Prólogo

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        O cheiro de pólvora nas minhas mãos não era nenhuma novidade, já fazia parte do meu eu verdadeiro e da sombra do homem que a vida havia me transformado. Eu fui destinado desde cedo a fazer atrocidades contra os meus inimigos e a não carregar nenhum gesto de piedade diante dos olhos da vítima que implorava por socorro.

— Deixe-me viver, por favor! — pediu com voz falha, enquanto cuspia sangue pela boca. Em resposta cortei a sua orelha esquerda me deleitando com os seus gemidos de dor. O seu sofrimento era música para os meus ouvidos.

— Eu não sou Jesus para conceder-lhe a vida eterna, e muito menos, um padre para dar o perdão que tanto almeja a sua alma perdida — respondi, sarcástico, esboçando um sorriso irônico nos lábios. — Mas, você pode me chamar de o mensageiro da morte ou de Bizzle.

— Mesmo me matando... você não vai trazê-la de volta — ele foi ríspido ao pronunciar o nome da minha esposa. — O senhor tem certeza que o meu pai matou a Vívian? Há vários inimigos que desejam a sua morte e a queda do seu império. Não seja tão cego, Bizzle.

— Cansei de escutar a sua ladainha e o timbre da sua voz ranzinza — sorri em deboche, tirando a sua vida com apenas dois tiros na sua cabeça. As balas perfuraram a sua testa, gotículas de sangue deixaram respingos pelo meu rosto, sujando minha camisa branca como a neve de manchas vermelhas. O cheiro da morte era algo tão familiar e corriqueiro em minha rotina que nada mais me surpreendia. Pois ser gângster era lidar diariamente com as armadilhas inesperadas do destino. Eu matava para sobreviver perante as leis criminal e obter a melhor posição na máfia. Mas também, matava para defender a minha família.

       A verdade é que somos um bando de loucos buscando sobreviver no mundo cada vez mais cruel, impessoal e cheio de adversidades. Já não se pode mais viver na ilusão de que as coisas serão fáceis, é preciso ter bem mais do que esperança para concretizar os nossos sonhos. Somos vítimas dos nossos próprios medos, no entanto, ainda podemos ser protagonistas da nossa história. Para isso suceder será preciso ter um pouco de ousadia e coragem para enfrentar os empecilhos que a vida colocará em nossa caminhada.

— Verme — chutei o cadáver jazido no chão, ostentando um sorriso arrogante. Eu havia conseguido matar o filho do meu maior rival. Limpei com a costa da mão direita o sangue que saiu no canto da minha boca. Retirei o iPhone do bolso da calça jeans apenas para fotografar o corpo inerte. Em seguida, enviei a foto anexada com uma mensagem repleta de puro sarcasmo:

   "Olá, Drácula! Tenho um presente para vossa pessoa, espero que os seus olhos negros apreciem a minha obra de arte. Mil perdões por não ter o seu endereço e assim não mandar o cadáver do seu amado filho Demétrio. O mesmo será enterrado como indivíduo sem nome e sem origem. Tenha um péssimo dia repleto de ódio. Meus pêsames.
Atenciosamente, Bizzle".

Em poucos minutos recebi a sua resposta:

    "SEU FILHO DA PUTA, ARROMBADO! EU VOU TE CAÇAR NEM QUE SEJA NO INFERNO. MAS VOU ESQUARTEJAR O SEU CORPO E ESPALHAR CADA PEDAÇO EM CADA ESQUINA DE MIAMI, ASSIM, TODOS SABERÃO QUEM É O VERDADEIRO CHEFE DO CONTINENTE AMERICANO. A SUA DERROTA SERÁ O LEMBRETE DO QUANTO SOU INDESTRUTÍVEL".

      Soltei uma gargalhada alta, deliciando-me com sua fúria. Ele matou a minha esposa e agora colhia o que havia plantado. Seu único erro foi ter deixado-me escapar com vida quando me teve nas suas mãos. Eu vou destruir a sua gangue e reduzir a pó o seu império. Cada vez mais venho lucrando com o narcotráfico, mas no momento, ainda tenho um outro problema a ser solucionando: Bárbara. Cada dia que se passa estou dividido entre a razão e o meu sentimento de culpa, eu a tinha como filha e agora a desejava como mulher. A chama dessa paixão cresceu no meu peito se transformando numa perigosa obsessão ou numa caçada de sentimentos antes desconhecidos por mim. Quero tê-la na minha cama, gemendo o meu nome e ouvindo sua doce voz me chamando de Daddy.

— Barbara Palvin, não imaginas o quanto é grande o meu desejo por ti — sussurrei, fitando a sua foto na tela do meu celular. Essa garota proibida ainda será minha perdição.

Lá Tentación Where stories live. Discover now