— O tal abrigo é dentro de um buraco de uma pedra? — Náidius indagou. — parece não ser confiável.

Kari revirou os olhos.

— Vocês de Sidelena realmente não sabem o que é uma caverna mesmo.

— Cavernas já foram moradias dos antigos povos antes mesmo deles pensarem em projetar as próprias casas — Inarê compartilhava a informação, orgulhoso. Pausava uma mão na cintura e uma perna dobrada sobre um bloco rochoso, enquanto todos o ouviam atentos ao seu redor. — Nas guerras serviram de esconderijo. Basta observas nas paredes assim que entrarem, vão ver marcas de civilizações. E hoje... bem, vamos nos abrigar desse temporal.

Inarê continuou a caminhar e os outros o seguiram. Ao se aproximarem, o elfo ajudou Kari a prender seu cavalo junto à égua dele em um arbusto próximo.

— Não queria que ele pegasse tanta chuva. Deve ficar frio aqui fora — ela falou, preocupada.

Inarê terminava o seu último nó em uma corda que portava.

— Eu te entendo — ele falou. — Eu naturalmente não deixo a Lane presa dessa forma. Mas temo por ela se assustar e fugir para longe. Se a abertura da caverna não fosse tão pequena eu a levaria para dentro também. Mas acredito que ela possa suportar. Já passamos por coisas piores. O seu cavalo também será capaz disso tudo e junto com a Lane, ambos se aquecerão com o próprio calor. — Ele olhou para o chão. — Essa grama fina em que pisamos é uma boa fonte de alimento para eles. Não sentirão fome. E essa corda... Permitirá que tenham mais espaço para se movimentarem melhor.

Ele sorriu. Kari assentiu e retribuiu o sorriso, e dessa vez se sentindo mais tranquila. Afinal, Inarê era um grande conhecedor daquela floresta, ele sabia o que estava fazendo.

Náidius e Diego tomaram a dianteira e subiam os "degraus" que os blocos rochosos formavam até a entrada da caverna. A abertura era triangular e assimétrica. Era necessário se abaixar um pouco para poder entrar. Estava bem escuro, ouvia-se apenas gotas de água que pendiam das estalactites.

— Está muito escuro — Náidius falou com a voz ecoando, procurando em sua bolsa a sua caixa de fósforos.

Ouviu-se um farfalhar caraterísticos. Eles não estavam sozinhos ali.

— Acho bom abaixar o tom da voz — Diego sussurrou, prevendo a presença por ali.

Náidius acendeu seu fósforo iluminando o ambiente da caverna, entretanto, uma nuvem negra pendeu do teto e avançou sobre eles em centenas de farfalhares agudos. Morcegos, muitos e muitos deles mergulharam naqueles dois voando para a saída. Diego e Náidius cobriam as cabeças e curvaram o corpo, enquanto a nuvem de morcegos passava sobre eles.

Inarê ainda subindo para a entrada acompanhado por Kari, observou os morcegos voando e se dispersando pelas árvores. Ele parou, apoiando nos ombros sua bolsa de tecido.

— Pelo visto, os visitantes incomodaram os moradores. — Ele suspirou e continuou a subir. — Venha, vamos entrar.

...

Inarê juntava alguns gravetos e cascas de árvores que estavam presentes dentro da caverna. Ele os colocava dentro de um círculo de rochas que já possuía restos de fogueira. Também havia folhas secas e ele as juntava.

Kari observava o elfo. Ele realmente era muito prestativo, principalmente em oferecer ajuda e confiar em meros estranhos.

— Então... — ela falou, enquanto soltava o cabelo ao mesmo tempo em que cruzava os joelhos sob o lajedo de calcário. — Você costuma acampar aqui sempre, né? Esses gravetos não pararam aqui do nada?

Legend - O Mago Infernal (Livro 3)Where stories live. Discover now