que está me olhando assim? — Diego falou. — Não posso gastar tudo o que tenho, ainda precisamos pagar uma embarcação.

Realmente Náidius havia se esquecido disso. Nunca passou por sua cabeça que era necessário ter dinheiro para atravessar o oceano. Só havia lhe restado algumas moedas, e ele nem sabia como faria para conseguir algum dinheiro.

Inarê e Kari adentrava ao recinto após deixarem seus animais no celeiro. A garota sentiu a centenas de olhares de homens bêbados mirando para si. Ao passar por uma mesa, sentiu as garras de um sujeito segurar o seu pulso. Ela vislumbrou uma cara mórbida e embriagada, baforando uma mistura de álcool e comida podre. O seu estômago se revirou no mesmo instante.

Legend - O Mago Infernal (Livro 3)Where stories live. Discover now