Capítulo 2

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Chegou finalmente o dia da Madalena ir para Lisboa. Ainda não consigo perceber o porquê de ela não querer fazer faculdade em Coimbra. Mas, a Mila falou comigo, e talvez eu tenha que concordar que afasta-la daqui seja até uma boa ideia. O meu problema é que Lisboa também não é dos melhores lugares. Muitas memórias, muita dor...tudo junto.

- O que estás aí a pensar?

- Na ida da Madalena para Lisboa.

- Pê, ela não vai estar propriamente sozinha. A tua cunhada está lá, o teu cunhado já te disse que vai tomar conta dela. E tens que confiar na Madalena.

- Eu confiei, há uns meses atrás, e ela meteu-se com um rapaz 6 anos mais velho.

- Então isso quer dizer que eu também não posso estar contigo? Ou será que os nossos quase 10 anos de diferença não contam?

- Não. Não é isso...nós...nós somos adultos. A Nena é uma menina...- apesar de já estar a atingir a maioridade para mim a Nena sempre será a minha pequenina.

- A Madalena é uma jovem, tem quase dezoito anos. Vocês estão a tratá-la como se fosse uma criança. Ela precisa de viver a vida dela, precisa de cair e levantar-se sozinha.

- Dizes isso porque não é tua filha.

- Pedro. Ficas a saber que nenhum deles é meu filho de sangue, mas eu gosto de cada um deles como se fossem meus.- E já disse asneira...- Mas se é assim que pensas, não vale a pensa continuar nada disto. Vou almoçar e despedir-me da Madalena, depois vou-me embora.

- Mila desculpa.- Pronto, agora ficou chateada, e nem lhe tira a razão...- Emília...- Ela já está quase a sair do escritório, eu levanto-me e agarro-a pela cintura por trás...- Desculpa amor. Desculpa, eu...

- Vamos almoçar. Quero me despedir da tua filha. Depois resolvemos este assunto só tu e eu.

Almoçámos em família, os meus pais, a minha irmã e cunhado e os meus sobrinhos também vieram. A Madalena não queria que ninguém fosse com ela para a estação. Ela disse que ela apenas iria passar a semana a casa dos tios e que no fim de semana já estaria de volta. E que teríamos todos que nos habituar a esta nova rotina.

Quando chegou perto das duas horas, despedimo-nos dela. Levámo-la até ao Táxi que já esperava por ela e um a um despedimo-nos. Quando a vejo partir, o meu coração aperta. Não sei porquê mas estou com uma sensação estranha. Uma lágrima cai, sem nem eu me aperceber.

- Ei! Ela foi apenas para Lisboa amor. Sexta feira já está aí a contar as novidades todas.

- Eu não te consigo explicar o que estou a sentir, mas algo aqui está a sentir que não a vou ver mais. Parece que vou sufocar.

- Calma, isso aí é só ansiedade de a ver bater asas para longe. Vou-te contar uma coisa que o meu pai me disse quando decidi vir para Coimbra: "Os filhos são como barcos. Eles devem sair e viver suas próprias tempestades. Mas, nunca te esqueças, que os pais são como portos. Para onde sempre podem voltar para recarregar e seguir em frente."

-Já gostei do meu sogro.- Digo e abraço-a...- Estou perdoado?- ela olha para mim, sorri...e acho que desta vez me safei.

- Sim. Só porque eu não consigo ficar zangada contigo muito tempo. Agora vamos temos três meninas muito tristes lá dentro.

E ela tinha razão. Clara e Sofia estavam agarradinhas à avó, já Luísa apesar de estar no seu canto percebia-se que estava triste. A Madalena era mais que uma irmã para as três. As duas mais novas viam-na um pouco como mãe, já que mesmo quando Maria era viva, ela nos ajudava muito com elas, principalmente com Sofia, já que Clara com todos os problemas de saúde que ainda tem necessitava de mais atenção. Já para a nossa Lu, ela era a melhor amiga que ela podia ter. Era com a Nena que ela falava antes de vir falar connosco.

O Nosso CaminhoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt