Bons desafios são sempre bem-vindos.

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Scorpius Hyperion Malfoy.

Casamentos eram, definitivamente, um porre. Sorrisos forçados, sentimentos fingidos, simpatia exagerada, presentes caros e assinaturas em um papel tão frágil que pode ser arruinado por simples gotas d'água. Afinal, o que raio as pessoas viam de tão importante em uma cerimônia de caráter tão ultrapassado? Como se um papel fosse capaz de eternizar o amor. Ou melhor, como se o amor eterno realmente existisse. Afinal, todos nós somos finitos, então como algo tão abstrato quanto o amor pode continuar a existir, mesmo depois de irmos embora? Essa era a maior mentira já contada em toda a história da humanidade. Absolutamente tudo existente nesse mundo é finito, mas as pessoas se negam a acreditar nisso. Todos nós caímos no esquecimento um dia.

Ter me escolhido para cobrir um casamento era um erro, mas minha editora-chefe negava isso a todo o custo. No entanto, a um certo ponto, eu decidi não argumentar mais, afinal, Nymphadora Tonks tinha uma das personalidades mais fortes que eu já havia visto em toda a minha vida. O fato é: depois de trabalhar por cinco anos na mesma editora, já estava na hora de uma promoção e, segundo Tonks, o melhor profissional é aquele capaz de trabalhar até mesmo com o que mais odeia. Apesar de parecer uma ideia genial, eu tenho uma teoria de que ela é apenas uma sádica entediada, mas quem sou eu para julgá-la? A última coisa que eu preciso na minha vida é ser demitido, então eu aceitei a oportunidade, mesmo que contra toda a minha vontade. Seriam só alguns meses, eu aguentaria firme, escreveria uma matéria genial que iria contra o senso comum cliché que as pessoas vivem divulgando e, em breve, ocuparia um cargo maior e poderia escrever sobre o que eu quisesse.

Eu estava convencido de que eu conseguiria, afinal, eu realmente era muito bom no que eu fazia. A única coisa que eu não esperava era ter que lidar com uma maníaca por casamentos, que era exatamente o que Rose Weasley era. Rose era reconhecida no ramo, era uma organizadora de eventos procurada e sua especialidade era em casamentos. A diferença era que, ao contrário das outras profissionais da área, ela não se comportava com uma felicidade falsa e não trabalhava à base do puro fingimento. Ela realmente gostava do que fazia, era claramente apaixonada por casamentos e, por algum motivo, isso me trazia um baita incômodo. No entanto, eu pouco me importava. Tudo o que eu precisava era suportá-la por alguns meses, e eu nem sequer a veria todos os dias.

Eu juro que eu já estava me considerando azarado o suficiente, como se nada fosse capaz de retirar mais a minha paz do que trabalhar na profissão dos sonhos com algo que eu simplesmente não suporto. Contudo, também acho que a lei de Murphy sempre foi a minha pior inimiga e, definitivamente, se algo pode dar errado, então dará e, infelizmente, para esse tipo de coisa, não há explicação ou súplica capaz de resolver.

Eu só queria um café preto, bem forte, sem adoçar e paz de espírito. O problema do café seria facilmente resolvido assim que eu me aproximasse do balcão e fizesse o meu pedido, já a paz de espírito subitamente se esvaiu assim que meus olhos se depararam com uma figura feminina ruiva, de cabelos cheios, sardas no rosto e personalidade altamente irritante. Dada a minha situação deplorável, dei-me a liberdade de respirar fundo e caminhar até o balcão. Com sorte, eu me livraria dela ao dar um simpático "bom dia", enquanto rezaria internamente para todos os deuses críveis e não críveis para que ela me deixasse em paz. Era um plano simples e eu diria quase infalível, uma vez que nós nutríamos um sentimento mútuo de desprezo um pelo outro. Ou quase isso.

— Bom dia — cumprimentei-a com a melhor simpatia forçada que eu possuía. Uma atuação digna de um Oscar e uma carreira promissora.

— Bom dia — ela respondeu, com um sorriso quase tão falso quanto o meu.

— Um café preto, sem açúcar — pedi à atendente, desviando a minha atenção de Rose, com a esperança de que ela fosse embora.

Felizmente, foi como se ela tivesse lido a minha mente. A ruiva simplesmente deu meia-volta e caminhou para longe do balcão. Havia poucas coisas realmente prazerosas na minha rotina nada empolgante e o momento do meu café era o mais precioso dos meus dias. Por algum motivo, era quando eu tinha as minhas ideias mais geniais de escrita, mesmo que não fossem tão boas quanto eu as achasse. Eu não fazia literalmente nada demais, só me sentava na cafeteria, todos os dias de manhã, com o meu café preto, notebook e algum livro. As ideias simplesmente vinham, sem qualquer explicação.

A Arte do CasamentoWhere stories live. Discover now