XV - A FLORESTA

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Náidius afundava as botas na folhagem seca do chão. Se preparava para subir o terreno mais curvo na floresta fechada. A raiz das grandes árvores e os blocos de rochas que havia por toda parte lhe servia de apoio para não escorregar no solo úmido.

Ainda chovia, ainda estava bastante frio. Náidius se incomodava com a roupa molhada e a lama impregnada por todas as partes. O teto de folhas das gigantes árvores realmente conseguia estancar a chuva, embora muitas gotas geladas caíam sob si.

Diego observava o elfo que guiava ele e os outros para um abrigo. Por que ele estava ajudando-os? A cena em que ele presenciou talvez foi aterrorizante o bastante. O homem rangeu os dentes. Aquele ser se intrometeu no que não era da conta dele. Além de ameaçá-lo com suas flechas, ofereceu ajuda como se não temesse estar sob a presença de um assassino. O matador não sabia o que se passava naquela cabeça, mas supostamente o elfo não estava sendo somente só gentil.

Inarê, o elfo, caminhava em frente, guiando o trio a um abrigo bem conhecido por ele naquela floresta. Ele sabia que não estava seguro, ele sabia que indo em frente deixava a sua guarda baixa e bem atrás dele estava Diego Ceppas, um matador, um assassino famoso e imprevisível. Não se poderia confiar nele, além de tudo, ele era um bom caçador de recompensas, mataria qualquer um por dinheiro.

Inarê ainda se perguntava o porquê de ter se intrometido naquela ofensa entre o trio. Realmente as armas apontadas um para o outro havia sido causa de alguma discussão, mas com um assassino no meio, isso poderia haver terminado mal. Talvez as ameaças com suas flechas poderia ter sido uma boa escolha, apesar das desculpas de Diego de tudo aquilo haver sido apenas uma brincadeira de mal gosto.

O elfo segurou forte as rédeas de sua égua. Como alguém poderia dizer que apontar o corte da espada na garganta da própria irmã seria uma brincadeira de mal gosto? Ele nunca ousaria a fazer qualquer tipo de insinuação de morte a sua irmã, mesmo que se ela fosse uma garota travessa.

Ele franzia o cenho, perdido em seus pensamentos. Ele no final de tudo ofereceu ajuda, ofereceu abrigo, afinal, ele era um homem bondoso demais, gentil demais e justo. Pessoas com essas qualidades nunca falariam assim de si mesmas, mas era algo que ele não falava, apenas sentia em comparação às outras pessoas que passara em seu caminho. Ninguém nunca ofereceria ajuda a um assassino, apenas que, a sua real preocupação era com aqueles dois jovens.

— E aí elfo? Estamos chegando? — Diego perguntou, rudemente.

Inarê despertou dos seus devaneios, não gostando muito daquela forma de tratamento para consigo.

— O meu nome é Inarê — ele se apresentou. — E sim, estamos chegando.

— Tem certeza que a minha charrete está segura? — Kari perguntou, segurando forte as rédeas do seu cavalo.

Inarê assentiu.

Uhum! Não se preocupe. Ela ficou bem escondida entre as plantas e além do mais, dificilmente passa gente por aqui, principalmente quando está chovendo tanto.

Kari ainda não conseguia se sentir tranquila. Apesar de estar com seu cavalo, a sua charrete era de grande importância, além de a ter comprado com o pouco dinheiro que sua mãe lhe deixou.

A medida em que caminhavam, os blocos rochosos iam aumentando. Naquela parte da floresta, as árvores tinham muitos cipós, tantos, que formavam uma cortina e também se entrelaçavam uns nos outros. Não muito distante, havia um paredão imenso de rocha calcária. Trepadeiras com folhas em fendas se enramavam na rocha, a frente dela havia blocos maiores, angulosos que pareciam formar uma escadaria até uma abertura no paredão. Uma caverna.

Legend - O Mago Infernal (Livro 3)Where stories live. Discover now