eles não eram amigos

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— Eu disse para não vir — disse Jungkook ao abrir a porta, deparando-se com Park Jimin.

— Foda-se — ele retrucou, parecendo realmente irritado. Jungkook deu espaço para ele entrar e fechou a porta, logo recebendo um soco no braço.

Aigoo! Por que fez isso? — ele esfregou o braço dolorido.

— Porque você é um babaca!

— Ah, é por causa do seu amiguinho? Ficou com dó dele?

Quê?! Não, seu idiota. — Jimin estava tentando conter o tom de voz andando de um lado para o outro. Frustrado e fodidamente puto. — Você realmente queria me afastar?

Um ruga se formou entre as sobrancelhas de Jungkook. — Do que você está falando?

— Eu sempre venho aqui depois da escola. Você sempre me conta tudo o que está se passando na sua cabeça. Desde o porquê de peixes não dormirem até seus pensamentos mais destrutivos. Jungkook, o que aconteceu hoje? Você simplesmente gritou com seu melhor amigo dentro de sala. Você gritou.

— As pessoas gritam quando estão irritadas, Park. É normal. Não precisa fazer tanto drama.

Jimin riu, desacreditado, faíscas piscando em seus olhos. — Jungkook, eu te conheço. Temos essa relação, essa... Coisa, sei lá, há meses. Você não é de explodir assim do nada. Você é a pessoa mais calma que eu já vi. O que aconteceu?!

Jungkook encarava Jimin, remorso e raiva no olhar. Sua mente estava uma tremenda bagunça. Seu estômago doía e não era fome. Ele só queria um cigarro.

— Então eu sou obrigado a te contar tudo porque estamos transando? — Aquilo saiu tão suave quanto um sussurro, mas foi tão pesado quanto um halter. Jimin parecia ter levado um soco. Sentiu-se sombrio de repente.

— Não, Jungkook. Mas você disse que seria um suporte pra mim. Eu achei que era um acordo mútuo.

Os ombros de Jimin caíram e seus braços penderam ao lado do corpo. Exaustão possuindo seus membros. Ele suspirou e puxou a mochila das costas, tirando de lá um pacote prateado. Estendeu à Jungkook, que arregalou as orbes escuras.

— Toma. Feliz aniversário.

— O quê? Você... Você lembrou? — Jungkook aceitou o presente com culpa.

— Claro que lembrei. Primeiro milagre de setembro, né? — Jimin forçou um pequeno sorriso com a menção ao que a mãe de Jungkook disse uma vez. — Eu jamais esqueceria.

Jungkook se calou. Sentou-se no sofá e começou a abrir o pacote, revelando uma caixinha azul. Eram várias estrelas e planetas fluorescentes.

— É pra você decorar seu quarto. Sei que fica acordado durante a madrugada e não gosto de te imaginar pensando sozinho. — Jimin ajeitou a mochila de volta nas costas e passou a mão no cabelo. — Eu já vou. Diz pro Binnie que dou uma pra ele também no aniversário dele. Parabéns pelos dezoito anos, Jungkook.

Ele estava indo embora.

Jungkook queria mesmo que ele fosse embora?

Não, porra, ele não queria.

Diz pra ele que você não quer que ele vá embora!

— Park! — Jungkook chamou quando Jimin abriu a porta.

Jimin parou sem olhá-lo. — O quê?

Não vá.

Fica.

Por favor, não vá. Fica comigo.

E dessa vez por mais tempo.

Pra sempre, talvez?

— Nada.

A pouca expectativa que havitava o peito de Jimin morreu naquele segundo. Que vontade de chorar era aquela que estava sentindo? — Sabe, Jungkook, eu nunca te considerei um namorado. Não sou o bom o suficiente pra isso. Sequer te considerava um amigo.

O coração de Jungkook disparou entre as costelas.

— Mas eu achava que éramos parceiros. Talvez nem isso nós somos, né? Me desculpa por ser idiota — Jimin olhou para cima, para o céu, evitando que lágrimas escorressem. — Tchau, Jungkook.

E fechou a porta.

As pernas de Jungkook falharam e ele se viu no chão, apertando as unhas contra as mãos. O ato familiar de suas crises de ansiedade. Talvez sangue começasse a escorrer dali uns segundos.

E Jungkook precisava fumar.

kerosene queen & matchstick king • jikookOù les histoires vivent. Découvrez maintenant