1. Quem invocou a loira do banheiro?

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Autora falando:

E ai? Então vamo começar essa bagaça?

POV de Catra. Boa leitura <3



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Lá se vai mais um dia. O fim do expediente é sempre um alívio para Catra. Ela pega a jaqueta, o capacete e vai para a área do estacionamento assobiando alguma música chiclete que Glimmer ouviu mais cedo em casa. Prende o cabelo encaracolado e castanho em um rabo de cavalo baixo e o ajeita dentro do capacete com o visor já abaixado para proteger seus olhos azul e âmbar. A jaqueta já bem vestida a protege do vento conforme vai acelerando sua moto pelas estradas desertas da madrugada até chegar ao seu tão querido lar.

E hoje teve horas desafiadores no trabalho. Por algum motivo provavelmente idiota, um grupo de homens relativamente jovens ficaram bebendo no posto a noite toda. A cada vez que precisava atendê-los, mais irritada ficava, porque mais desrespeitosos eram. Um deles teve a audácia de ameaçar não pagar a própria cerveja que consumia caso ela não passasse seu telefone. Foi salva pelo próprio olhar de fúria, que é muito mais intimidador que qualquer cantada barata.

– Será que é pedir muito acordar um dia e não ter mais homens no mundo? – Murmurava sozinha enquanto desligava a moto estacionada no portão de casa. – Quer dizer... Alguns podem ficar, tipo o Micah. Mas não muitos também, porque estraga o oásis...

Destrancou a porta e entrou dando um suspiro aliviado. De novo lembrando que lá se vai mais um dia. Estava exausta de verdade hoje. Antes mesmo do estresse noturno, já tinha passado por um desentendimento com a colega de turma que supostamente faria dupla para uma apresentação. Não vão mais, não depois de ter xingado a mãe da coitada de todos os nomes imundos da vida. Não tinha culpa se a abusada testara todos os seus limites também. Nunca que Catra aceitaria ficar com toda a tarefa enquanto a bonita só fazia lixar as unhas em todas as reuniões, isso quando inventava desculpas para sair mais cedo e não dar mais sinal de vida sobre a parte dela.

Ela que lute agora e reze para que o professor aceite a famigerada dupla com Deus para a avaliação semestral. Culpa daquela garota preguiçosa...

– Hmm... Acho que no meu mundo perfeito sem homens também não quero essa ridícula. Por mim, ela pode sumir – divagava na frente da geladeira aberta, beliscando algumas fatias de presunto para amenizar a fome da madrugada.

Tá. Chega de pensar no seu dia.

Achou alguma gororoba num pote do lado do presunto e ficou muito mais interessada. Provavelmente era um resto de lasanha que Glimmer não terminou de comer mais cedo. Essa seria sua janta, ou quase café da manhã.

A casa estava em total silêncio. Sua irmã e pai de consideração deviam estar além do décimo sono, pois passava das 2h30 da manhã. Esse momento de paz e quietude era um alívio e tanto para Catra. Não que ela não gostasse da companhia de sua pequena e nada convencional família, mas, eles cansavam sua beleza demais às vezes.

Glimmer parecia um jigglypuff com tendências de bipolaridade. Em momentos, fazia jus à carinha de bebê com cabelos curtos lilás e olhos brilhantes da mesma cor sendo fofa, em outras, mostrava sua verdadeira essência demoníaca perdendo a paciência e gritando por literalmente qualquer coisa. Já Micah era gente boa, e, também, o que muitas colegas de classe dela e de sua irmã no Ensino Médio chamavam de sugar daddy.

Super inapropriado para idade dessas meninas assanhadas, fato. Contudo, Catra tinha que admitir que seu pai postiço era boa pinta com aquela barba de fios pretos meio acinzentados e cabelos da mesma cor na altura dos ombros, eventualmente presos em um semi coque. Bom para ele e as eventuais namoradas ricas que conseguia conquistar durante os shows de ilusionismo. Isso rendeu boas viagens e mimos luxuosos para ela e Glimmer em algumas ocasiões.

Eu e o seu fantasmaWhere stories live. Discover now