36 - o alinhamento de saturno e júpiter

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O PRIMEIRO BEIJO que Mina e eu trocamos foi revolucionário

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O PRIMEIRO BEIJO que Mina e eu trocamos foi revolucionário. O segundo foi ainda mais. Mas acho que eu não sabia o conceito de revolução naquela época, porque nada chega perto disso. Nada é tão revolucionário quanto o oitavo beijo, ou o décimo sétimo, ou o trigésimo quarto. Todos os beijos de Mina me revolucionam de novo e de novo e de novo, sem parar. E eu os deixo fazer isso com o maior prazer do mundo.

As pessoas aplaudiram, o que foi um tantinho vergonhoso, mas engraçado também. Então nosso beijo não conseguiu ser tão demorado e intenso, porque não tinha como a gente se concentrar nele com pelo menos cem pessoas olhando para nós. Mas isso não quer dizer que ele foi ruim, muito longe disso. Foi tão revolucionário quanto qualquer outro, e significativo também. Beijo de reconciliação. E elas estavam lá durante os poucos segundos que durou: as malditas borboletas. Fazendo festa no meu estômago como nunca antes.

Mas é bom ter mais privacidade, mesmo que seja igualmente vergonhoso pensar que todos lá fora sabem o que a gente tá fazendo dentro desse banheiro. Mas tudo bem, é melhor do que se eles estivessem assistindo.

Eu estou em cima da pia enquanto Mina permanece em pé, entre minhas pernas, suas mãos na minha coxa enquanto eu aliso seu cabelo. É um beijo atrás do outro, numa tentativa de recompensar o tempo perdido, porque ambas sabemos o quanto queríamos isso há meses. Os lábios de Mina continuam macios como nenhum outro, e sua língua parece dançar dentro da minha boca, encontrando a minha e a chamando pra dançar também. E é bom. E eu nunca me senti mais feliz do que estou agora, dividindo esse banheiro apertado com ela.

— A gente precisa conversar, Eva — diz, nem ao menos se esforçando pra parar com os nossos beijos. — Mas... isso dá pra esperar, né?

— Uhum — murmuro, sem tirar a minha boca da dela, minhas mãos levantando um pouco a sua blusa e tocando sua barriga. — Ou a gente pode fazer que nem das outras vezes e fingir que nada aconteceu.

Ela solta uma risada cortada, dando um passo para trás, mas sem tirar as mãos da minha coxa.

— Ei, eu tô brincando, tá?

— Sei disso — assegura, voltando a se aproximar e alisando meu rosto com os polegares. — Mas a gente precisa conversar logo, porque não quero sentir que continuo mentindo pra você, entendeu? Então, se tiver tudo bem por você...

— É claro que tá tudo bem — asseguro, saindo com cuidado de cima da pia e apoiando minhas costas na bancada. — Pode falar, tô aqui pra te ouvir.

Mina assente, tomando coragem. Ela desliza os pés até ficar ao meu lado, olhando para mim com um sorriso tímido.

— Sabe, Eva, eu consigo ver tudo mais claro agora — começa, a voz um pouco cortada de nervosismo. — Tudo. Te juro. Vivi a minha vida inteira achando que eu era uma coisa, e foi difícil perceber que, lá no fundo, eu nunca fui, me entende? E eu percebi que tinha vivido uma vida bem reprimida. Viver dentro de uma bolha é complicado.

Todas as Coisas que Eu Não Odeio em VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora