Capítulo 21 - Reencontros inesperados.

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Alex

É o meu pai parado a porta da minha casa e eu não podia estar gostando menos da visão.

Quando pedi a Analu que fosse a cozinha com Tommy não imaginei que ela o faria sem protestos, é a Analu afinal. Só que ela foi e me deixou aqui encarando o homem que devia ter sido meu pai, mas no fim, ao menos pra mim, não foi muito mais que um doador de esperma.

- O que veio fazer aqui? – pergunto quando ele dá dois passos e entra na casa mesmo sem ser convidado, eu poderia expulsá-lo, mas a verdade é que estou curioso com a sua visita.

- Vim ver meu filho e meu neto.

- Ah, claro. Por quê? Por que teve uma crise de meia idade e decidiu que queria ser pai ou mesmo avô? Você viu Tommy quantas vezes nesse último ano? Uma?

- Você sabe que eu...

- Você o quê? É um idiota? É eu sei, eu vi isso ao longo dos meus vinte e quatro anos, pai – digo o título com deboche. David Harper nunca foi meu pai, vovô foi o único pai que tive.

- Olha como fala comigo!

- Por quê!? Você nunca pensou duas vezes antes de me atacar quando eu era uma criança, uma criança! – explodo com as lembranças e a dor de pensar que a pessoa que devia estar lá pra mim nunca esteve.

- Você sabe que eu não estava bem! Eu fiz meu melhor – David como sempre não entende e se coloca como a vítima, eu sei quais são suas palavras mesmo antes dele as dizer. – Sua mãe era a luz da minha vida, sem ela eu não consegui – diz pela milésima vez e sorrio, um sorriso irônico e magoado que eu sei que Analu ia odiar. Do mesmo jeito que sei que ela está ouvindo tudo da cozinha e me odeio por isso, não queria que ela soubesse sobre esse lado podre meu.

- E eu fui sua escuridão não foi? Como era mesmo que você gritava pra mim sempre que estava bêbado? Quando eu tinha pouco mais de quatro anos? Talvez até tenha feito antes, mas eu não me lembro.

- Alex, não.

- Ah, me lembrei: "Você a matou! Você matou minha Agnes!" – repito as palavras que muitas vezes ecoavam em meus pesadelos e que me acompanham desde sempre.

- Você sabe que não era assim, você sabe que eu não estava bem naquela época! Eu não tinha condições de cuidar de você.

- E eu tinha, não é? – pergunto irônico. – Eu era uma criança. Nós dois sabemos que se não fossem os Reynolds eu teria ficado bem pior.

- Eu vim apenas desejar feliz aniversário ao Thomas – ele desiste da discussão e dou outro sorriso irônico.

- Seu aniversário foi a mais de três meses e desde quando se importa? Na verdade, como soube?

- Rose sempre insiste para que eu venha.

- Rose é mesmo um anjo, mas no momento estou ocupado e não acho que Tommy ao menos saiba quem você é, então melhor ir.

- Seus avós se foram, Alex, somos só nós dois, você não pode me dar uma chance? – meu pai pede, mas eu não consigo acreditar nele, não consigo querê-lo por perto, não consigo, acima de tudo, sujeitar Tommy e, consequentemente Analu, a sua presença, não quando não sei se o que diz é verdade.

- Uma chance pra quê? Você não teve nem mesmo a decência de cuidar do funeral dos meus avós, fui eu quem fiz tudo. Vai embora daqui, David. Só me deixe em paz como tem deixado desde que fui embora da sua casa.

- Eu quero tentar, meu médico disse que eu devia tentar. Superar o que aconteceu, me reaproximar de você, me perdoar e tentar entender o que fiz de errado e...

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