𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ

LXV

April Lockheart

Quando Carl deixou o banheiro, ele estava vestindo outra roupa e com seus cabelos bagunçados sobre o rosto. Ele passou pelo chapéu e se abaixou para o pegar, colocando o mesmo na cabeça e vindo em minha direção.

Seu olhar vibrante sobre mim me deixava molhada e querendo poder ficar com ele de todas as maneiras. O que havia acontecido minutos atrás ainda deixava minhas pernas bambas, mas eu não me importava, ele sempre me deixava daquele jeito.

- Eu sei que o que eu vou falar agora é idiota, mas eu quero conversar com o Negan. - digo antes de sairmos do quarto.

- Porquê?

- Ele me ajudou, deu remédios, trouxe a gente de volta em segurança. Eu quero poder agradecer à ele e...

- Sem cogitação.

- Carl, eu só quero agradecer e talvez isso...

- April, eu não quero que você tenha contato com aquele homem - ele exclama parando em minha frente com o olhar cheio de raiva e medo - Não se lembra que ele estava atrás de você? Que ele te torturou e ...

- Me torturou pensando que eu estava com a cura, você mesmo me disse que ele ficou desesperado quando eu não acordei e quando...esquece o que eu disse. - digo abrindo a porta do quarto e saindo pelo corredor, vendo Rick aparecer em minha frente. - Já estamos indo para a reunião.

Carl apareceu ao meu lado e caminhou comigo até as escadas.

- Você precisa parar de pensar tanto. - exclamo parando no último degrau da escada e encarando Rick - Seus pensamentos estão me deixando confusa e eu não quero ficar mais confusa do que já estou.

- Você está lendo meus pensamentos?

- Eles estão gritando para fora da sua cabeça. - respondo com o olhar preso em ambos - Está me deixando com dor de cabeça e com ânsia de vomito.

Rick se desculpou e caminhou para fora do cômodo, saindo da casa e levando seus pensamentos barulhentos com ele. Carl ainda estava ao meu lado, ele tinha seu olhar preso em mim e parecia querer falar algo mas não tinha coragem para começar. Assim como ele, eu também sabia as manias e o que cada expressão em seu rosto queria dizer.

- Fala.

- Não quero começar nosso namoro desse jeito, eu quero poder fazer certo. Não quero esquecer ou atrapalhar nosso momento lá em cima por causa de uma briga, por causa de uma coisa que eu não aceito que você faça. Me desculpa!

- Só quero falar com ele. Você pode ir junto, pode ficar ao meu lado. - digo tirando meus cabelos da frente do rosto - Ele sabe que eu não tenho a cura e talvez isso ajude ele a entender que não tem como ele possuir ela. Talvez ele pare de ser o idiota persuasivo e que gosta de matar pessoas que não fazem o que ele quer.

- Tudo bem. Eu vou marcar uma reunião com ele fora de Alexandria e do Santuário, apenas nós três. Mas, nem adianta pedir pra ficar sozinha com ele.

Sorrio e maneio a cabeça, saindo da sala e caminhando para fora da casa.

As pessoas estavam fora de seus trabalhos e encaravam a carruagem cheia de homens do lado de fora da igreja.

- O que eles estão pensando?

- Eles querem nossa ajuda. Querem acabar com o reinado do Negan e com todos os Salvadores. Seu pai vai falar com o Rei deles, Ezekiel.

Carl segurou minha mão e ambos caminhamos em direção a igreja, entrando e encontrando mais dois homens armados com arcos e flechas e outro mais à frente, usando um sobretudo que parecia estar pesado demais para ele.

- Ele quer fazer um acordo com seu pai. - sussurro - Eles tem frutas e verduras, mas querem nossa ajuda para conseguir reconstruir a casa deles.

Os homens e o próprio líder me encarou, com um olhar não muito bom.

- Qual seu nome? - ele questiona.

- April Lockheart. Você é o que eles chamam de Rei Ezekiel, tem uma tigresa de estimação com o nome Shiva e eles são Benjamin e Jerry, seus guarda costas ou guardas reais. Você tem em média 115 cabeças e...

- Acho que você pode parar. - Carl sorri - Eles estão ficando assustados.

- Oh...desculpa. É impulso.

Rick riu.

- No começo, eu estranhei também, mas você se acostuma. Então, o que vocês precisam?

- Não vai querer uma ficha completa?

- Eu já consegui - Rick me encara  - E Paul não traria ninguém dentro da minha comunidade sem que soubesse que esse alguém era confiável.

- Antes de começamos a nossa conversa de verdade, eu quero saber como ela sabe essas coisas. - Ezekiel questiona. - Ela disse coisas sobre mim sem abrirmos a boca e...Paul, você contou algo sobre nós.

- Não mesmo. Isso é coisa dela.

- Eu tenho poderes. Consigo ler a mente de todos vocês, consigo erguer as coisas e consigo falar por telepatia.

Jerry ri, debochando com Benjamin ao seu lado.

Movo minhas mãos e o faço flutuar junto com os outros dois homens.

- Vai continuar rindo ou eu posso parar?

- Pare. - Jerry

Carl, Rick e Paul gargalhavam ao meu lado, o que me fez sorrir ao ver o desespero dos três homens da comunidade desconhecida. Os coloco no chão e vejo o homem que se intitulava Rei caminhar até mim e segurar minha mão.

- Você me fez voar, como faz isso? - seu olhar estava brilhante e seu sorriso parecia poder contagiar todo mundo que estava dentro da igreja. - O que pode fazer com isso?

- Uma longa história. Agora se você quer acabar com os Salvadores podemos falar disso aqui e agora, minha vida nós  deixamos pra depois.

As mãos de Carl tocaram minhas costas e eu o encarei. Ouvindo sua voz em meu ouvido me dizer que eu estava sendo um pouco dura demais com as visitas.

- Não consigo confiar nas pessoas assim, mesmo lendo a mente delas.