Capítulo 3

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Cheguei à estação, a sensação é estranha. Sei que tenho fiz o certo para mim e para o meu feijãozinho. O meu pai e o meu avô nunca iriam aceitar, no mínimo seria expulsa de casa. Não sei como vou fazer para fazer a faculdade e passar por tudo o que vou passar, mas tenho fé que tudo vai correr bem.

— MADALENA.— Ouço o meu nome, não acredito. Ninguém pode saber para onde vou. Viro-me e dou por mim com o Diogo, o que é que ele está aqui a fazer.— MADALENA, espera por favor temos que falar.

— Nós não temos mais nada para falar Diogo. Por favor deixa-me em paz.

— Por que é que vais para Lisboa? Estás a fugir? Tu já percebeste que sempre que algo te corre mal tu foges? Isso parece birra de criança.

— Olha que bom. Se eu faço birra de criança, então talvez seja melhor mesmo ficares com aquela outra. Talvez ela seja mais mulher para ti.

— Madalena, deixa-te de coisas. Estás com ciúmes? Não aconteceu nada...

— Eu vi. Ninguém me contou.— Ele ia tentar falar de novo, mas eu estou simplesmente cansada de tudo, só quero ir e viver a minha vida com o meu filho...o nosso filho.— Diogo, faz-me um favor esquece que eu existo.— Vou até ao dedo onde tenho o anel do sol para lhe devolver.

— Não, é teu. Podemos até ficar longe um do outro, mas por favor nunca te separes desse anel. Se me amas, e eu sei que sim mesmo estando magoada comigo neste momento, nunca o tires. Eu nunca vou tirar o meu, porque eu amo-te. Sempre e para sempre.

— Eu tenho que ir.— Ele dá-me um beijo na testa, e com lágrimas nos olhos começa a afastar-se...— Diogo...— ele vira-se...— Eu...nós...

— Eu sei, eu também te amo. Lembra-te sempre disso. Somos como Pedro e Inês, separados fisicamente, mas ligados eternamente.- e assim ele se vira e vai embora.  

Sigo o meu caminho para o comboio e com alguma ajuda de um outro passageiro coloco a minha mala para dentro do comboio. Nem sei como vou fazer o excesso de bagagem no avião, só espero que o dinheiro que tenho dê. Sento-me no  eu lugar e quando pego no meu telemóvel sinto algo no bolso.

Uma carta!? Só pode ser coisa do Diogo. Nem sei se vou querer abrir, sinto que se o fizer naquele momento vou com toda a certeza desistir de tudo e voltar para junto dele, e eu não posso fazer isso. Ele traiu-me, ele fez pior que o Ricardo. Não consigo perdoá-lo não neste momento, quem sabe um dia esta mágoa passe.

Encosto-me à janela, olho para a paisagem que vai passando. E lembranças do meus momentos com o Diogo passam pela minha mente, os bons e os maus. As gargalhadas que demos quando estávamos juntos no nosso jardim. Os carinhos que trocámos. A nossa noite. A melhor noite da minha vida, a noite que me trouxe o meu feijãozinho.

Sim tenho 18 anos, para alguns posso até ser nova demais para ser mãe, mas querem saber ser mãe não é apenas ter o privilégio de gerar uma vida, e muito menos é necessário ter alguém ao seu lado. E também não há idade ideal para amar este ser que cresce dentro de nós. 

Porque a partir do momento que sabemos que ele está aqui, o amor que temos dentro de nós duplica, triplica sei lá. Acho que nem há medida certa para poder saber o amor que temos a partir desse momento em que descobrimos este pequeno tesouro. 

A viagem de comboio foi calma mesmo que eu tenha adormecido durante o caminho. Foi o rapaz que estava no banco à minha frente que me acordou. Todo simpático e prestativo, acho que talvez ele estivesse à espera de mais alguma coisa, mas poderia ficar sentado à espera.

Levanto-me, vou buscar a minha mala e a mochila de campismo e lá vou eu para a segunda parte da viagem. O meu voo é só às 06h00, são 18h30 da tarde. Como não posso gastar dinheiro à toa, então passar a noite no aeroporto é a única solução que me resta.

O Nosso CaminhoWhere stories live. Discover now