Capítulo 24

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  Existem dois tipos de pessoas no mundo: as que culpam sempre os outros pelas coisas que lhes acontecem, e as que acham sempre que a culpa é delas mesmas

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  Existem dois tipos de pessoas no mundo: as que culpam sempre os outros pelas coisas que lhes acontecem, e as que acham sempre que a culpa é delas mesmas. A Emily é exatamente o segundo tipo. A minha melhor amiga ainda não parou de dizer que a culpa disto tudo é dela e estou quase a bater-lhe só para que ela se cale.

  Ok, talvez nem tanto, mas a minha cabeça está prestes a explodir, a minha boca está seca e o meu corpo fraco. Parece que estamos num daqueles dias extremamente quentes de verão, e por muito que eu goste dela, ouvi-la a lamentar-se não está a facilitar nada a situação.

- Emily, por favor para! - desencosto a minha cabeça da parede e olho para a minha melhor amiga. A ruiva encontra-se em pé ao lado da janela, encarando o lado de fora. - Eu já não posso ouvir mais esse discurso! Aqui ninguém tem culpa de nada, está bem?

  Ela vira-se dando-me total visão para a sua cara. Os seus olhos estão inchados devido ao tempo que ela tem passado a chorar, a sua roupa está suja e o seu cabelo totalmente despenteado e oleoso.

- É só que... Eu devia ter falado contigo antes de vir, mas eu pensei que poderia resolver as coisas sozinha. Conversar com ela e... - a sua voz fraqueja e a Emily leva as mãos à cara, sentando-se no chão logo de seguida.

  Apresso-me a andar até ela e sentar-me ao seu lado, abraçando-a.

- Emi... - levo a minha mão até à sua cara e limpo as lágrimas que se tinham formado na sua cara. - Nós vamos dar um jeito de sair daqui. Eu prometo-te, está bem?

  Ela assinte, voltando a passar os braços à minha volta e apertando-me num forte abraço. Retribuo e respiro fundo, olhando para a parede oposta, onde o Thomas se encontra encostado. Ele lança-me um pequeno sorriso. Neste momento o Tom está a fazer de tudo para demonstrar que está calmo, coisa que ele definitivamente não está. Nenhum de nós está.

  A porta da cave abre-se fazendo barulho e por ela passa a Abby. Ela encontra-se com um telemóvel perto da orelha e ignora completamente a nossa existência no espaço enquanto continua a falar.

- Sim, mas vem depressa! - o seu tom é autoritário. - Caso contrário, quando chegares eles estarão todos mortos!

  A voz da Abby ecoa pelo local e a Emily estremece nos meus braços.

- Tem calma. - sussurro e afago o seu cabelo. - Vai ficar tudo bem.

  Seja quem for a pessoa com quem ela está a falar, deve ser alguém próximo de nós. Alguém que ficaria abalado o suficiente com esta ameaça ao ponto de fazer o que quer que seja que ela quer.

  Ela não diz mais nada e também não me parece que a pessoa do outro lado da linha também tenha tido tempo de o fazer. Mal acaba de falar a Abby desliga o telemóvel e volta-se para nós.

  Os seus lábios estão moldados num sorriso cínico, que cada vez me irrita mais. O seu corpo assume uma postura estilo militar, com as pernas ligeiramente afastadas e os braços cruzados. Ela encara-nos por breves segundos e depois solta uma gargalhada monstruosa.

The Guardian - The Discovery of a New World (Livro 2)Where stories live. Discover now