• nineteen and flowers •

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- Reportagem sobre gangues? - Pergunto enquanto sorrio com o canto da boca. - Eles são o que, um grupo suicida?

- É por isso que estou pedindo sua ajuda, JK. - Respondeu o delegado Min Yoongi, girando o pirulito no canto de sua bochecha.

Apesar dele usar a palavra "pedido", eu sabia que não tinha muita escolha. Não há muito o que dizer quando a polícia te pede um favor a não ser sim, mas mesmo assim achei aquilo loucura.

Min Yoongi queria que recebesse uma dupla de jornalistas e os ajudassem na sua matéria sobre gangues da nossa cidade e não entendo como alguém teve essa ideia e muito menos como algum editorzinho de merda achou que seria uma ótima ideia.

Merda, devem achar que somos uma piada. E entendo a preferência do delegado para procurar por mim, afinal de contas, todos nos arredores me conhecem. Podem até não gostarem de mim, mas ao menos a porra do respeito deles eu tenho.

Apoio minhas mãos na mureta da cobertura da delegacia e pulo para o chão, enfiando-as no bolso logo em seguida e seguindo para a saída.

- Certo, certo. Mandem ir para o bar quando chegarem, me avise antes para os meus caras não sumirem com eles.

- Combinado. Ah, e JK. - Chama o delegado, até tirando o pirulito da boca, quando estou já com a porta aberta para ir embora, mas olho em sua direção uma última vez. - E Junghyun, como está?

Sinto um nó subir de meu estômago até minha garganta enquanto meus dedos apertam com força a maçaneta da porta.

- Na mesma. - Respondo com a voz mais firme consigo quando falo daquele assunto.

- Ainda preso no mesmo loop?

- Se tivesse mudado algo, não teria acabado de dizer que está igual.

Sinto a raiva crescer dentro do meu peito e alastrar por todo o meu corpo, mesmo sabendo que ele não tinha nenhuma culpa. Min Yoongi simplesmente ignora minha má resposta e se vira em direção aos outros prédios, vendo o sol se pôr no meio deles.

- Higanbana, não é? A flor da morte... - Ele fala baixo, mas eu escuto.

- Vou nessa. - Anuncio antes de sair, quase que de imediato, sem dar tempo daquele assunto continuar.

E antes que a porta do terraço pudesse fechar sozinha atrás de mim, eu já estava alguns bons lances de escada abaixo de lá. Precisei encostar na parede e recuperar o fôlego, sem saber se o perdi pelo esforço físico ou se por ouvir falar do meu irmão.

Qual é, Jungkook, já fazem 7 anos. Você deveria já ter se acostumado, não? Coloco a mão em minha testa e puxo a franja que está lá, sentindo que estou perto de explodir.

Quando finalmente consigo respirar de novo, sigo descendo as escadas da delegacia até chegar ao lado de fora. Já está de noite e a rua mal iluminada pelos postes de luz descente acesos.

Olho em volta todas aquelas pessoas andando pelas calçadas e passando em seus carros caros. Elas se sentem seguras por estarem perto da polícia, mas o que será que aconteceria com seus pequenos cérebros se percebessem que na verdade a segurança pública é um dos maiores perigos?

Quando começo a andar de volta ao bar, antes de virar a rua, vejo dois de meus meninos saírem da delegacia conversando com um dos oficiais de Big Xiao. Aquilo me fez parar no mesmo instante, observando cada movimento para tentar entender do que se tratava já que estava longe para ouvir.

Eles apertaram mãos e saíram para o outro lado, suas semanas escondidas no cós das calças por baixo da camisa.

Que porra era aquela?

higanbana | jikook |Where stories live. Discover now